
OS BARES DA MINHA TERRA
O Aurélio nos dá o significado de que bar é o “estabelecimento comercial onde se servem bebidas num balcão e ou pequenas mesas; botequim, boteco, café”. Mas na sua essência um bar é mais que isso, é onde pessoas passam a se conhecer, lugar de encontros e desencontros, lócus de convivência onde coisas acontecem. Assim são os bares, alguns famosos outros anônimos, mas sempre importantes para a vida das pessoas.
O que seria do filme Casablanca se não fosse o Rick's Café American? É lá que toda a trama se desenvolve. E o Homer Simpsons se não existisse o Moe's Tavern, ponto de encontro dos perdedores de Springfield, onde ele ia aplacar as suas angústias provocadas pelas suas frustrações?
Talvez as crônicas dominicais do imortal João Ubaldo Ribeiro não tivessem a mesma ironia se não houvesse o tão famoso Boteco do Leblon. Assim são os bares!
Coaraci também teve e continua tendo seus pontos de encontros de amigos, lugar de bate papo, de cerveja gelada e de manifestações artísticas e culturais. São tantos, entre famosos e anônimos que citarei apenas três deles. O Jazz Bolacha, o mais famoso de todos, com mais de meio século de existência sempre uma instituição presente na vida de várias gerações. Como se numa hereditariedade de pai para filho, foi assim comigo e com muitos da minha geração. Lembro-me de seo Joaquim, pai do meu amigo Zé, ele era a alma do Bolacha. Das músicas que lá eram cantadas por amigos e companheiros que sempre achavam tempo para se encontrar e render homenagens à boa música, principalmente a Música Popular Brasileira.
Hoje, desde muito, o amigo Ivo vem mantendo o maravilhoso e velho Bolacha com o amor e a alma de um bom rei que sabe cuidar não apenas do seu reino, mas, principalmente dos seus súditos. A Toca, bar marcante para uma geração de amigos, lá se ouvia boa música nas vozes afinadas de Nái Amorim, dos irmãos Soares, Fábio e Luciano, o toque refinado do violão de Valdir Amorim e de tantos outros que por lá passaram. Sem falar nas excepcionais mostras de som que eram feitas. Uma verdadeira confraria! E por último, o Banana Café ou simplesmente o Bar de Maria, também remanescente da Toca. Um caldeirão de cultura que dispensa comentários. Cheio de gente bonita de papo agradável e de belíssimas obras de arte nas paredes. E o mais importante, o calor humano e o sorriso alegre da grande amiga Mary.
Pois é, amigos, assim são os bares da minha terra.
Carlos Bastos Junior (China)
Janeiro de 2011
SER “BOLACHEIRO”
No último dia 24 de abril comemorou-se o 57º aniversário do Jazz Bolacha, como sempre, uma festa que reúne amigos e bolacheiros de várias gerações, que vem de diversos lugares. Foram momentos de grandes alegrias e comunhão de uma turma que só pensa em “viver e não ter a vergonha de ser feliz”.
No dia anterior, sábado, aconteceu uma prévia do que nos aguardaria. Vimos o desfile de talentos da velha e da nova geração de artistas coaracienses. Capitaneados pelos já consagrados Valdir e Nai Amorim e o brilhante Roger Povoas, a nova geração deu um verdadeiro show, com a versatilidade dos grandes cobras da música, principalmente os irmãos, aprendizes de feiticeiros dos instrumentos, Ícaro e Anderson, netos do inesquecível Silvino Guarda, além do vocalista Washington, que sabe usar magnificamente a sua voz como um instrumento musical. Simplesmente fantásticos!
No dia seguinte, ápice das comemorações, foi tão arrasador que dispensa comentários,
Mas não é sobre o Bolacha que quero discorrer, pois muito já se falou e escreveu sobre esse lócus álacre que tem na figura do dono, Ivo, a sua maior expressão.
Poucas vezes foram feitas menções à figura do bolacheiro Paixão Barbosa, bolacheiro de primeira grandeza, define de forma bastante fiel e o espírito dos assíduos frequentadores do Jazz Bolacha. “Ser bolacheiro é quase um estado de espírito. É ser alegre, irreverente, não ter pressa, saber contar, e ouvir, piadas e histórias, (verdadeiras ou não). Gostar de beber é importante, mas não essencial. Fundamental é gostar de música, seja para cantar ou apenas ouvir. Também é fundamental não se importar com a classe social ou capacidade financeira dos amigos...” Definição de um mestre!
O bolacheiro é, antes de tudo, um cínico, não no sentido pejorativo do termo, mas um cínico como o discípulo de Sócrates, o filósofo Antístenes, para o qual a verdadeira felicidade está conectada aos estados da alma e não pelo excesso de bens materiais.
Ser bolacheiro é ser um anarquista como o filosofo William Godwin, nunca pela a ausência de ordem, mas por não aceitar a coerção. É ser livre no corpo e na mente.
Ser bolacheiro é ser apaixonado pela vida e vivê-la intensamente, é sentir o prazer nas coisas mais simples e compartilhar com os confrades naquele edifício de tábuas, inclinado qual a Torre de Pisa.
Ser bolacheiro é ser mais do que simples frequentador de um espaço etílico cultural, é ser parte do corpo vivo da instituição Bolacha.
O bolacheiro é libertário, irreverente e solidário, sabe ser critico sem ser cáustico nem sarcástico, mas terno.
Por fim, ser bolacheiro é ter o orgulho de ser frequentador daquele palácio de madeira e piso de terra batido, onde não há reis nem súditos, apenas amigos que gostam de estar sempre juntos, compartilhando alegrias e até tristezas.
Carlos Bastos Junior (China)
JAZZ BOLACHA, 58 ANOS
Existem momentos mágicos que deveriam ser eternizados, e um deles é aniversário do Espaço Cultural Jazz Bolacha. Neste ano, ao completar 58 anos de existência do Bolacha as comemorações não foram diferentes das dos anos anteriores.
Num curto período de dois dias a magia se apossou daquele pequeno edifício inclinado, de madeira e com piso de terra batida, fazendo irradiar toda a alegria do mundo num mesmo espaço. No primeiro dia das comemorações, como acontece há 12, anos foi servida uma feijoada, patrocinada por aquele que os céus escolhera para por no mundo no dia anterior ao que poria o Jazz Bolacha. Talvez por uma forte predestinação calculada e não apenas por um mero acaso do destino. Refiro-me ao grande amigo bolacheiro Gilson (Bigorna) Salmeiro. Feijoada essa, sempre acompanhada ao som dos talentosos músicos ilheenses que sempre prestigiaram o Jazz Bolacha e principalmente o bolacheiro Gilson. Ator dos mais importantes dessa produção festiva, Bigorna é a materialização do sentimento que grassa nesses dois dias de comemorações. É pura emoção de criança ao sentir-se nos braços da alegria e da felicidade. No segundo dia, foi o ápice, quando os deuses desceram do Olimpo à terra para conferir a alegria e a satisfação daquela gente que bebia, cantava e dançava pelo simples prazer de ser feliz. Tais divindades se encantaram com uma plêiade de músicos que tiravam sons divinos dos seus instrumentos. Eram semideuses tocando e cantando para os mortais se divertirem. Entre eles se destacavam o decano e lendário Roger Povoas, os mestres Nái e Valdir Amorim e os magníficos Icaro Ribeiro, Elinio Santos de Oliveira, Washington Câmara Florêncio, Kaíque Donato (de Itororó) e Anderson Ribeiro. As comemorações do aniversário do Jazz Bolacha transcendem a tudo, numa magia quântica, uma energia tão mágica, tão esplendida! Parabéns ao Jazz Bolacha! Parabéns a todos os bolacheiros e visitantes que fazem desse pedaço de chão único no mundo!
Carlos Bastos Junior (China)
JAZZ BOLACHA, 58 ANOS.
Existem momentos mágicos que deveriam ser eternizados, e um deles é aniversário do Espaço Cultural Jazz Bolacha. Neste ano, ao completar 58 anos de existência do Bolacha as comemorações não foram diferentes das dos anos anteriores.
Num curto período de dois dias a magia se apossou daquele pequeno edifício inclinado, de madeira e com piso de terra batida, fazendo irradiar toda a alegria do mundo num mesmo espaço. No primeiro dia das comemorações, como acontece há 12, anos foi servida uma feijoada, patrocinada por aquele que os céus escolhera para por no mundo no dia anterior ao que poria o Jazz Bolacha. Talvez por uma forte predestinação calculada e não apenas por um mero acaso do destino. Refiro-me ao grande amigo bolacheiro Gilson (Bigorna) Salmeiro. Feijoada essa, sempre acompanhada ao som dos talentosos músicos ilheenses que sempre prestigiaram o Jazz Bolacha e principalmente o bolacheiro Gilson. Ator dos mais importantes dessa produção festiva, Bigorna é a materialização do sentimento que grassa nesses dois dias de comemorações. É pura emoção de criança ao sentir-se nos braços da alegria e da felicidade. No segundo dia, foi o ápice, quando os deuses desceram do Olimpo à terra para conferir a alegria e a satisfação daquela gente que bebia, cantava e dançava pelo simples prazer de ser feliz. Tais divindades se encantaram com uma plêiade de músicos que tiravam sons divinos dos seus instrumentos. Eram semideuses tocando e cantando para os mortais se divertirem. Entre eles se destacavam o decano e lendário Roger Povoas, os mestres Nái e Valdir Amorim e os magníficos Icaro Ribeiro, Elinio Santos de Oliveira, Washington Câmara Florêncio, Kaíque Donato (de Itororó) e Anderson Ribeiro. As comemorações do aniversário do Jazz Bolacha transcendem a tudo, numa magia quântica, uma energia tão mágica, tão esplendida! Parabéns ao Jazz Bolacha! Parabéns a todos os bolacheiros e visitantes que fazem desse pedaço de chão único no mundo!
Carlos Bastos Junior (China)
PRECE DO BOLACHEIRO
Oremos!
Pela cerveja e pela cachaça
encontradas no jazz bolacha.
Pelo som da guitarra e do violão,
tocando rock in roll, mpb,
samba e baião,
interpretados pelos
artistas da instituição.
Venha a nós o copo cheio,
seja satisfeita a nossa vontade,
todos os dias de segunda a domingo,
de janeiro a janeiro até a eternidade.
Que o mé nosso de cada dia
seja servido no balcão.
Perdoai as bebedeiras
de mau jeito da moçada,
assim como nós perdoamos
quando acaba a cachaça,
e a cerveja não está bem gelada.
E não nos deixe cair
quando estivermos bêbados,
ou escornados nos cantos do bar,
livrai-nos do porre e da ressaca.
Que o Jazz Bolacha
continue abrindo suas portas
por mais 60 anos,
que todos os bolacheiros
continuem se confraternizando
nos meses de abril,
dias 21 e 22, quando comemora-se
o aniversário do Jazz Bolacha e
o descobrimento do Brasil.
Amém!
Adaptação de Paulo SN Santana
CONFRARIA DO RENATO
Texto de PauloSNSantana
Confraria é uma reunião de amigos. Portanto, “confraria do Renato” é um grupo de amigos que se reúne dentro de um relacionamento fraterno para degustarem, discutirem, comentarem politica social, enfim, apreciarem uma boa cerveja.
Como manda o estatuto de uma confraria o grupo é limitado e o consumo de bebidas é moderado.
Nos dias de reunião todos bebem cervejas, comentam e criticam uma infinidade de temas, entre eles a politica e o futebol…
Embora os temas sejam diversos, a politica é a mais comentada, os confrades são politizados. Alguns são de esquerda, de centro, ou de direita, possibilitando uma discussão que estende-se por horas.
Às vezes alguns ficam exaltados, mais nada que não se resolva com novos goles de cerveja gelada.
Outro fator positivo é que não ha fumantes, nem políticos no recinto, embora o clima seja democrático, e se discuta socialismo, comunismo e ditadura.
Para consumir existem mais de cinco opções de cervejas entre as alemãs, belgas e brasileiras, e como tira gosto é servida uma carne de sol com aipim, quibe, ou fritas. As horas costumam correr ali, período no qual se tem assunto para escrever um best-seller.
Fala-se do Vasco, time do proprietário, também do Flamengo, do meu Bahia, do Fluminense, da Seleção Brasileira, etc. É papo cabeça, sem abobrinhas muito menos preconceitos, são momentos de descontração e controvérsias.
Um dia quem apareceu foi Aderbal, aquele que atuou como juiz de futebol, e de futsal no CSU, trazendo com ele a sua memoria fantástica, lembrando de detalhes do passado, daquelas bandas.
Outro que chegou quando estávamos conversando sobre a fraquíssima relação entre Governo Estadual e Coaraci, nos últimos 61 anos foi Décio, posteriormente Nino Torquato.
Décio discordou da afirmativa, contrapontuando, e com isso abriu-se uma acirrada discussão sobre obras, convênios, e prefeitos que mais atuaram para o desenvolvimento de Coaraci.
Depois de um Intervalo para mais um gole, o papo continuou, com Eduardo Albuquerque Brandão, apresentando uma polêmica sobre a inflação dos preços dos bens de consumo, ele também nos contou uma histórica dos anos de sua mocidade:
-Nós estávamos conversando sobre financiamentos de automóveis importados, quando ele contou que no passado em sociedade com amigos compraram um carro importado. Aderbal sabia até a marca do automóvel, e Washington confirmou o fato. Eduardo lembrou-se até dos nomes de todos os sócios da máquina. Quando Eduardo, que não é adepto de bebidas alcoólicas, pediu licença e saiu, o papo continuou a todo o vapor sobre o pré-sal, os malefícios e benefícios do porto sul, a vassoura de bruxa, a crise do cacau, os agricultores coaracienses, os financiamentos do Banco do Brasil, etc.
Mais tarde a mesa já acumulava cervejas vazias, e após muitas idas e vindas ao banheiro, com fome e com o estoque de temas esvaziado, batemos o martelo e encerramos a conta de mais um encontro, sem maiores conclusões, mas com todos ainda sóbrios o suficiente para ir para casa, sem esquecer é claro de agradecer ao proprietário pela paciência com que nos aturou todo tempo que ali estivemos.