
CINEMA, IMPRESSOS, E TEATRO RADIO, TELEVISÃO E MUSICA
A IMPORTÂNCIA DO CINEMA NA HISTÓRIA DE COARACI
Um tempo diferente - Num tempo onde não existia televisão, computador, telefone, a estrada Coaraci-Itajuípe era uma trilha em meio ao matagal um meio de diversão e lazer marcou forte presença no nosso até então povoado de Macacos. O cinema representou um lazer de enorme importância, principalmente nos finais de semana, onde pessoas vinham de toda a região para assistir a algum filme ou seriado. Coaraci teve três cinemas ao longo de sua história, um deles o Cine Teatro Coaraci foi considerado uma obra avançada para a vila, inclusive o seu projeto seguiu linhas do Cine Teatro Ilhéus, localizado na sede do município na oportunidade. Os filmes chegavam por aqui através das linhas de marinetes e posteriormente pelos ônibus da Sulba que ligavam Coaraci à Ilhéus. Eram exibidos num dia e reprisados no outro, ressaltando a importância das matinês que eram reservadas ao público com idade a partir dos 7 anos e eram realizadas nas tardes de domingo. Crianças estas que desde as primeiras horas da tarde já se encontravam nos arredores dos cinemas a espera da seção.
Alípio de Souza Guerra, ele trouxe o cinema à Coaraci - Por volta do ano de 1925, cerca de seis anos de fundado o povoado que deu origem a Coaraci que conhecemos hoje, na região onde tudo começou próximo ao Jardim Beira Rio, chegava a pequena localidade um cidadão chamado Alípio de Souza Guerra. Ele que ao longo de seu estabelecimento se dedicou ao transporte de mercadorias em canoas pelo curso do rio Almada e ao comércio através da loja “A Sergipana” adquiriu em sociedade com José Bento a obra da construção do primeiro cinema de Coaraci das mãos de um cidadão de Pirangi (hoje Itajuípe). O prédio situava-se nas proximidades onde hoje encontra-se instalada a Móveis Star (Foto atual ao lado), a este cinema foi dado o nome de Rio Branco.
Starplex Cinemas - O cinema mais próximo de Coaraci
Como Coaraci sofreu com a crise do cinema no Brasil tendo perdido a sua única sala de exibição para o funcionamento de uma igreja, passamos um bom tempo sem a atração da grande tela, até que em 2001 foi inaugurado o Starplex Cinemas no Shopping Jequitibá em Itabuna, com duas salas de exibição nos novos padrões do cinema mundial, fato que trouxe de volta a magia do cinema para a região, contudo inacessível para muitos, devido ao custo dos ingressos e também do deslocamento em 40 Km para o município de Itabuna. O Starplex Cinemas traz sempre lançamentos em rede nacional de exibição gerando nos espectadores locais uma grande expectativa em torno da 1ª sessão. O complexo é formado por duas salas, cada uma com 230 lugares, uma área para venda de guloseimas e muita pipoca e um pátio de entrada dotado de vários cartazes dos futuros lançamentos.
Cinema - A imagem em movimento
Foi em Paris, França, que ele foi criado. Muitos inventaram formas de dar movimento à imagem, outros inventaram formas de projetar o filme em paredes ou telas, mas foram os irmãos Lumière, em 1895, que estabeleceram a preciosa relação entre filme e espectador, assumindo assim, sua paternidade. O advento do cinema ocorreu com os cinescópios. Bastava pôr um centavo numa fenda e olhar por um visor para deliciar-se com Fátima, a dançarina do ventre que causou sensação na época. E quem poderia imaginar que a novidade se tornaria a maior indústria de entretenimento que o mundo jamais conheceria e a nova forma de arte do século XX?
Hollywood dominou a indústria cinematográfica mundial desde os anos 20, mas não foi – e não é – o único produtor em um mercado verdadeiramente global. Graças à enorme gama de produções de mais de 50 países, com filmes tão diversificados quanto às culturas que os geram, o cinema é a arte mais internacional e a indústria que absorve cada vez mais nações.
Atualmente, a indústria cinematográfica mundial tem um novo grande desafio: a internet. O download digital de filmes e a exibição on-line tornaram-se uma realidade amaeaçadora, impulsionando a pirataria generalizada e o colapso do cinema. Hoje mais filmes vão às pessoas do que as pessoas vão aos filmes. E assim, a indústria cinematográfica vai aprendendo a se adaptar às novas tecnologias e ao novo mercado – formal e informal.
Ainda assim, apesar de tudo, seja num celular ou numa tela grande, é a qualidade do filme – direção, roteiro, cinematografia, atuação – que surpreende, provoca e delicia o público. Além do mais, nada supera a emoção coletiva de uma platéia!
Joana Cunha,Mestre em Multimeios e Artes, UNICAMP - São Paulo.
17 DE MAIO, DIA INTERNACIONAL DA COMUNICAÇÃO.
ANOS 60 - CRISE CULTURAL E COMERCIAL
NO BRASIL E EM COARACI
Texto adaptado por PauloSNSantana
Por volta de 1965, cerca de 20 mil coaracienses, já haviam deixado o município a procura de novas oportunidades em outros estados Brasileiros, com isso o cine teatro Coaraci transformou-se em um espaço inteiramente esquecido e representava apenas uma lembrança dos bons tempos em que as pessoas sentavam-se em suas poltronas para assistir bons filmes, namorar ou compartilhar boas prosas. Todos os esforços para manter o cinema vivo foram inúteis, mesmo quando apelaram pela exibição de filmes eróticos, apenas para adultos. Os tempos eram outros e o poder aquisitivo sofreu uma depressão violenta em cada bolso.
Fechado por muito tempo, o Cine Teatro Coaraci foi vendido em 1998 à Igreja Universal do Reino de Deus, e transformou-se em um templo religioso, que depois foi desativado e adquirido pela prefeitura Municipal de Coaraci. Hoje não existe cineteatro em Coaraci. O fim da fase áurea do cinema brasileiro não ficou restrito apenas a Coaraci, foi mais um reflexo da situação pela qual passou o país e o mundo, que sofreram grandes transformações a partir da década de sessenta.
Ilhéus também fechou o Cine Teatro Brasil, o Cine Conquista e o Cine Santa Clara. Nessa mesma época, Salvador, a Capital Baiana, foi ficando sem suas salas de projeção, pois fecharam o Cine Guarani, o Cinema Excelsior, o Cine Pax, o Cine Rio Vermelho, o Cinema Roma, os Cines Arte 1 e Arte 2, o Cine Capri, o Cine Popular, o Cine Aliança, o Cinema Tupi, além do importante Cine Teatro Jandaia, onde se apresentavam grandes músicos e cantores do eixo Rio, São Paulo. O Centro Comercial de São Paulo por exemplo, ficou sem 25 dos 28 cinemas que existiam lá. Essa transformação não atingiu apenas o laser da população, proporcionou grandes prejuízos ao comercio da Rua Rui Barbosa em Coaraci, que perdeu o encanto de suas lojas, e dos pioneiros. O mesmo aconteceu com a Rua Marquês de Paranaguá e da Dom Pedro II, em ilhéus, com a Avenida Cinquentenário em Itabuna, com a Baixa dos Sapateiros, Rua Chile e seu tradicional Palace Hotel, esvaziou-se a Praça da Sé, a Avenida Sete de Setembro, a Ladeira do Hotel São Bento e até na Capital de Paulista passaram a ser vistos vendedores ambulantes com esteiras estendidas, e barracas cheias de mercadorias espalhadas na Rua Direita, na Rua São Bento, na Barão de Itapetininga e arredores, onde antes era impossível colocar um alfinete. Na Bahia a população cresceu a cada instante e novas Escolas e Faculdades surgiram a cada mês ocupando espaços e mudando o comportamento da população. A cacauicultura depressiva fechava a partir de 1970, de nove a dez postos de venda de cacau por mês. O recôncavo baiano fechou toda sua indústria fumageira, e todas as usinas de açúcar, aumentando criticamente o desemprego na região, o que obrigou milhares de pessoas a migrarem para as grandes cidades à procura de trabalho.
Fonte Livro Coaraci Ultimo Sopro de Enock Cerqueira.
A DÉCADA DE 70 – “COMEÇA A DECADÊNCIA
CULTURAL DE COARACI”
A década de 70 já mostrava uma Coaraci inteiramente desvinculada de seu passado. Parques não conseguiam atrair a atenção da população, e sem os cinemas, sem futebol, sem as corridas de cavalo, sem os clubes sociais, sem a presença de seus grandes pioneiros, sem os estudantes enchendo e circulando pelas ruas e praças, era o símbolo da tristeza. Os dois tradicionais serviços de alto-falantes, “A Voz do Comercio”, de Oscar Araújo, “A Voz da Liberdade”, de Helvécio Lemos e mais tarde o “Cacique do Ar, de Jaimilton de Campos Ribeiro, de fundamental importância nos destinos de nossa história, também já eram passado, fazendo com que os bares espalhados pela nossa zona central fossem também fechando as suas portas, cada vez mais cedo, até encerrarem definitivamente suas atividades.
“HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DO IMPRESSO EM COARACI”
O jornalismo impresso em Coaraci, como em outras cidades da região cacaueira, passou, e ainda passa, por diversos tipos de discriminações e pressões externas. Dados precisos em relação ao impresso na povoação não são facilmente encontrados, mas, informações com fundadores e colaboradores faz a história do impresso na cidade.
Fazendo uma cronologia, o primeiro jornal segundo Enock Dias em seu livro Coaraci: o último sopro, foi o jornal Era Nova que surgiu por volta de 1954 a 1955. Pessoas como Italício Ramos e José Sobrinho tiveram uma parcela significativa dessa manifestação cultural na comunidade. Na lembrança dos residentes da cidade e fundadores dos posteriores periódicos, o próximo jornal foi O arauto, mas não se tem qualquer registro deste, a única coisa sabida é que o mesmo foi fundado entre o final da década de 1960 a 1970.
A Centelha, 3º jornal coaraciense foi criada na década de 1980. O Jornal foi pensado por um grupo de amigos, militantes de movimentos de esquerda em Salvador. O periódico a princípio surgia como um instrumento cuja finalidade era preencher um espaço vazio onde não tivesse um órgão de imprensa independente, livre, e que mostrasse a situação real do que estava acontecendo na cidade, e até na região, que pudesse ajudar na transformação da sociedade local. A Centelha teve apenas cinco edições lançadas sem sucesso posterior por dificuldade de apoio financeiro já que a mesma fazia parte de um partido oposto ao governo da época que era o do prefeito da cidade Antônio Lima de Oliveira.
Em seguida, no início da década de 1994, surge o Jornal Vivo pertencente a José Roberto Marfuz, o mesmo possuía periodicidade mensal e sobreviveu durante dois anos. O propósito do jornal, segundo uns de seus colaboradores, Carlos Maia, era ser um meio de comunicação independente para divulgar os assuntos da população coaraciense e por falta de apoio financeiro o jornal não seguiu a diante.
Em 1996 surge A Folha do Almada, que pertencia Carlos Maia, antigo colaborador do Jornal Vivo surgiu também na época da gestão do prefeito Joaquim Miguel Gally Galvão (Gima) e durou até o final do governo.
Houve também jornais realizados pela área da educação, o primeiro deles foi no ano de 1997, a Folha Estudantil e pertencia ao Colégio Municipal de Coaraci (CMC). O diretor de imprensa, na época LEITE, lembra que o jornal muitas vezes era manuscrito em matriz para que as cópias fossem feitas através do mimeógrafo para então ser distribuídas.
O Jornal Colegial foi fundado no ano de 1998 e durou até 2000, os alunos do Colégio Educandário Pestalozzi (CEP) eram os responsáveis pelo periódico, liderados pelo presidente do grêmio estudantil, Rodrigo Leite o também responsável pela Folha Estudantil do CMC. Com o amadurecimento do periódico e a candidatura do professor de matemática do CEP, Elivaldo Henrique dos Santos Reis, os alunos resolveram utilizar o seu meio para apoiar a campanha do seu mestre.
Em março do ano 2000 mais um jornal aparece na cidade, o Tribuna Regional pertencente a Evandro Lima Alves, com tiragem de 3.000 exemplares e circulava por toda região cacaueira. As principais dificuldades foram decorrentes da falta de apoio do executivo na cidade, Evandro foi obrigado a abandonar o projeto.
Em 2001 com vitória da eleição para prefeito por Elivaldo, surge a Folha da cidade, fundado por Rodrigo Leite. Mesmo sendo apoiado pela prefeitura o periódico passou por dificuldades e deixou de ser veiculado de maio de 2003 até agosto de 2006.
No retorno, a Folha da cidade voltou à ativa com a mesma identificação comercial, mas com outro nome, Folha Mix, nesse momento, o jornal ainda passava por crises, mas desta vez não possuía mais nenhum financiamento da prefeitura. A Folha Mix recentemente mudou novamente de nome, agora, foi para fazer uma analogia ao site do grupo, o Portal Mix, agora A Folha recebeu o nome Folha do Portal Mix.
Há ainda uma perseguição em relação à imprensa em Coaraci, não respeitam ou não aceitam a política de liberdade na cidade. As notícias que possam prejudicar alguém ou alguma instituição são altamente criticadas pelos “coronéis” da comunidade.
E agora, com o intuito de proporcionar a cidade uma nova oportunidade, surge o Caderno Cultural de Coaraci, um jornal com o conteúdo de caráter cultural que trará para nossa comunidade informações sobre as manifestações culturais refletidas na realidade coaraciense.
Lucilene Soares de Souza, graduanda de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo pela UNIME—ITABUNA.
O fim do jornal impresso?!
Há muito tempo existem discussões acerca do tema. Será que o avanço tecnológico dos meios midiáticos afetará o impresso?
Acredito que não. Hoje o veículo impresso possui uma maior cobrança em relação à escolha do conteúdo a ser divulgado, pois a concorrência é grande e ele precisa garantir sua aceitabilidade pelo público.
Os meios midiáticos, por terem a facilidade de adentra-se no cotidiano dos indivíduos e noticiar fatos num espaço tão curto de tempo, têm a facilidade de promover ideias, de formar opiniões. A internet traz em mãos a notícia de última hora, o espaço tornou-se elástico permitindo essas vantagens.
O internauta fica informado em questão de segundos e isso é bom. Mas, é no jornal impresso que o leitor encontra a notícia mais detalhada, pois, o tempo para a realização das reportagens e notícias é maior. Isso não é possível com a internet, apenas depois de algum tempo que os sites e blogs vão adaptando a notícia, acrescentando informações. O ser humano precisa da notícia concreta, completa e é isso que o jornal faz. O impresso complementa as notícias que são dadas pela TV, rádio e internet, e assim, não somente informa ao leitor, ensina.
E assim, o impresso vai vivendo, inovando..
Lucilene Soares
A IMPORTÂNCIA DO RÁDIO PARA COARACI
Com a chegada da energia elétrica em Coaraci, o radio tornou-se um importante programa de lazer para os moradores, que davam preferência a vistosos aparelhos, com muitas faixas, era colocado em lugar de destaque na sala de visitas. Essa preferência crescia sempre que novos moradores deixavam suas fazendas, para morar em Coaraci. Por volta de 1940, e por mais de 25 anos o radio tornou-se um companheiro inseparável de cada família. As emissoras, de outros estados do Brasil, chegavam através das ondas curtas e longas sem interferência, ficavam no ar durante seis, oito, dez ou mais horas consecutivas. Ouvia-se com qualidade as rádios Nacional, Tupi, Difusora, Bandeirantes, Nove de Julho e Record, Tamoio, Ministério da Educação, Mayrink Veiga e Nacional. O programa mais aguardado era A VOZ DO BRASIL, programa do governo federal e considerado maior informativo da época. Ao transitar pelas ruas centrais e as mais afastadas da cidade, podia-se sentir a força que o rádio exercia sobre os coaracienses, especialmente a radio Nacional. Emilinha Borba e Marlene tinham um fã-clube em Coaraci.
COARACI E O CINEMA
Coaraci provavelmente não existiria, ou então ficaria limitada a uma pequena comunidade como Inema, Bandeira do Almada ou Itamotinga se não tivesse irrompido a Revolução de 30 através de Getúlio Vargas. Essa Revolução nomeou Eusínio Lavigne para prefeito de Ilhéus na condição de intendente, que logo escolheu Juvêncio Peri Lima, em 1931, para administrar uma pequena comunidade urbana chamada de Beira do Rio por uns, e Macacos, por outros. Dez ou doze casas já existiam na atual Praça Getúlio Vargas, além de várias outras localizadas no alto de um morro de sentido norte-sul, entre a margem direita do rio e a atual Avenida Juracy Magalhães. Dentre estas casas, estava uma de sólida estrutura que comportava com facilidade todos os habitantes da pequena localidade: era o Cine Branco adquirido numa fase inicial de construção por Alípio de Souza Guerra em sociedade com o sergipano José Bento.
As primeiras exibições, sempre de curta-metragem, aconteceriam por volta de 1933, e mesmo na fase de cinema-mudo tinha sempre a lotação esgotada, em decorrência das várias fazendas em plena produção de cacau, situadas no entorno do povoado. As primeiras películas se concentravam nas comédias de Carlitos, representado pelo ator Charlie Chaplin (1889-1977) sempre coadjuvado pelos irmãos Marx: Harpo (1892-1964); Groucho (1895-1977); Zeppo (1901-1979) e Chico (1891-1961), além das películas do Gordo (Stan Laurel) e o Magro (Oliver Hardy).
O Cine Rio Branco, espaço atualmente ocupado pela loja - Móvel Star, não era confortável, as projeções não eram boas, além da precariedade das acomodações.
O cinema falado viria em pouco tempo, e trouxe muito mais paixão ao público que se concentrava com bastante antecedência nas imediações do teatro aguardando o início das projeções. Nomes como Tom Mix, Roy Rogers e Gene Autry começavam a ficar gravados na memória dos apreciadores, especialmente os homens, que se empolgavam com a qualidade e desempenho dos cavalos. Assaltos a banco, às diligências e roubos de gado aconteciam em quase todos os faroestes, mas ninguém se importava. Era a lei se sobrepondo ao crime. Embora os faroestes predominassem, os românticos começavam a empolgar, especialmente o público feminino que suspirava ao ver Robert Taylor, Franck Sinatra, Gregory Peck, Humphrey Bogart, Tyrone Power, Richard Montalban, Victor Mature, Errol Flynn, Clark Gable, James Stuart e centenas e centenas de outros imortais de presença constante nas telas . Quem residia nas fazendas da Lagoa, das Duas Barras, da Ruinha dos Três Braços e da Garganta (São Roque) não se incomodava em enfrentar, em plena noite, longas caminhadas de volta às suas residências. Cinema era uma espécie de obrigação de boa parte da população do distrito.
O Cine Teatro Coaraci iniciou as suas projeções por volta de 1944. Possuía máquinas e instalações de qualidade bem superior aos do Rio Branco. Boa parte dos filmes continuava de curta-metragem, embora as grandes produções já fossem produzidas por. Estados Unidos, Inglaterra, França, México, e aqui exibidas.
A partir de 1949, juntou-se aos apreciadores da sétima arte o Cine Glória, em pleno Ruy Barbosa, bem em frente da residência de Joaquim Henrique dos Santos, irmão de Valdivino. Josias José de Souza, Deus Dará, Esmeraldo Quadros, Roldão, Zuca Quadros, Peixoto, também tinham casas nas proximidades.
Coaraci assistiu nas suas telas o que de melhor se produziu na fase de ouro do cinema: Rainha Cristina (1934); Anna Karenina (1935); Carga da Brigada Ligeira (1936); Jesse James (1938); O Vento Levou (1939); Casablanca (1942); Por Quem os Sinos Dobram (1943); Virtude Selvagem (1946); O Capitão de Castela (1947); Os Três Mosqueteiros (1948); Fúria Sanguinária (1949); Gavião e a Flecha (1950); Quo Vadis (1951); Rainha Tirana (1955); Rastros de Ódio (1956); Crepúsculo de uma Raça (1964), onde 24 atores de primeira linha desempenhavam brilhantemente seus papeis. Em meio aos anos de 1970, cinema lentamente deixou de fazer parte do divertimento da sociedade, não apenas em Coaraci, mas em todo o mundo. Para os que gostaram, restou apenas a lembrança de um Kirk Douglas, Henry Fonda, Anthony Quinn, Charles Starret, Basil Rathbone; Richard Widmark, John Wayne, Charles Heston, e muitos outros nomes que poderiam encher milhares e milhares de páginas sobre a mais importante arte da história da humanidade.
Enock Dias de Cerqueira
Patrimônio Histórico e Cultural, o ontem, o hoje e o amanhã.
“… os homens mais sábios do mundo são os que conhecem Zora de cor. Mas foi inútil a minha viagem para visitar a cidade: obrigada a permanecer imóvel e imutável para facilitar a memorização, Zora definhou, desfez-se e sumiu. Foi esquecida pelo mundo.” Ítalo Calvino, As Cidades Invisíveis.
Eis que surge um instrumento que é mais amplo do que uma proposta, mais concreto que do um desejo e mais significativo do que o simples fazer. É a tentativa do resgate cultural de uma cidade que foi, é e será um celeiro de artistas e intelectuais respeitáveis. Esse instrumento é o Caderno Cultural de Coaraci.
Segundo o antropólogo inglês Edward B. Tylor, a cultura é “aquele todo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e aptidões adquiridos pelo homem como membro da sociedade”.
Diante desse conceito genérico e aproveitando esse valioso veículo de disseminação da cultura coaraciense nos seus mais diversos segmentos, devemos avançar no sentido de garantir uma política de patrimônio cultural para o município.
Pontuar os nossos marcos e símbolos será a condição primordial para que o nosso futuro não reduza o nosso passado a apenas um esforço de lembranças das nossas mentes.
Isso se efetiva com a criação de uma legislação de proteção ao patrimônio histórico no âmbito municipal e de políticas públicas para preservar o que já existe e resgatar parte da nossa história, pois o patrimônio é a nossa herança do passado, com que vivemos hoje, e que passamos às gerações vindouras.
Esse patrimônio pode ser de caráter natural (parques, jardins e florestas), artístico (obras de artes), paisagísticos e arquitetônicos (construções) e patrimônio cultural imaterial/intangível (expressões e manifestações culturais e as tradições).
Deve-se ainda, criar e/ ou atualizar uma Legislação de Ordenamento e Ocupação do Uso do Solo onde se disponha de parâmetros que orientem as intervenções urbanísticas com o intuito de proteger as áreas com características culturais, paisagísticas e sócio ecológicas, não permitindo assim que Coaraci se transforme numa Zora, a cidade invisível de Ítalo Calvino.
*Carlos Bastos Junior (China)
Certa época, de um ano que não me lembro, a chuva começou a castigar a cidade e provocou uma enchente. O rio Almada, parte do mundo dos dois amiguinhos, começou a encher além dos limites da sua capacidade e transbordou. Com correntezas fortes e redemoinhos potentes o céu transformou-se em inferno e tragou o amiguinho inseparável do seu Ambrosio para nunca mais devolvê-lo.
A alegria irradiante que fazia parte da vida daquele simples pescador transformou-se numa tristeza profunda. Nunca mais ele pegou sua canoa nem a sua tarrafa para pescar e o rio, antes bendito, virou um maldito para o mesmo.
Nunca mais tive noticias do seu Ambrósio.
A canoa e a tarrafa ficaram apenas na composição do nosso querido amigo e conterrâneo Dido Oliveira.
O rio Almada, assim como provocou o desaparecimento prematuro de um cãozinho também está desaparecendo. Espero que no futuro não seja apenas mais uma lembrança como é a história de seu Ambrósio e Você.
A qualidade dos filmes e das músicas
da Metro Goldwyn Mayer atraia um público seleto em Coaraci.
A qualidade dos filmes e o desempenho de atores já conhecidos deixavam algumas vezes o espectador coaraciense confuso sobre a que filme assistir: Carga da Brigada Ligeira, produção de 1936, com Errol Flynn, Olivia de Havilland e Nigel Bruce, em exibição no cine Glória, ou Heróis Esquecidos, de 1939, protagonizado por Humphrey Bogart e James Cagney, em exibição no cineteatro Coaraci. Muitos já tinham seus atores prediletos, seus diretores, seu tipo preferido de filmes. Se a preferencia era pela dramaticidade, certamente se realizariam com Casablanca, de 1942, estrelando por Humphrey Bogart e Ingrid Bergman; ou então Servidão Humana, de 1943, com Leslie Howard e bete Davis;
As músicas da METRO GOLDWYN MAYER tinham também em Coaraci um público seleto, especialmente na população de maior nobreza motivado pelo virtuosismo de seus figurantes. Foram cenas gravadas com uma única câmara, o que tornava muito mais real os movimentos. Grandes astros do cinema e da música eram vistos e comentados nas ruas por suas grandes interpretações; Billie Holliday, Frank Sinatra, Benny Goodman, Judy Garland, Doris Day, Louis Armstrong, Ava Gardner, Nelson Eddy, além de filmes como: Desfile de Páscoa, de 1948, com Fred Astaire, fazendo dupla com Jdy Garland; ou então Núpcias Reais, de 1954, com Fred Astaire e Jane Powel;... Estes filmes, assim como todos os demais exigiam da fase de ouro de Hollywood, meses e meses de cansativos ensaios, não raro chegando à exaustão enquanto não atingissem a perfeição. O homem que sabia demais, produzido em 1956, esteve entre os mais lembrados em Coaraci. Nesse filme, a música “Que será, Será!” Interpretada por Doris Day contracenando com James Stewart, caiu na simpatia do povo, que logo produziu uma versão em português, e durante muito tempo foi cantada por nossos moradores e executada com frequência pelos serviços de alto-falantes da cidade, permanecendo no imaginário do coaraciense por muito tempo.
O TEATRO EM COARACI
Recentemente, a nossa conterrânea professora e poetisa Jailda Galvão há bastante tempo residindo no Rio de Janeiro, nos enviou uma mensagem parabenizando o Caderno Cultural ao tempo em que relembra os seus 20 anos aqui vividos, destacando a intensa atividade artística – cultural dos anos 60-70 em que teve participação ativa. Nesta oportunidade faz referência às apresentações teatrais onde a saudosa professora Aline Reis teve um papel importante como diretora teatral.
Portanto, o teatro desde muito tempo se fez presente entre nós, muito embora de forma amadorística, e a exemplo da professora Aline outras mestras também promoviam junto aos seus alunos o exercício desta nobre arte. Aliás, esta tradição continua até hoje no nosso meio haja vista, só para citar dois exemplos, as apresentações, normalmente no final do ano, das escolas Sagrada Família e Monteiro Lobato que primam pela qualidade na realização dos seus eventos.
Em meados de 1988 tivemos a primeira oficina de teatro em Coaraci numa parceria entre Fundação Cultural de Coaraci, Prefeitura Municipal e Fundação Cultural do Estado com duração de suas semanas onde contamos com excelente professor Jesus e a participação de mais de 100 alunos os quais nas duas apresentações de encerramento da oficina deram um verdadeiro show de talento. Logo em seguida formou-se o grupo de teatro da FUNDAC - Fundação Cultural de Coaraci, que resultou na realização da performance Navio Negreiro e do espetáculo teatral Palmas Para Que Te Quero ambos bastante aplaudidos.
A partir de 1989, já com a criação da secretaria de Cultura e Esporte de Coaraci novas oficinas se sucederam como duas do diretor Carlos Betão e outra Kal Santos, com o grupo de teatro da FUNDAC atuando sempre em várias oportunidades. Nesse mesmo período a realização de duas Semanas de Arte e Cultura na nossa cidade nos proporcionaram a presença de outros grupos de teatro provenientes de Ilhéus, Itabuna, Itajuípe, Buerarema, etc., que aqui encontraram uma boa recepção do nosso público.
Em 1996 a FUNDAC promoveu o 1° Festival de teatro de Coaraci contando com a presença de vários grupos os quais durante os três dias do festival mostraram as suas criações no palco do antigo Cine Teatro Ana. Depois desse evento novas oficinas aconteceram como a do diretor Pedro Mattos. Entretanto de um bom tempo para cá, com exceção das apresentações escolares e nas igrejas, sentimos a falta de novos grupos teatrais atuando em nossa cidade o que é lamentável diante desse nosso potencial tantas vezes demonstrado. Temos que discutir esta realidade com a comunidade artística local no sentido de encontrarmos novos caminhos para o desenvolvimento do nosso teatro.
Mas, diante da magnífica encenação da paixão de Cristo na sexta – feira santa deste ano realizado pela 1ª Igreja Batista de Coaraci com um profissionalismo poucas vezes aqui visto, fica a nossa certeza de que a chama do nosso teatro não se apagou e que ele pode ser retomado no nosso cotidiano. Talvez, a exemplo da construção do nosso ginásio de esportes em 1991 que deu nova vida ao esporte local, a criação de um espaço cultural mais adequado às apresentações cênicas possa dar um novo impulso à arte teatral.
Luiz Cunha
SERVIÇO DE AUTO FALANTE, TELEVISÃO E RÁDIO EM COARACI.
O recurso encontrado pelas pequenas e médias cidades do interior no sentido de dispor de um sistema próprio de comunicação interna foi a implantação de um serviço de auto falantes, os quais distribuídos ao longo das vias públicas, transmitiam uma variada programação a partir de um estúdio central.
Em Coaraci, essa história teve início em meados dos anos 40 com a criação da À Voz de Coaraci pelo comerciante e vereador local Oscar Araujo, funcionando até o início dos anos 50. Na sequencia, entre 1953 - 1956 tivemos A Voz da Liberdade de Elvélcio Lemos. De 1954 - 1960 surgiu a VIC (Voz Independente de Coaraci) de propriedade de Jaime Ribeiro Filho o popular Jaimilton. Entre 1959 - 1962 funcionou A Voz do Cacique de propriedade de Antonio Pereira a qual em 1962 foi adquirida pela Igreja Católica de Coaraci passando a chamar-se Difusora Coaraciense. Neste mesmo ano surge A Voz Fraternal de propriedade da primeira Igreja Batista que passa a disputar os espaços da cidade juntamente com a Difusora. Em 1964 a Difusora é adquirida por Glenildo Charlupp, ex-locutor da voz do Cacique e da Voz Fraternal que comanda o seu empreendimento ate 1967. É importante destacar que nessa época muitos desses serviços de comunicação além da sua programação normal também promoviam em seus estúdios e em outros espaços programas musicais ao vivo.
No final dos anos 60 surge O Jornal do Comercio de propriedade de Zavinho Cavalcante sendo em 1973 adquirido por Marcio José Farias o qual permanece até 1977 quando transfere para o novo proprietário Marcelo Marfuz que permanece até 1981. Tivemos ainda como outro proprietário Louro Mendes que vendeu seus equipamentos para Antenor Freitas em 1983. Este novo proprietário conduz o seu empreendimento denominado A Voz de Coaraci até 1993 vendendo neste ano para Vicente Leal que permanece até 1997, vendendo na sequência para Edson Galo passando a chamar-se Estação Terra do Sol, funcionando até 2009 quando foi adquirida pela CDL local, atual proprietária.
Tivemos ainda alguns serviços de bairros como na Feirinha e Maria Gabriela ambas sob o comando de Isnac. Também algumas instituições como o Centro Social Urbano (CSU) utilizavam de um serviço próprio de alto-falante para melhor divulgar seus eventos notadamente os esportivos.
A Televisão deu seus primeiros sinais em Coaraci no final dos anos 60 de forma bastante precária. A solução mais adequada só veio acontecer em 1974 no governo do prefeito Antonio Ribeiro Santiago. Através de um projeto ousado e para muitos impossível de ser realizado, este governante, atendendo aos reclames da população, empreendeu a instalação de uma repetidora de televisão no alto da serra da União Queimada onde, devido as dificuldades de acesso, todo material necessário como cimento, tijolos, posteamento para a instalação da rede elétrica etc., foi transportado de forma manual devidamente acompanhado pelo prefeito. Finalmente, após o término da obra, Coaraci passou a dispor de um sinal de televisão de melhor qualidade. A transmissão própria em radio FM surgiu entre nós no final dos anos 90 de maneira informal através das conhecidas “FMs piratas”. Foram varias, operando com uma programação regular, mas, diante das dificuldades em serem legalizadas terminaram fechadas. O grande marco da rádio difusão local foi a criação em 2004 da FM Comunitária Terra do Sol fundada por Edson Galo e Carlos Fernandes que continua até hoje funcionando e prestando relevantes serviços à nossa comunidade.
Luiz Cunha, lcunha.ssa@gmail.com
OBS: Nossos agradecimentos aos senhores Augustinho Reis, Alfeu Amaral, Ricardo Reis, Marcio José Farias, Glenildo Charlupp, Antenor Freitas, Edson Galo e a Selma Santiago pelas informações com as quais foi elaborado este texto.
A TELEVISÃO A PARTIR DE 1960 FOI OCUPANDO O SEU LUGAR.
O programa Repórter Esso, na voz de Herón Domingues era apresentado às 8h00, as 12h55m e às 20h00.
Domingues não se cansava de repetir que o Repórter Esso era o testemunho ocular da história, tal a credibilidade que possuía em todas as esferas da sociedade brasileira.
Qualquer atividade era logo interrompida para que toda família assistisse suas noticias. As noticias chegadas da Segunda Guerra, entre 1939 e 1945, da Guerra da Coréia, em 1954 e da invasão da Rússia, na Hungria, em 1956, eram divulgadas em edições extraordinárias. Mas havia também outras programações: A novela o Direito de Nascer, o Filme Perdidos no Espaço, Roy Rogers, O Pato Donald, Programas de Calouros, muitas propagandas, e tudo em preto e branco.
AS DIFICULDADES
DE UMA BANDA MUSICAL DO INTERIOR.
Texto de PauloSNSantana
“Uma banda”, conjunto ou grupo musical é uma reunião de músicos formada com o intuito de tocar arranjos musicais.
No Brasil, inicialmente a expressão 'banda de música' ou simplesmente 'banda' foi utilizada para definir a formação musical composta por madeiras, metais e percussão.
Com o surgimento do rock and roll, os grupos que tocavam esse estilo musical passaram a ser denominados 'bandas de rock' ou simplesmente 'bandas'. A partir daí, "banda musical" ou "banda" passou designar diferentes tipos de grupos e formações musicais.
Bandas de rock tipicamente possuem um ou dois guitarristas, baixista, baterista e, dependendo do estilo, tecladista. Geralmente possuem também um vocalista, que pode ser um dos instrumentistas ou um músico dedicado exclusivamente a cantar. Grupos de jazz variam bastante em sua formação, mas configurações tradicionais, em geral, incluem uma seção rítmica (popularmente chamada de "cozinha") composta por um baterista, baixista e pianista, e uma seção de metais, com saxofonistas e/ou trompetistas. Grupos de jazz moderno costumam adicionar guitarristas e tecladistas. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Banda musical).
Durante as noites da festa em homenagem à Nossa Senhora de Lourdes, na Praça PIO XII, ouvi algumas apresentações de conjuntos musicais da cidade e região. Confesso que fiquei surpreso pela diversidade de sons, e estilos musicais.
Acho que tocaram gratuitamente, não posso afirmar. Não tenho a certeza se todos os conjuntos foram compostos por músicos coaracienses, mas a qualidade das apresentações foi muito acima das expectativas. As bandas tocaram músicas para todos os gostos.
O cotidiano dos músicos deve ser atribulado, pois eles tem que conseguir patrocínios, contratos, além de ter que trabalhar para manter-se. Muitos deles não tem rendimentos compatíveis com suas performances nos seus conjuntos musicais. O que recebem quando são contratados pra tocar em barzinhos, mal dá para custear os equipamentos, e para pagar despesas da banda.
O músico profissional tem que adquirir uma aparelhagem de som que inclua instrumentos de última geração, mesa de som, etc., e tem que estudar pelo menos quatro horas diariamente, atualizando-se como músico e compositor. O custo é muito alto. Tem músicos que tocam em instrumentos presenteados por familiares e amigos, outros tocam e estudam com instrumentos emprestados.
Alguns músicos conseguem ganhar algum dinheiro com seus contratos, são os que seguem carreira solo, estes só precisam de uma boa aparelhagem de som, um banquinho e um violão e um bom repertório.
As bandas de rock, reggae entre outras são contratadas por minguados cachês. Se a banda for de Rock, Metal ou outro ritmo mais eletrizante fica mais difícil ainda é que infelizmente, em uma cidade do interior o simples fato de você gostar de rock, independentemente do seu estilo de se vestir ou qualquer outra forma que deixe evidente que você é um roqueiro, te faz sentir como um 'patinho feio'.
Claro que apesar de você se sentir um excluído, um ignorado, um maluco ou um fora de moda sua consciência falará mais alto e te dirá que nem tudo está perdido.
BANDA GETS
Foi a primeira Banda de Coaraci, com guitarristas de vanguarda, Léo, Tonho baterista, entre outros músicos que aqui tocaram, foi uma das bandas que deu início ao movimento musical de Coaraci. Entre os músicos da época fizeram parte da banda: Paulo Caninha, Tonho Babada, Tonho de Alberto Assis, Léo que era um guitarrista de renome, um cara bom, Jaime entre outros. (Roger Povoas).
Entrevista com Paulo Cesar Paulo Caninha sobre a Banda GETS
Paulo Cesar nos recebeu em sua casa dizendo: Boa tarde Paulo, gostei do lance do Poema “Oração do Bolacheiro” que você escreveu no Caderno Cultural de abril.
- Meu nome é Paulo Cesar Batista Leal, nos dias de hoje sou popularmente conhecido como Paulo Caninha. Paulo é uma figura bastante conhecida em Coaraci. Muito bem relacionado, é um frequentador assíduo do Bar e Jazz Bolacha é comunicativo, extrovertido, já foi músico da Banda GETS, seu instrumento era a bateria, que toca até hoje. Nós do Caderno Cultural de Coaraci fomos entrevistá-lo sobre a Banda GETS, que nos anos 60 foi sucesso em Coaraci e na região. Na época os músicos eram jovens adolescentes do curso ginasial, filhos de famílias tradicionais da Terra do Sol. Os jovens componentes da Banda foram Paulo Cesar Batista (Paulo Caninha), seu Irmão Antônio Papada, João, Luis Alberto, filho do finado Alberto Assis, e Léo primo de Paulo.
-- Léo era um excelente guitarrista. O grupo era dirigido pela Presidente Rosa Selman filha do Sr. Bitonho hoje esposa de Uriel, e entre os componentes estava José Carlos Santana, mas uma dezena de jovens fizeram parte do “Grupo Esportivo da Terra do Sol-GETS.” Em um dos muitos encontros do grupo surgiu à ideia de formar um conjunto musical, a ideia amadureceu e criamos o conjunto GETS. Para comprar os instrumentos pedimos ajuda ao meu pai e a Alberto Assis. Soubemos de um pessoal que estava vendendo uns instrumentos em Ilhéus, fomos lá e compramos. Fomos buscar os instrumentos no carro do irmão de João. A banda recebeu muita ajuda do finado Nelson Moura, ele cedia às instalações do Clube Social para ensaiarmos, e para arrecadarmos fundos para adquirir os instrumentos que ainda estavam faltando. Quando a banda estruturou-se passamos a tocar e nos apresentar em Coaraci. O dinheiro arrecadado pela banda era para ser investido na comunidade. Não pegávamos em dinheiro para uso pessoal. A banda permaneceu em atividade pelo período de dois anos, de 1968 à 1970. Eu permaneci por um ano, logo depois tive que estudar fora. É que nós terminamos o ginásio e fomos fazer o curso cientifico em outras cidades. Eu fui estudar em Jaguaquara, fui fazer o 1º científico, outros foram para Salvador. Léo ficou aqui. A banda tocava músicas dos Beatles. Nos dias de hoje quando eu ouço a Banda Pecados Capitais lembro-me daquela época com saudades. Era um movimento bem bonito, lindo mesmo, uma época de ouro. Infelizmente não tenho uma foto daquela época tão especial. Paulo Cesar é filho de Claudionor Ferreira Leal e da Senhora Antônia Batista Leal, e seus irmãos são: Zé Carlos, Maria, Cecilia, Tonho Papada, Jorge o genro do finado Alberto Assis, Professor Nô, e o caçula Asa Branca que é um músico renomado. Entrevista com a Professora Rosa Selman esposa de Uriel sobre o movimento GETS:
GRUPO DOS ESTUDANTES
DA TERRA DO SOL - GETS
Dona Rosa Maria Selam Santos da Paz é filha de Antônio José dos Santos mais conhecido com Senhor Bitonho e de Dona Zilda Selman Santos, nascida em uma família numerosa, é coaraciense, esposa de Uriel Ferreira da Paz, filho de Itapitanga, eles têm dois filhos e um neto. É Professora a mais de quarenta anos em Coaraci e lecionou também em Itapitanga.
- Dona Rosa fala sobre o grupo GETS:
- Quando o GETS foi fundado eu cursava o 2º ano normal e já trabalhava. Na época fui convidada para participar do Grupo dos Estudantes da Terra do Sol, seu fundador foi Luiz Marfuz um jovem que mais tarde tornou-se um talentoso teatrólogo com trabalhos consagrados, um filho ilustre de Coaraci. Assim que ele foi para Salvador me convidaram para presidir do grupo. Era um grupo grande com aproximadamente trinta jovens bem intencionados, muitos deles seguiram diversas profissões de destaque, hoje alguns são Médicos, Juízes de Direito, Advogados, Professores, Políticos, como no caso de ex-prefeito Janjão. Na época em que foi fundado, o objetivo primordial do Grupo era diversão, cultura, festas. Surgiu então a ideia de formar um grupo musical. Fundar uma banda. Fizeram parte do grupo de fundadores os músicos, Leo, (Aurélio), um excelente guitarrista, que sem sombra de dúvidas hoje estaria tocando em bandas de sucesso, Luis Alberto Assis, filho de Alberto Assis, Paulo Leal, Antônio Carlos Papada. Esta banda atraía os jovens, para festinhas local e regional, eles tocavam vários sucessos da época. Alberto Assis era Presidente do Clube Social de Coaraci e quando solicitado entregava a chave a nosso grupo para ensaios e festinhas e reuniões. O Presidente do Clube dos Bancários na época era o Dr. Hamilton Henrique também nos cedia as chaves do Clube para nossos ensaios, festinhas e reuniões. Durante muito tempo permaneceu assim, um ou mais anos depois o nosso grupo começou a se dispersar, alguns foram para Salvador, e os que não podiam estudar fora da cidade continuaram por aqui. Até o dia que a banda extinguiu-se completamente.
Os instrumentos musicais ficaram com Léo, que tocava na rua 1º de Janeiro e em festinhas da cidade e região. Mais tarde alguns dos participantes da banda pegaram os instrumentos emprestados e com isso acabou-se definitivamente o “Projeto Banda GETS (Grupo de Estudantes da Terra do Sol)”. Mas o projeto perdurou do final dos anos 60 ao inicio dos anos 1970. O grupo também tinha finalidade filantrópica, ajudava as pessoas carentes e doentes da comunidade. Um fato relevante foi que nós do GETS sustentamos um idoso muito pobre, construímos um pequeno barraco para ele situado nas imediações da Igreja Santo Antônio. Semanalmente contribuíamos com alimentos e com produtos de higiene pessoal dele, isto durou um bom tempo. Outra ação importante foi à assistência que demos a uma jovem com câncer no joelho em estado adiantado. Viabilizamos tratamento médico, medicamentos e internação, conseguimos doadores de sangue, mas como o caso já estava bem sério não houve tratamento que resolvesse a situação difícil da moça. Cuidamos dela até o seu falecimento. O grupo que foi criado para o lazer mais tarde voltou-se para filantropia.
O GTES possuía aproximadamente trinta componentes, eu consigo lembrar-me de parte deles: (Roney Moreira 'Nos dias de hoje, Juiz de Direito', José Carlos Santana 'Nos dias de hoje Advogado', Givanildo, Aldemir Cunha, ‘Advogado e ex-prefeito', seu irmão Popô, Marileusa Calhau, Sisi, 'hoje residindo em Salvador', Cecé irmã de Queninho já falecido, Lúzio Gualberto...Cristina Teixeira Sá e seu irmão João, Adma Miranda, esposa de Ibernon, Clarisse Povoas, Jorge Bareco, Nanci, filha de Idelfonso... Celso Miranda, Edvan Miranda e Bob estes três últimos chegaram a tocar na banda que se dispersou, era uma turma grande e não me lembrou de todos...
Naquele tempo havia muitos movimentos culturais, festas, eventos, mais que nos dias de hoje. Coaraci possuía dois clubes, dois cinemas ou três e por conta disso as festas eram famosas e os jovens quando não estavam reunidos em eventos organizados encontravam-se no alto da Matriz Nossa Senhora de Lourdes onde planejavam festas badaladas, pegávamos as chaves nas mãos do presidente de um dos dois Clubes Sociais e o resultado era muita diversão, musicalidade e entretenimento. Naquela época tínhamos mais diversão, mais lazer que nos dias atuais.
Havia drogas sim, mas não como em tempos atuais, raras exceções no grupo faziam uso e alguns sucumbiram ao vicio.
“A MÚSICA SURGIU PARA MIM, CREIO, QUANDO MENINO,
OUVINDO MEU PAI TOCAR VIOLÃO”
História de Dido Oliveira(filho de Coaraci, Bahia)
A música surgiu para mim, creio, quando menino, ouvindo meu pai tocar violão – ele raramente cantava, mas tocava muito bem e aquilo me impressionava muito – acho que esse foi o primeiro contato com a música. Ainda menino, ouvia bastante forró: Luiz Gonzaga, Marinez, Jackson do Pandeiro, Roberto Carlos, Martinho da Vila. Em minha casa, mesmo na roça, minha mãe tinha uma “radiola” daquelas que falava alto – era uma festa ouvir aquele som e os programas de rádio, principalmente do meu Tio “PEDRINHO” Pedro Lemos de Itabuna, na Rádio Difusora – logo cedinho ele enchia nossa casa com música regional – ô tempo bom danado!
Um dia chegando da roça, minha mãe falou “Dido, Bete ta cantando lá no cinema, num programa de calouros” – eu saí correndo e o Silvino (porteiro do cinema, muito gente boa!), me deixou entrar e ver a minha irmã cantando e ganhando o programa de calouros – foi uma emoção danada! No outro final de semana iria haver novamente o tal programa de calouros e, lógico, me escrevi e ganhei o programa; a partir daí, nunca mais parei de cantar e me envolver com a música.
Ainda aí em Coaraci, ganhei festival a canção com a música O RIO ALMADA – todo mundo cantou comigo a música que falava do nosso Rio. Aliás, fico muito triste toda vez que vou aí e vejo o Rio Almada totalmente abandonado, sem cuidado – um descaso total com a obra da natureza.
Participei de alguns festivais pela região e sempre tinha uma música classificada; ganhei um festival da canção em Jequié, com a música Nega Ro. E, minha vida foi seguindo assim, sempre sonhando com a música até vim para o Rio de Janeiro, no final de 1980.
Até me envolver profissionalmente com a música, levou um tempo. Eu trabalhava em empresas na área de contabilidade; às vezes fazia as duas coisas, trabalhava de dia e cantava à noite em bares e restaurantes, cantando MPB e música nordestina.
Em 1984 lancei meu primeiro disco, um compacto duplo; na época em cheguei a cantar na TV Aratu, no programa da TIA ARILMA, em Salvador e fiz shows aí em Coaraci e região. Vários momentos importantes se sucederam. Na época da lambada, Sidney Magal gravou MORENA BONITA e foi uma grande abertura para mim, pois a música foi sucesso nacional, tendo clipe inclusive no FANTÁSTICO. Em seguida, lancei meu CD Jeitinho baiano, onde fizemos boa divulgação, cantei em vários programas, inclusive no programa da Hebe Camargo, com destaque para as músicas “O Canto do Negro” e “Jeitinho Baiano”. Depois disso, gravei com XUXA: “O Show da Xuxa Começou”, sendo a primeira música do cd dela, e, no ano seguinte, outro sucesso “Nosso Canto de Paz”, bastante executada até hoje. Música também com gravação do Exaltasamba. Outros artistas gravaram músicas minhas como Adriana Mendes, Ana Malhoa (cantora portuguesa), Trio Potiguá e Falamansa, Jackson Oliveira, Rita Rios e outros.
Em 2004, ganhei um prêmio destaque, com o CD “Forró, Uma Festa Brasileira” pelo Jornal das Gravadoras.
Em 1997, montei com um sócio, a produtora VELABERTA, prestando serviços para emissoras de rádio e TV, além de gravar vários cds de artistas e bandas; essa produtora existe até hoje e, apesar de todas as dificuldades que o mercado oferece, nós vamos segurando a onda, sem deixar a peteca cair. A tendência é reforçar a nossa produção em vídeo, já que me formei, pela universidade Estácio de Sá, nessa área – Produção em rádio e TV. Além desse trabalho que faço no estúdio – fazendo arranjos, produzindo, compondo... Faço meus shows praticamente todos os finais de semana, em festas particulares – às vezes duas festas num mesmo dia. Não é um trabalho feito pra mídia, mas tem dado um resultado bastante positivo para mim, e o retorno com um público bastante seleto.
Coaraci é um celeiro de grandes artistas, cada vez que retorno encontro surpresas boas, a começar pelos meus sobrinhos lá em casa, Walber e Gustavo têm a veia artística, mas esse mundo da música requer algo além disso; tem que amar mesmo, dá tudo por ela, sem exigir nada, além da satisfação pessoal. É um mundo mágico, mas sem pombos, panos pretos, baralhos e outros artifícios. Sem contar com a falta de apoio institucional ou da iniciativa privada. Infelizmente, nesse aspecto, Coaraci regrediu, na minha época, quando morava aí, tínhamos festivais, programas de calouros, um cineteatro, Clube Social, Clube dos Bancários... Apesar disso, os artistas mesmo sem incentivo, continuam brotando em nossa terra. Portanto, é necessário que haja iniciativas como a do Caderno Cultural, e priorize a cultura, o engrandecimento desses novos artistas que precisam de apoio. Por favor, senhores políticos e empresários, façam alguma coisa por nossa cultura! “Agente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte” (Titãs).
DIDO OLIVEIRA é cantor-compositor, autor de alguns sucessos da música brasileira, entre eles “Morena Bonita”, gravada por Sidney Magal, lançada também em vários países da América Latina e Espanha, “O Xou Da Xuxa Começou” e “Nosso Canto De Paz”, gravada pela rainha dos baixinhos, músicas de destaque dos discos “Xuxa 6” e “Xuxa 7” respectivamente, lançadas também nos cds de 10 e 20 anos de carreira. Devido ao grande sucesso, estas músicas também foram incluídas no disco “Xuxa 3” Espanhol, sendo as mesmas, as duas primeiras faixas, ambas lançadas nos Estados Unidos, em Inglês e Espanhol.
Outro recente sucesso AGRADAR VOCÊ, gravada por Trio Potiguá com participação do Falamansa, música que caiu na boca da galera que curte o forró pé de serra.
Dido Oliveira compôs e gravou “Gira, Gira Pião”, para a trilha sonora da novela “Rainha da Sucata”, sendo incluída no disco Lambateria Sucata, lançada pela gravadora Som Livre, ao lado do outros grandes nomes como: Elba Ramalho, Magal, Pepeu Gomes, Moraes Moreira, Beto Barbosa, Gerônimo, entre outros. Sucesso em Portugal com a cantora ANA MALHOA, a música “Bué da Fixe” de autoria do DIDO é a primeira faixa do cd da cantora portuguesa.
Seu trabalho tem toda a influência de ritmos baianos e nordestinos como: frevo, baião, galope, afoxé, samba-reggae e outros ritmos latinos como a salsa e o merengue. Discos de carreira: Voo Livre, Jeitinho Baiano, Nova Onda, Forró, Uma Festa Brasileira, Um Cantinho, Um Violão.Com vasta experiência em trios elétricos, Dido Oliveira, faz shows em várias cidades de todo o Brasil, a exemplo de Rio de Janeiro, Rio das Ostras, Silva Jardim, Araruama, Niterói, Cabo Frio, Búzius, Itaipava, Petrópolis, Friburgo, São Gonçalo, etc. São Paulo: Santos, Itanhaen, São Bernardo, Paulínia, Valinhos, RS: Porto Alegre, Tramandaí-RS, Pelotas-RS, Rio Grande-RS, e várias outras cidades, onde Dido Oliveira vem mostrando toda sua musicalidade e energia.
didooliveira@didooliveira.com.br.
OS CINÉFILOS DE COARACI DOS ANOS 30
E OS FILMES DE FAROESTE AMERICANO
Foi o faroeste americano um dos gêneros de filmes que mais empolgava os coaracienses, especialmente a garotada e os moradores da zona rural. Os primeiros filmes exibidos aqui por volta de 1934, 1935, eram mudos e de curta metragem, onde assaltos a bancos, assaltos a diligências, estouros boiadas, roubos de gado, eram uma rotina em quase todos eles, mas, nem por isso deixava de empolgar a rapaziada. Quando o artista em nome da lei iniciava uma perseguição ao bandido, tinha que se taparem os ouvidos, os gritos eram ouvidos no raio que incluía a Praça Getúlio Vargas, Praça Elias Leal e a Igreja Católica. Essa explosão de gritos e assobios tornava se maior quando esse artista era um cavaleiro mascarado, roupa chapéu pretos, montado em seu cavalo faísca, branco como neve e rápido como um raio, era nada mais nada menos que o Durango kid. A plateia vinha abaixo ao ver o Durango colocar quadrilhas inteiras em fuga, apenas fazendo o seu cavalo, devidamente encilhado, circular nas proximidades em alta velocidade.
- Olha o cavalo do Durango! Vamos dar o fora daqui!!! - Diziam os bandidos. Vez ou outra um fora da lei desafiava o artista para um duelo à bala, com o Durango isso nunca acontecerá. Nenhum bandido queria encrenca com ele. Sua presença na tela deixava a meninada imensamente feliz, e sem saber se gritava, sorria ou esmurrava as poltronas. Durango kid foi um personagem representado unicamente por Charles Starrett, e tinha como coadjuvante um gorducho desajeitado, representado por Smirley Burnettte, que colocava quase tudo perder, e que deixava Novenal Quinto, outro assíduo frequentador dos cinemas, vermelho de raiva. Na pressa, esse gorducho montava numa cela sem cavalo, outras vezes, num cavalo sem sela, quando não de costa pra frente, atirava antes da hora, acertava em quem não devia, executava as instruções às avessas. Planos traçados sobre sigilo fracassavam, ao tropeçar em panelas, derrubar tudo em volta, espantar animais e espalhar galinhas por todos os lados.
Ao todo, foram 165 filmes exibidos nos cinemas de Coaraci. Em quase todos estes filmes, eram incluídas apresentações de música country do oeste americano, às vezes para distrair a bandidada.
Por volta de 1948, Raimundo Madureira com seus 10 ou 12 anos, filho de José Rollemberg, gerente do Instituto de Cacau, era dentre todos o mais agitado, e deixava o cinema imitando o artista, utilizando-se do dedo como arma, escondendo-se detrás de postes, portas ou qualquer objeto, tentando atingir alguém, repetindo as cenas vistas na tela. Renato Rebello, filho de Valdomiro, não fazia por menos, chegou a urinar nas calças pra não perder 2 ou 3 minutos daquela gritaria para ir ao banheiro. Outros grupos falavam em voz alta, achando que o artista teria melhor resultado caso tivesse agido dessa ou daquela forma, pra se livrar desse ou daquele perigo. José Valdomiro Vila Nova era outro grande frequentador de cinema, um dos maiores conhecedores de sua história.
Foi na tela do Cine Rio Branco de Alípio Guerra e de José Bento que Itacaré conheceu o legendado Tom Mix, cowboy que realizou suas primeiras filmagens no tempo do cinema mudo. Mais tarde, já como Guaracy, fórum conhecendo Tim Holt, Rocky Lane, Gene Autry, Roy Rogers, Buster Crabbe, e um número cada vez mais crescente de outros que surgiam a cada ano.
O cinema em pouco tempo transformou-se numa escola, e teve muita importância no comportamento dos moradores de nossa cidade.
Fonte Livro Coaraci Último Sopro de Enock Dias Cerqueira,197,198.
UM BREVE COMENTÁRIO SOBRE A MÚSICA EM NOSSA CIDADE.
Waldir Amorim 28/03/2011.
Lembro-me de quando eu era garotinho – muito tempo atrás – tocava-se nos rádios de todas as casas as músicas brasileiras e muitas músicas da América latina. Recordo-me muito bem que em nosso município já cantaram muitos artistas famosos: Vicente Celestino, Luiz Gonzaga, Agnaldo Timóteo, Valdir Soriano, Ângela Maria, Elba Ramalho, Zé ramalho Joana e tantos outros. As praças ou o nosso cinema enchiam de pessoas para assistirem esses belos shows. Hoje, o que se pode apreciar em nossos largos? Carros de som ligados ou bandas dançantes veiculando a música “pra pular brasileira”.
Entendo que se deve respeitar o gosto musical dos outros principalmente se essa preferência for adquirida naturalmente com nossas fm’s passando vários tipos de músicas ao longo do dia, porém o que se percebe são a massificação das músicas “bregas” e alguns pequenos momentos para veicular a nossa sagrada MPB, resultando assim numa grande maioria “gostando” de ouvir muito mais as músicas que mais tocam e não as que mais gostam ou gostariam de ouvir.
Nós temos Maria Gadú, Simone, Maria Betânia, Jalperi, Legião Urbana, Ana Carolina, seu Jorge, Zeca Baleiro, Fagner, Zé Ramalho, Geraldo Azevedo, Rick Vale - o melhor intérprete do momento – e tantos outros disputando pequenos espaços na mídia. Dessa maneira não podemos culpar a maioria de nossa juventude por gostar mais de um tipo de musical.
Quero deixar claro que em contrapartida, cantores e compositores de nossa Coaraci, compõem boas músicas com um grande valor poético e um refinado gosto musical. Graças a deus por isso.
Esperamos em breve um bom festival de música em nosso município, para que estimule os nossos artistas a comporem com mais frequência e mais qualidade.