
COARACI EM VERSOS
Ainda no século 18
As margens do “Ribeirão do Terto”
Instalaram-se os primeiros moradores
Em busca de terra fértil.
Mas especificamente
Na região de “Itamotinga”.
Onde a terra era boa
E a água cristalina.
Mas somente os escritos
Familiares é que comprovam
Que esses desbravadores
Deram início a historia.
Os registros históricos, porém
Consolidam a sua versão
Que em mil novecentos e dezenove
Iniciou-se a povoação
Oficialmente João Maurício
E José Laudelino Monteiro
Construíram, de taipa, uma casa
Que servia de comércio
E pousada para os tropeiros.
Às margens do Rio Almada
Era a exata localização
Da casa/comércio que vendia
Açúcar, sal e sabão.
Fumo de corda. jabá
Não podia faltar cachaça.
Enfim, os artigos necessários
Às cozinhas de roça
Por se tratar de um trecho raso
Do Almada que, garantia
Aos animais e transeuntes
Uma segura travessia
Uma trilha perto de casa
Que servia de caminho
Inspirou o nome do lugar
Conhecido por “Beira-do-Rio”.
Ao crescer o povoado
O nome foi logo mudado
Deixou de ser “Beira do Rio”
De macacos, foi chamado.
Segundo moradores antigos
Esse nome, foi devido
À grande população
De macacos, que havia
No início da povoação.
Neste período já havia
Dez ou doze casas construídas
Que em forma de um grande circulo
Foram todas distribuídas.
Como também uma ponte
De madeira que permitia
Apenas aos pedestres
Fazer a travessia
Com a presença de tropas
E viajantes no local
Aumentou a concorrência
No ponto comercial.
Começou a funcionar
Duas lojas no povoado.
Uma era de ferragens
A outra, de secos e molhados.
E em mil novecentos e vinte e cinco
Chegou um progressista, à região.
Explorando terras virgens
Criando vasta plantação.
Formou um fazenda
Denominada “Berimbau”.
Manoel Peruna, que investiu
Na cultura do cacau.
O então prefeito de Ilhéus
Eusíno Lavigne, designou
Para o povoado de “Macacos”
O primeiro administrador.
Juvêncio Peri Lima
Que aqui chegou
Em mil novecentos e trinta
Com um futuro promissor.
Conheceu Manoel Peruna
Que se tornou aliado
Nos assuntos referentes
Aos problemas do povoado.
Peruna foi quem sugeriu
Um outro nome para o lugar.
“Itacaré do Almada”
Passaria a se chamar.
Reconhecido o seu trabalho
Dentro do povoado
Foi, a propósito, agraciado
Com o cargo de Subdelegado.
Após a criação do distrito
O nome foi simplificado
“Itacaré” simplesmente
Passou então a ser chamado.
Com a chegada constante
De famílias e desbravadores
Nesta época a população urbana
Chegava a cinco mil moradores.
A categoria de Vila
Foi elevado, o distrito
Em mil novecentos e trinta e oito.
Assim comprovam os registros.
“Itacaré” por sua vez
Sofre mais uma alteração.
“Guaraci” passa a ser
Sua nova denominação.
Através de um Decreto-lei
Posteriormente ratificado
Mais uma vez o distrito
Teve o nome alterado.
Nesta época, Peri já havia
Encerrado, com a inauguração
Da ponte principal,
Sua longa administração.
Um período de doze anos
De trabalho eficiente
Com uma população urbana
Cada vez mais, crescente
Nesta época já chegava
A dezesseis mil habitantes.
Finalmente em doze de dezembro
De mil novecentos e cinquenta e dois
A vila eleva-se a cidade
Quatorze anos depois.
Coaraci em versos, hoje
Venho com satisfação
Contar como se deu
Tão marcante evolução.
Acrescentando um detalhe
Que não consta nos registros:
Foi meu avô quem construiu
Aqui, o primeiro Edifício.
Antonio Rodrigues da Silva
Também um dos pioneiros
A explorar terras virgens
E se tornar grande fazendeiro.
Segundo meu pai contava
Três fazendas foram vendidas
Para que a construção
Pudesse, então ser erguida.
O prédio foi inaugurado
Em mil novecentos e quarenta e nove.
Um marco da época que ainda
Permanece nos dias de hoje.
Coaraci faz parte de mim
Da minha história de vida.
Somam mais de trinta anos
Entre chegadas e saídas.
Até finalmente fixar
Raízes nesta cidade.
Construindo família
Conquistando amizades.
Coaraci terra amada
O teu solo fértil atraiu
Às margens do Almada, um comércio
Rústico, que contribuiu
Audaciosamente
Com o progresso deste lugar
Iniciado nas proximidades de um rio.
Autora Coaraciense da Família
Rodrigues da Silva
SOU BRASIL
Nordeste, centro ou sulista
Sou da bola um artista
Vou singrando o mar anil
O meu nome é BRASIL
Não importa a profissão
O que vale é o coração
Cavalgando ou arremessando
Vou honrando esta NAÇÃO
Sou na escola, o professor
Quadra ou campo, treinador
Educando alunos mil
O meu nome é BRASIL
Limpo as ruas, sou gari
Planto coco açaí
Cuido de nossas crianças
Do futuro, a esperança
Sou piloto, tratorista
Operário, sou um artista
Jangadeiro varonil
O meu nome é BRASIL
Sou bancário, nadador
Pela sorte um corredor
Não importa a profissão
Auriverde é o coração
Sou sem terra, sou sem teto
Guitarrista, ou arquiteto
Vou galgando as glorias mil
O meu nome é BRASIL
Não me importa a posição
Se sou último ou campeão
Eu sou forte eu sou viril
O meu nome é BRASIL
De nascença grapiuna
Coaraci tem meu perfil
Nasci perto de Itabuna
O meu nome é BRASIL
Ser baiano ou ser paulista
Ser patrão ou manobrista
Basta não ser um homem vil
Tenho orgulho em SER BRASIL
Por. Carlos Bastos
Brinquei de Deus e um homem então criei
Forte, valente, intrépido, audaz.
Não um Adonis e nem tão pouco um rei
Mas nele havia de algo, muito mais
Não teria a força hercúlea de Sansão,
Nem de Davi vencendo os Filisteus
Mas teria a força de um feroz leão
Para defender o lar e os filhos seus
Não ergueria torres, monumentos,
Nem seria tão pouco um imperador,
Mas construiria o maior invento,
Um lar honrado onde reinasse o amor.
No seu peito, não haveria medalhas,
Nem distintivos, ornando-lhe o coração.
É que a justiça, neste mundo falha,
Não premiando heróicos cidadãos,
Veja-lhe as mãos da incessante lida
Conte-lhe os calos, e então verão,
Medalhas, troféus, que a própria vida,
Deu como prêmio bordando-lhes as mãos.
Não teria fama nem somaria riquezas
Mas daria conta do trabalho que plantou
E ao caminhar todos diriam com certeza
-Eis que passa pela rua um vencedor
Não seria arrogante, nem pretensioso,
Mas seguro em tudo o que fizesse
Bom companheiro, amigo generoso,
Pois o servir era a sua maior prece
E quando a dor, esta cruel inimiga,
Por três vezes lhe ferisse o coração
Choraria, blasfemaria contra a vida,
Sem jamais perder a fé nem a razão.
Amaria os filhos incondicionalmente
E a esposa, companheira amada,
Reconhecendo que ela bravamente
Lutou com ele, de igual, nesta jornada.
Embalaria os filhos numa rede branca
Cantando valsas à luz de um candeeiro
Aconchegaria-os depois em suas camas
Tangendo insetos em cada mosqueteiro
Faria brinquedos, casinhas pequeninas,
Carrosséis, gangorras, cavalinhos de pau,
A maior fogueira, nas noites juninas,
E a melhor festa nas noites de Natal
Assim, brinquei de Deus em minha mente,
Mas que surpresa! Não esqueço mais.
Clonado estava, ali na nossa frente,
A figura amada de você meu pai.
Em 13/8/08,
Aires de Almeida - Jailda Galvão
<jailda.galvao@aalmeida.com.br>
Minha Mãe
Minha mãe é tão bonita,
Poema que os olhos dita
Puro amor em profusão.
Minha mãe é tão bonita
Que mesmo o maior artista,
Não lhe pinta a perfeição.
Suas mãos tão calejadas
Escondem dedos de fada,
Que o tempo não mudou não
Trabalho, luta, jornada,
Suas mãos foram talhadas
Pra servirem ao coração
Seu cabelos soltos, leves
Parecem fios de neve,
Branquinhos como algodão,
Nas marcas que a vida tece
São como contas de prece
De um rosário de oração.
Seu olhar negro profundo,
Em prece, pede que o mundo
Tenha mais paz e união,
Seu amor é oriundo,
Dá fé em Deus que no fundo,
Enobrece-lhe o coração.
Minha mãe que embalou berços,
Seus conselhos não esqueço,
E sigo sem hesitação
Orando com todo apreço
Em prece a Deus, agradeço.
Minha mãe, minha canção.
Minha mãe está mais bonita, (12/05/2007
Hoje, aos pés do Grande Artista
O “EU SOU” da Criação,
Na cidade prometida
Todo o esplendor ela fita,
Na mais feliz comunhão.
Aires de Almeida - Jailda Galvão
<jailda.galvao@aalmeida.com.br>
Fim dos dias.
Ondas gigantescas
Invadem as praias,
São lágrimas de revolta
De nossa mãe gaia.
Furacões são lamentos,
Gritos de dor,
Destroem o homem,
Matam o destruidor
O sol escaldante
Castiga a terra,
Fim dos dias.
Uma triste era.
Animais extintos,
Graças á temível fera,
Que mata, destrói, dilacera.
Aquecimento global.
Derretimento de geleira glacial,
Devido ao dito
Ser racional.
No ar,
A poeira,
A poluição,
Que causa morte,
Destruição.
As florestas viram cinzas,
Queimadas pela arrogância
Do cruel homem,
E toda sua ganância.
Fim dos tempos.
Fim do homem.
Robinson Silva Alves
Prêmio UFF de literatura 2008 1 lugar poesia.
Consolo na prisão
Pare e pense
Os ladrões estão fugindo
Os policiais estão correndo
para prendê-los, mas ainda
não venceram a batalha.
O primeiro ladrão passou,
O segundo ladrão passou,
O terceiro ladrão passou,
Mas a perseguição continua.
Perdeste a dignidade
A esperança de seguir em frente
Distribui drogas, bebidas e muito mais
E não tens dignidade.
És um fugitivo da polícia
Te procuram, mas não te acham
Tu te escondes na escuridão
porque não tem paz no coração.
A malandragem aumenta cada vez mais,
Os jovens caem nas drogas e na prostituição,
pois não há quem os defendam.
De tudo tens a dúvida,
A incerteza e a tristeza.
Toma conta do teu coração
Procuras a luz e sairás das trevas!
Serás liberto! Liberto!
Autora:
Alana Marques,
12 anos - 6ª série B Educandário Pestalozzi
COARACI Paraiso Multicolorido
Rasgado por uma cortina
De água doce e cristalina,
Batizada com o nome de Rio Almada
Que desliza suavemente para o oceano.
Quando pousei
Meu olhar maravilhado
sobre suas terras férteis e macias,
Foi que descobri toda a nobreza
Da poesia que brota desse lugar iluminado.
Serras encantadas
Habitadas por frondosas árvores
Que exalam suave perfume,
E aves de rara beleza
Que emitem melodioso canto sobre teus habitantes.
Quando vi pela primeira vez
O fascinante Rio Almada
Livre, amamentando as fartas baronesas,
Senti a presença contagiante de uma constelação
Sob a regência tênue de uma lua cheia...
Com o pensamento nas águas do mar,
Jamais esqueceu de banhar as terras de Coaraci;
À vezes alegre e transbordante,
Outras tantas triste e vazio,
Mas sempre presente em todos os momentos.
Relembro-me de tua igreja branca
E imponente, cenário natural
Que nos serviu tantas vezes
De palco para nossas serestas
Que se estendiam pela madrugada.
Também do brega,
Refúgio inesquecível, sempre concorrido
Pelos candidatos ávidos a uma vaga
No curso de iniciação sexual,
Ministrado por graduadas professoras da região.
De teu luar indiscreto
Sempre a nos vigiar por todos os cantos:
Na rua... em casa... em qualquer lugar...
Mas sempre na mesma direção:
Seguro e sem andar na contramão.
Dos velhos coronéis insaciáveis
E das cortejadas e indiferentes mulheres
A dilacerar insistentes corações.
Sempre foste a bandeira resistente
De um reino de anjos radiantes.
És o carrossel da esperança,
O retrato fiel da natureza,
Com cores deslumbrantes
E olhar firme no horizonte:
Elo perfeito entre teus habitantes.
Ely Sena
POETA MODERNO
Nesta Era
Em Que O Homem Esquece
O Canto Dos Pássaros
Perdendo Sua Passos
Não Voando Mais
No Espaço
Vasta Imaginação
Neste Tempo
Onde Flores
Viram Espinhos
O Menino Perde O Caminho
Na Estrada Que Conduz
A Luz Inspiração
Que Leva A Novos Rumos
Rumos Emoção
Neste Século
Em Que Se Perde A Esperança
Crescendo Sem Ser Criança
Desaprendendo A Conjugar
O Eterno Verbo Amar
Neste Tempo Moderno
É Preciso Sonhar
Buscar Acreditar
Ser Poeta
Dois Jogos Florais Do Século XXI Uruguai
Menção Especial
Robinson Silva Alves
Filho De Coaraci
Concurso Nacional De Poesias Colatina Obra Poeta Concurso De Poesia Da Universidade Federal Fluminense
- 1 Lugar Nacional : Fim Dos Dias 2 Jogos Florais Do Sec. XXI Obra. Poeta Moderno Além Disso Foi Agraciado Em Diversos Concursos Realizados Por Todo Pais E No Exterior Como Por Exemplo Portugal E Uruguai Levando Assim O Bom Nome Da Nossa Terra.
REVOLTA DAS PALAVRAS COM A NOVA REFORMA ORTOGRÁFICA
Chegou à reforma da ortografia...
Para facilitar à gramática...
Tirando toda a agonia...
De uma forma lunática!
Mas esta reforma sem volta...
Gerou confusão e revolta...
No mundo das letras encantadas...
Que ficaram muito assustadas!
Para resolverem um problema...
Mataram o inofensivo trema!
Só porque ele virava um bicho chocante...
Para muitos preguiçosos estudantes!
Assim com a força de um poema...
Surgiu o movimento dos sem trema:
Linguiça, cinquenta, frequência,
Arguição, pinguim e eloquência!
Nos ônibus dos ditongos,
Que não são nada mongos,
Tiraram todos os assentos...
Sem penas e sem sentimentos!
Hifens foram retirados de palavras puras...
Com brigas cruéis e muito duras!
Os hiatos “oo” e “ee” perderam os chapéus,
Que foram para o reino do beleléu!
Para serem vendidos em algum brechó...
Toda esta situação é de dar dó!
Hifens foram retirados de palavras puras...
Com discussões cruéis e muito duras!
Chegou à reforma da ortografia...
Para facilitar à gramática...
Tirando toda a agonia...
De uma forma lunática.
Luciana do Rocio Mallon
SOL A SOL
Tenho o corpo cansado
Dos dias perdidos
Tenho o sono roubado
E um coração aflito
Eu e os outros
Toda essa gente
Filhos da terra
E como ela carente.
Sol a sol
Abrindo covas
Enterrando sementes
Não falta coragem
Apesar de tudo
Mesmo podre esse fruto
É tudo que nos resta
Amargo, azedo e carente
É a parte do bolo que sobrou pra gente.
Sol a sol
Abrindo covas sepultando semente.
Jackson Cunha <jacksoncunha_11@yahoo.com.br>
Ouviram
Ouviram as margens plácidas
Um grito retumbante.
Menos nos ouvidos
Moucos dos governantes.
De um povo heróico
Ouve-se o brado, de dor,
Fome e sede.
Fome de pão e de saber.
E a justiça quede?
Ó Pátria amada salve!
Salve nossas florestas e rios
E teu filho homem
Que está à mercê da fome.
Ordem no congresso!
Ordem e progresso,
Progresso da inflação
Progresso de recessão,
Progressão de retrocesso.
Gigante por natureza,
Gigantesco amazonas,
Gigantesco São Francisco,
Gigante o analfabetismo,
Gigantesca zona.
Deitado em berço esplêndido,
Vejo na televisão:
Histórias, novelas tortas,
Vejo minhas raízes mortas,
Vejo a globalização.
Teus risonhos lindos campos,
Tem mais flores e mais guerra
Tem mais mortes,
Tem mais sangue
Na peleja contra a fome,
Na labuta pela terra.
Terra, hereditária por rico,
Fome, herança do pobre.
Deus fez a terra.
O homem, a partilha.
Terra, herança pro nobre.
Se é que a justiça
Crava forte,
No peito de um cidadão,
Grita vigário geral,
Carandiru, candelária,
Grito de exterminação.
No teu céu risonho outrora,
A constelação resplandeceu.
E a gananciosa fumaça,
Subiu, apagou as estrelas
Até o sol escureceu.
Essa nação teve sorte!
Independência sem morte,
Que liberdade fajuta.
E seus habitantes carregam
Uma vida de filhos da luta.
Ó grande Pátria gentil!
Se tu não és madrasta,
Nos livre da dor nefasta,
Não deixe morrer teus filhos
Pelos cantos do Brasil.
Autor: Waldir Amorim
Coaraci Bahia
COARACI MUSICAL
Contei um dia que no sangue deste povo o futebol corria.
Agora venho dizer que como o clima tropical, no sangue do coaraciense corre também o gosto musical.
Os jovens coaracienses como os artistas circenses, conseguem fazer malabarismos. Tocando de ouvidos lindas melodias, em um autêntico ritual,
muito profissional.
Paulo SN Santana
Coaraci Ba. 04maio11
Patriotismo
Fisionomias duras,
Faces enrugadas,
Pés descalços,
Roupas em frangalhos,
Braços rígidos
Ativando o progresso.
Filhos pálidos,
Sedentos, famintos
Entregues ao desconforto.
Peitos curados
De tantas decepções
E humilhações
A caminho do futuro?...
Reunidos na roça
Num rico feriado:
Cantando com bravura
O hino nacional.
Coaraci, 23/09/87
Alfeu Amaral
Poema do noivo para noiva.
Que feliz sou eu, meu amor.
Já, já estaremos casados.
O café da manhã na cama
Um bom suco e um pão torrado.
Com ovos bem mexidinhos.
Tudo pronto bem cedinho.
Depois irei para o trabalho.
E você para o mercado.
Daí você corre pra casa.
Rapidinho arruma tudo.
E corre pro seu trabalho.
Para começar o seu turno.
Você sabe que de noite.
Gosto de jantar bem cedo.
De ver você bem bonita.
Alegre e sorridente.*
Pela noite minisséries.
Cineminha bem barato.
Nada, nada de shoppings.
Nem de restaurantes caros.
Você vai cozinhar pra mim.
Comidinhas bem caseiras.
Pois não sou dessas pessoas.
Que gosta de comer besteiras...
Você não acha querida.
Que esses dias serão gloriosos.
Não se esqueça meu amor.
Que logo seremos esposos.
A resposta da noiva ao noivo
Que sincero meu amor.
Que oportunas tuas palavras.
Esperas tanto de mim.
Que me sinto intimidada.
Não sei fazer ovo mexido.
Como sua mãe adorada.
Meu pão torrado se queima.
De cozinha não sei nada.
Gosto muito de dormir.
Até tarde, relaxada.
Ir ao shopping fazer compras.
Com o Visa tarja dourada.
Sair com minhas amigas.
Comprar só roupa de marca.
Sapatos só exclusivos.
E os lingeries mais caros.
Pense bem, que ainda há tempo.
A igreja não está paga.
Eu devolvo meu vestido.
E você seu terno de gala.
E domingo bem cedinho.
Pra começar a semana.
Ponha aviso num jornal.
Com letras bem destacadas:
Homem jovem e bonito.
Procura escrava bem lerda.
Porque sua ex-futura esposa.
Mandou ele ir à merda!.
Enviado por: Mª Célia Cavalcanti
Consciência...
Tem dias que eu quero
Apenas fechar a porta
E dizer que nada,
Nada que esteja
Do lado de fora
Me importa...
É nessa hora
Que ouço uma voz
Que chega de mansinho
E fala no meu coração,
Convidando-me pra ficar...
Dessa voz
Eu só consigo identificar
O amor...
Ela me diz:
- Deixa de ser ingrata,
Agradeça a Deus,
A família,
Os amigos,
E o alimento farto...
E de joelhos, obedeço
E agradeço.
Ao fechar os olhos
Vejo minha consciência,
De olhos marejados,
Do meu lado,
A orar... Teresa Cordioli
26/04/2011
VENTRE CARCERÁRIO
Se um dia ao nascer
Fizer brotar um prazer
Regozijo e festa a brindar
Emoções e garantia de paz
Engano frequente demais.
Vai engatinhar na calçada
Neófilo produto do nada
Sem vacinas, nem merenda.
Cresce um exímio pedinte
Que aparece inocente e carente.
Unindo-se à mesma gente
Cadete do vício explícito
Trocando rosa por cola
Aspira ao desejo do cheiro
E no servil abandono ele implora
Marginal à sociedade
Injusta, indecente e covarde.
Que com requintes de crueldade
Tem um propósito latente.
Na pedagogia carcerária
Conflito de gerações
E vociferando se esconde
Pois, é comum a ação.
De devolver às ruas, uma fera.
Na iminência da execução.
Wanderley Ramos dos Santos
Coaraci (BA)
POETA
Robson Silva Alves
(Coaraci/BA)
Sentado,
a beira da estrada,
vendo tudo,
em nada
Fazendo poemas,
na madrugada,
voando com pássaros,
na revoada
Luta com versos
contra canhões,
quebra muros,
corrente e grilhões
que aprisionam homens
e corações
Transformam sua dor,
na mais bela flor
na noite amante,
da lua, trovador
um poeta,
um sonhador
Voa com o vento
nas asas pensamento
poesia, palavras, lamento
sentindo vários sentimentos
Transforma mundos,
transforma eras,
busca com palavras,
uma nova terra
Planta sementes,
na letra esperança,
colhendo os frutos
da grande mudança
poeta, sonhos, criança.
Vagando
pela vida incerta,
amores,
emoções,
um poeta.
POEMA DE UM ALUNO DA APAE
ILUSÕES DO AMANHÃ
'Por que eu vivo procurando um motivo de viver,
Se a vida às vezes parece de eu esquecer?
Procuro em todas, mas todas não são você.
Eu quero apenas viver, se não for para mim, que seja pra você.
Mas às vezes você parece me ignorar,
Sem nem ao pior olhar,
Me machucando pra valer.
Atrás dos meus sonhos eu vou correr.
Eu vou me achar, pra mais tarde em você me perder.
Se a vida dá presente pra cada um, o meu, cadê?
Será que esse mundo tem jeito?
Esse mundo cheio de preconceito.
Quando estou só, preso na minha solidão,
Juntando pedaços de mim que caíam ao chão,
Juro que às vezes nem ao menos sei, quem sou.
Talvez eu seja um tolo, que acredita num sonho.
Na procura de te esquecer, eu fiz brotar a flor.
Para carregar junto ao peito,
E crer que esse mundo ainda tem jeito.
E como príncipe sonhador...
Sou um tolo que acredita, ainda, no amor. '
Ele tem 28 anos, com idade mental de 15 e peço que divulguem para prestigiá-lo. Se uma pessoa assim acredita tanto, porque as que se dizem normais não acreditam?
PRÍNCIPE POETA (Alexandre Lemos - APAE) Este poema foi escrito por um aluno da APAE, chamado, pela sociedade, de excepcional.
Excepcional é a sua sensibilidade!
LOUVAÇÃO DO AMIGO
De: José Almiro Gomes
É meu, é teu,
é nosso este fiel amigo.
Brilhante mais que o sol mais puro que o trigo.
Sua carne é o pão da vida, seu sangue é o vinho antigo.
Que salva a quem o bebe do mais cruel perigo.
Mais nobre que um rei,
mais simples que um mendigo,
Seu nome já o sabeis e enquanto não o digo.
De logo vos revelo que os passos dele sigo.
E os seguirei do berço até meu frio jazigo.
Por Ele eu vivo e morro,
sou seu soldado e brigo.
Com todo meu valor contra quem for inimigo Dele
E por seu amor sofrerei meu castigo.
E esta criatura
a quem tanto me ligo,
Verbo encarnado e santo a quem louvo e bendigo,
É Nosso Senhor Jesus Cristo, o nosso melhor amigo.
Coaraci, dezembro de 1985.
QUANTUM
(Autor: Anderson Almeida Ribeiro)
Perdido no espaço – tempo
Dualidade onda – partícula
Quem pode supor
A órbita dos pensamentos?
Não penso em nada
E no que deveria pensar?
O tempo é a incógnita
A ideia é a solução
É possível crer no invisível
Basta libertar as amarras
Nós somos livres
E o mundo é vasto
Quantum de energia temos
Se somos matéria?
E para onde vamos
Ao emitirmos luz?
NICKNAME
(Autor: Anderson Almeida Ribeiro)
Estamos todos juntos
E ao mesmo tempo separados
Neste ciberespaço
Onde não existem barreiras
O “eu” desapareceu
E o que sobrou está conectado
Nas páginas irreais
Não nos olhamos de frente
Existe uma máquina
Que nos limita
A dois estranhos juntos
Na mesma emoção
Falta a lágrima, o sorriso, o sal
Num mundo repleto
De nicknames falsos
E os corações?
Onde poderemos analisar?
MEU PAI
Brinquei de Deus e um homem então criei
Forte, valente, intrépido, audaz.
Não um Adônis e nem tão pouco um rei
Mas nele havia de algo, muito mais
Não teria a força hercúlea de Sansão,
Nem de Davi vencendo os Filisteus
Mas teria a força de um feroz leão
Para defender o lar e os filhos seus
Não ergueria torres, monumentos,
Nem seria tão pouco um imperador,
Mas construiria o maior invento,
Um lar honrado onde reinasse o amor.
No seu peito, não haveria medalhas,
Nem distintivos, ornando-lhe o coração.
É que a justiça, neste mundo falha,
Não premiando heroicos cidadãos,
Veja-lhe as mãos da incessante lida
Conte-lhe os calos, e então verão,
Medalhas, troféus, que a própria vida,
Deu como prêmio bordando-lhes as mãos.
Não teria fama nem somaria riquezas
Mas daria conta do trabalho que plantou
E ao caminhar todos diriam com certeza
-Eis que passa pela rua um vencedor
Não seria arrogante, nem pretensioso,
Mas seguro em tudo o que fizesse
Bom companheiro, amigo generoso,
Pois o servir era a sua maior prece
E quando a dor, esta cruel inimiga,
Por três vezes lhe ferisse o coração
Choraria, blasfemaria contra a vida,
Sem jamais perder a fé nem a razão.
Amaria os filhos incondicionalmente
E a esposa, companheira amada,
Reconhecendo que ela bravamente
Lutou com ele, de igual, nesta jornada.
Embalaria os filhos numa rede branca
Cantando valsas à luz de um candeeiro
Aconchegá-los-ia depois em suas camas
Tangendo insetos em cada mosqueteiro
Faria brinquedos, casinhas pequeninas,
Carrosséis, gangorras, cavalinhos de pau,
A maior fogueira, nas noites juninas,
E a melhor festa nas noites de Natal
Assim, brinquei de Deus em minha mente,
Mas que surpresa! Não esqueço mais.
Clonado estava, ali na nossa frente,
A figura amada de você meu pai.
Jailda Galvão Aires
(Rio,11/08/2008
O PRECONCEITO EM VIAS REAIS
As janelas da realidade se abrem
É chegada a hora do crepúsculo
O sol se deita:
Suas faíscas vêm revelar faces obscuras
É retirada a venda do mundo
É desmascarada a crueldade de um olhar...
Daqui, homens se reconhecem
Nas caricaturas da intolerância
Por aqui, desfila o desrespeito
Estampado, etiquetado
Valorizado em última instância
Vagam por essas estradas cruzadas
Passos de preconceito e de dor
As ruas se chocam e projetam exclusão...
As vias são, na verdade, os corações humanos
Guiados, roubados, petrificados
Pelo horror da discriminação
Lara Mangieri
Preconceito maldito!
Um dia quando ia passando
na rua da abolição,
ouvi alguém gritar,
pega o ladrão!
Um negro ia caminhando pensativo,
como andava apressado alguém gritou:
- “é ele o bandido!”
O prenderam então.
Era o único suspeito.
Enquanto o ladrão fugia,
Era um inocente quase linchado,
Por causa dos preconceituosos
que comemoravam a prisão daquele injustiçado.
Paulo SN Santana