ETELVINO RIBEIRO DOS SANTOS
Fonte Livro Coaraci Último Sopro de Enock Dias Cerqueira
Etelvino tornou-se um dos últimos remanescentes da Sapataria Galvão onde trabalhou por apenas quatro anos e meio a partir de 1954. Aproveitou sua experiência e continuou prestando serviços avulsos ora um, ora outro e mantendo seus fregueses, entre eles membros a família Mendes Costa. Etelvino alugou um ponto onde poderia se estabilizar pra desenvolver regularmente seu trabalho, porém, o local foi adquirido mais tarde por Querubim Mendes da Costa, filho de João Vidal. Com o novo proprietário acabava a tranquilidade de Etelvino que tentava encontrar-se com Querubim a fim de legalizar a ocupação ou devolver o imóvel. Os meses se passaram e o encontro tornou-se cada vez mais difícil, agravado depois da eleição de Querubim para Prefeito de Almadina, para onde Etelvino fazia sem sucesso algumas viagens para encontrá-lo.
Transitar com certa frequência em sua bicicleta em frente à casa que Querubim mantinha em Coaraci já estava se tornando uma rotina, embora sem sucesso. Numa dessas viagens o esperado encontro finalmente aconteceu, e foi no dia 22 de agosto de 1964. Etelvino piscando os olhos mais que vagalume em noite de inverno, seu eterno cacoete, conversava demoradamente e descontraidamente com o prefeito até que a história do imóvel entrou na conversa. No final de muita prosa, dizia Querubim: - Etelvino, se eu for pedir um preço justo pelo aluguel você não vai poder pagar! Se eu for esperar uma oferta de sua parte, certamente não vai dar para eu tomar esse trago, (mostrou um copo com alguma bebida), por isso Etelvino, não se preocupe, fique trabalhando lá até quando você quiser!
Etelvino deixou a casa de Querubim conformado, mais, longe da solução que pretendia. Os anos se passaram e morreria Querubim em 17 de novembro de 1976, doze anos depois. Seu irmão, Nilo, que poderia exigir a devolução do imóvel, morreu em 10 de abril de 1978, o mesmo aconteceu com Jirú seu outro irmão que não quis se envolver na história e morreu em 24 de julho de 1983 e Zé Mendes, que faleceu em dezembro de 1996.Posteriormente pessoas interessadas no imóvel fizeram propostas a alguns herdeiros da família, mas todas as ofertas foram descartadas.
Mesmo após sua morte as palavras de Querubim continuaram vivas: Etelvino, não se preocupe, fique trabalhando lá até quando você quiser! Mesmo sem nenhum documento escrito.
PASTOR JESSÉ MARIA DA SILVA E A IGREJA BATISTA DE COARACI
Fonte Livro «A Visão» de Pastor Jessé da Silva
Textos adaptados por PauloSNSantana
No primeiro semestre de 1955, durante o Congresso da Mocidade Batista Brasileira, o Pastor Jessé Maria foi consultado pelo Pastor Antônio Nascimento sobre a possibilidade de realizar uma conferência evangelística na cidade de Coaraci no Sul da Bahia. O convite foi feito e a conferência aconteceu. Então a igreja em assembleia, por unanimidade, resolveu convidar o Pastor Jessé para o ministério da mesma. Aceito o convite ficou acertado que a posse do Pastor se daria em dezembro daquele ano. Casado apenas a dois anos com uma obreira natural de São Luís do Maranhão e que servia em uma igreja em Vitória de Santo Antão, Pernambuco, o Pastor deveria ir a Manaus de onde era natural para apresentar a esposa e a filha do casal com apenas um ano e meio de idade à sua família. Após a festa da chegada Jessé avisou aos pais que deveria voltar em breve para assumir o ministério de uma igreja Batista no interior do Estado da Bahia, na cidade de Coaraci. As alegrias da chegada e a expectativa de viagem para Bahia duraram poucos dias.
Eram dezessete latas mesmo!
Na verdade ele já havia quebrado uma montanha de brita.
Fonte Livro «A Visão» de Pastor Jessé da Silva
PR. JESSE MARIA FALA DE SUA MISSÃO EM COARACI.
Texto de PauloSNSantana
Na noite de quinta-feira dia 26 de Março de 2015, ia passando frente à casa de Wilson Ferreira o popular Wilson Gogó, marido da Professora Valdelice, quando ele chamou-me pra comunicar que o Pastor Jessé estava hospedado em sua casa, se não queria conhecê-lo pessoalmente? Aceitei imediatamente e fiquei de passar mais tarde para conhecer e conversar pessoalmente com o homem que construiu o Educandário Pestalozzi e a Igreja Batista de Coaraci. Cheguei à casa de Professora Valdelice e Wilson Ferreira às 19h e poucos minutos. Eles estavam jantando, mas a filha de casal convidou-me a entrar e esperar na sala de visitas.
Uns quinze minutos depois, surge na sala um homem forte, com traços de índio, muito educado e sorridente, que apertou a minha mão e apresentou-se como o Pastor Jessé. Imediatamente iniciamos uma entrevista perguntando a ele como era Coaraci na época que ele realizou grandes obras educativas e de evangelização na cidade? E ele começou dizendo:
- Olhe primeiramente eu quero dizer ao senhor, quando eu estudava no seminário e li um livro sobre João Henrique Pestalozzi, um educador Suíço que organizou uma escolinha no interior onde a esposa tinha uma propriedade e começou a ensinar as criancinhas, porque ele achava que toda criança devia passar pela escola. E nessa escolinha ele passou a ensinar às crianças pobres da região. Durante o dia ele trabalhava na horta com as crianças e à noite ele ia para a sala, com as palavras que ia usar no dia seguinte nos trabalhos da horta. Ensinar as crianças a escrever aquelas palavras. Foi assim que começou o sistema educacional dele e a pedagogia de transmitir essas informações. Uma educação concreta, uma educação que a criança assimile no dia a dia e possa utilizar essas informações para o viver cotidiano. Era uma pedagogia completa que visava instruir, preparar a criança para o mundo e também um meio de socializar aquelas crianças que viviam desgarradas no interior da Suíça, naqueles tempos muito pobre ainda. Isso criou, despertou no meu coração, o ideal de procurar no interior do Brasil um local onde eu pudesse começar com uma igrejinha bem pobre. Porque eu pensava assim: - se Deus está presente nas vidas das pessoas é claro que ele quer que elas sejam abençoadas e o instrumento para transmitir essas bênçãos é o homem, por isso Ele falou: - aquele que der um copo d'agua a um desses meus pequeninos não ficará sem galardão. E Eu estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos. Então a Igreja presente são os braços de Deus, ela está com os braços distendidos em todas as direções para buscar o homem perdido da sociedade, perdido emocionalmente, perdido economicamente, um escravo do meio ambiente, que não conseguiu meio e recursos para dominar o meio ambiente e transformar esses recursos para a elevação da vida. Elevação essa que só a educação e a tecnologia da ciência podem dar ao homem razoável, aquele que procura adaptar o ambiente a si. Então isso me empolgou e ao chegar aqui encontrei o ideal para implantar esta filosofia, de buscar o homem aviltado, amesquinhado, e transformá-lo em um cidadão. Havia um problema religioso, é que naquele tempo existia um conflito muito grande entre os evangélicos e católicos, então agente nunca era bem recebido. Mas havia certa razão porque também os evangélicos atacavam os católicos. E havia aquela luta entre católicos e evangélicos. Então procurei contato com os lideres da sociedade pra gente acabar com isso. Infelizmente aqui existia um Frade, o primeiro que encontrei aqui, que era muito extremista, mas veio um segundo Frade Franciscano um homem sanguíneo, era uma montanha de homem, forte, robusto, e disposto a luta, eu disse: - é deste que eu quero. Então nós começamos com atritos, mas depois eu falei assim: - Não é possível que dois pastores cristãos só porque são de Igrejas diferentes, precisam dar maus exemplos aos fieis brigando, então eu procurei minimizar o negócio e começamos a nos entender, ele foi embora e veio outro Frade, uma maravilha de Cristão e neste entrosamento foi que o Colégio Pestalozzi se desenvolveu. A minha filosofia para educação era buscar aquelas crianças que não tinham tido condições de estudar, porque naquele tempo como em parte ainda hoje só estudava quem podia, os filhos dos fazendeiros ricos podiam estudar em Salvador, em Vitória etc.
Os fazendeiros e comerciantes organizaram uma cooperativa que se chamava Ginásio de Coaraci e então só os fazendeiros que podiam pagar ou as crianças que os pais podiam pagar era quem estudava no Ginásio, então ficava uma imensa gama de crianças e adolescente sem estudar, sem ginásio sem nada, foi ai que eu entrei com o ideal de organizar uma Instituição do primário ao segundo grau para alcançar essas crianças e assim nós começamos. Deus mandou um homem, um fazendeiro aqui da região chamado Valdemar de Oliveira Garcia que foi um verdadeiro Anjo enviado para nos ajudar nesta obra de construção e organização deste colégio. O colégio cresceu; curso primário, curso ginasial, cursos do segundo grau, curso normal. Eu não pude ficar aqui por mais tempo pois os meus filhos precisavam de curso superior, e aqui não tinha como educá-los, então é a nossa fé. Deus levantou duas pessoas dentro da Igreja: A Professora Valdelice e o Pastor Reginaldo Assis Leal. Então foram esses dois jovenzinhos mesmos, que eu sentindo que era a vontade de Deus indiquei para suceder-me, ela na educação e ele no ministério da igreja, e é essa bênção que o senhor conhece ai. Então as pessoas que deram continuidade neste trabalho, não foram doutores importados de fora, foram crianças daqui de dentro que desde o curso primário frequentaram o Pestalozzi e viram como agente buscava essas crianças, não tinha farda, minha esposa pedia no comercio, pedia aos fazendeiros, para dar a vestimenta para essas crianças, lá no Amazonas chamam de farda aqui eles chamam de uniforme, não é? Então foi assim que o curso primário e o ginasial foram organizados e continuou recebendo o apoio da prefeitura, através da câmara de vereadores, e do prefeito e também da comunidade. Nós registramos o colégio no serviço nacional de assistência social do MEC, recebemos algumas verbas do governo federal, o município sempre colocou uma dotação orçamentária, e nós podemos realizar um trabalho que trouxe muita, muita dignidade para juventude de Coaraci. Hoje agente calcula que uns quarenta mil alunos já passaram pela Instituição Pestalozzi, que prima pelo respeito às leis, pelo respeito ao cidadão, pelo respeito à sociedade, e pelo estudo da ciência. A ciência faz saber e a tecnologia sabe fazer. Tentamos conjugar essas duas coisas para que a nossa juventude tivesse um preparo a altura do desenvolvimento e prosperidade de nosso país. Damos graças a Deus porque a comunidade correspondeu, esses dois lideres souberam escolher também lideres que pudessem aumentar este quadro de participantes, dai veio a ideia de construir um abrigo para terceira idade, uma creche para as criancinhas cujos pais trabalham fora, e um centro de recuperação social para apanhar aqueles que caíram pelos caminhos da vida vitimas do tóxico, do craque, da cocaína, do álcool, e aí estão os braços da igreja, distendidos para buscar os que precisam, de auxilio para se erguer e se tornarem cidadão dignos da terra em que nasceram, e a terra onde nasceram possa ser honrada pela ação destes cidadãos que passaram por esta Instituição.
O QUE O SENHOR PODE NOS FALAR SOBRE COARACI NAQUELA ÉPOCA?
Coaraci naquela época passava por uma crise muito séria no preço do cacau, mas muito série mesmo. O povo havia empobrecido e a dificuldade era construir um edifício que servisse de paradigma para a educação e também pudesse abrigar crianças e adolescentes que não tinham escola então o problema era este, a destituição econômica da região e a dificuldade de construir. Mas nós evangélicos confiamos no poder de Deus, um Deus que nos vê, um Deus presente, então nós começamos a construção, foram aparecendo os enviados de Deus para nos ajudar e o primeiro deles foi Valdemar de Oliveira Garcia, um grande homem, um coração magnânimo debruçado sobre o futuro da juventude. Joaquim Almeida Torquato também foi um grande homem, nós tivemos a ajuda dele como prefeito, tivemos também Jairo Góes que nos ajudou muito, e muitos outros prefeitos também contribuíram conosco. Mas inclusive a atual prefeita está ajudando muito na educação fundamental do colégio e também na creche essa obra que só engrandece a comunidade, só educa as crianças e a juventude e só abençoa aqueles que batem em suas portas.
QUANTOS ANOS O SENHOR VIVEU EM COARACI?
21 ANOS. O atual Pastor já está há 38 anos. Eu sai daqui pela educação dos meus filhos. Já que meus filhos precisavam de educação superior e eu não tinha condições de dar a eles eu fui aventurar um mestrado na Universidade Federal para o curso de Linguística. Eu tinha terminado o curso de Letras com Inglês aqui na Faculdade de Itabuna, naquele tempo ainda não havia a Universidade Estadual de Santa Cruz, então eu fui fazer o mestrado para adquirir condições de pegar o ensino superior que pagava melhor, fui aprovado, fiz o mestrado e consegui contrato com três Faculdades Particulares, consegui também uma Bolsa do CNPQ e foi isso que me deu condições de fazer o mestrado na Universidade Federal.
COMO FOI SUA ASCENSÃO PROFISSIONAL?
-Como professor fui trabalhar fincar raízes e conseguir recursos para proporcionar ensino superior para os meus filhos. Como Pastor trabalhei como Co-Pastor de uma Igreja de Engenho Novo por 10 anos, porque não tinha compromissos de estar presente nos trabalhos internos. O trabalho impedia-me de estar presente em todos os momentos. Aí foi quando a Igreja de Laranjeiras me convidou, mas eu nunca deixei de trabalhar, porque as Igrejas não têm condições de sustentar o Pastor a sua família e inclusive oferecer curso superior. Então o Pastor casa e assume a responsabilidade de pai de família e tem que trabalhar para manter a sua família e adquirir recursos para sua educação, foi o que eu fiz ai eu fiquei assistindo a Igreja como auxiliar, e trabalhando durante a semana para sustentar a minha família.
POR FAVOR NOS FALE DE SUA FAMÍLIA.
-A minha primeira esposa Maria de Lourdes Ramos da Silva já é falecida, tivemos três filhos a primogênita Maria Ramos da Silva Espolidoro, que é Advogada, o segundo filho Elton Ramos da Silva que é Engenheiro Mecânico, domina essa tecnologia de ponta, chegou a ser gerente de qualidade na multinacional na fabricação destas plataformas, e o irmão dele é Engenheiro, e tem a mesma qualificação. Chega a gerente de controle de qualidade de multinacional, na fabricação de plataforma e montagem de refinaria de petróleo.
O SENHOR FORMOU-SE EM?
-Sou Bacharel em Teologia pelo Seminário de Recife, Formado em Letras com Inglês, sou Especialista em Literatura Brasileira e Teoria Literária, tenho Mestrado em Linguística na Universidade Federal do Rio de Janeiro, e sou Master Arquiministro pelo Grupo de Seminaristas em Atlanta George Estados Unidos.
SOUBE QUE NAQUELA ÉPOCA O SENHOR FEZ UMA VIAGEM AO EXTERIOR PARA CONSEGUIR RECURSOS PARA A IGREJA BATISTA DE COARACI É VERDADE?
-Em 1964 com a revolução trancaram o crédito e eu não pude mais jogar, cheguei a dever “Dez Milhões de Cruzeiros”, era inflacionado, mas também era muito dinheiro. Eu não tinha como pagar. Aí eu Orei a Deus pedi uma orientação e o que veio no coração foi isso: - Vai aos Estados Unidos que você vai conseguir este dinheiro. Lá eu tinha o meu Pai na Fé, um missionário que atuou no Amazonas ele e a esposa. Escrevi pra ele que disse olha eu aqui vivo de aposentadoria, mas se você tem fé em Deus venha que agente consegue. Eu fui e voltei com o dinheiro no bolso para pagar. Agente sabe que Deus é um Deus que ajuda aqueles que se esforçam.
QUAL A SUA OPINIÃO SOBRE A ATUAL CONJUNTURA POLITICA BRASILEIRA?
Infelizmente nós passamos por um período de dificuldades econômicas e também politica, é que os nossos políticos, eles não estão conseguindo organizar politicamente o país. Existe um atrito entre partidos políticos, também os lideres não tem sido muito honestos, passam pelo processo da corrupção esvaziando os recursos das Instituições que são o sustentáculo do emprego no país. E isso tudo soma uma crise politico-econômica-social de proporções que eles não estão conseguindo controlar. A nossa Presidente muito embora seja uma pessoa muito boa eu gosto muito dela, mas ela não esta conseguindo harmonizar o Congresso com o Poder Executivo, de maneira que o esforço convergente ajude a organizar politicamente o país porque a crise econômica é decorrente da desorganização politica. Mas este país que é rico de sobra, com certeza vai encontrar o caminho. Eu fiquei muito animado com a declaração que a Presidente fez de que estava aberta ao diálogo, e quem tivesse uma ideia levasse para que fosse executada depois de passar pelo crivo da participação discursiva do Congresso Nacional. Então isso é uma abertura, quando eu chamo para o diálogo é que eu estou pedindo ajuda aos outros, para formarmos um bloco de poder politico, genuíno, honesto para tirar o país de um caminho que não esta trazendo segurança ao povo brasileiro.
QUAL A SUA IMPRESSÃO SOBRE A COARACI ATUAL?
Melhorou muito, melhorou muito, muito embora agente veja que aqui e acolá tem um lixinho, mas isso é de todas as cidades e capitais. Mas Coaraci melhorou muito, especialmente no fator educacional. O Educandário Pestalozzi ele foi planejado para levantar a educação. Porque aqui era o seguinte, a professora era nomeada, mas ela tinha que alugar um salão para ministrar suas aulas, e só podiam alugar aqueles salões bem baratinhos, era uma tristeza, então nos pensamos não é possível que uma função tão importante coloque seus alunos em lugares tão inadequados. Então nos tínhamos um planejamento para um Edifício de 17 salas, com salão nobre, e começamos a construir o edifício da educação. E depois é que começamos a construir o templo porque eu acho que orar a Deus, buscar a Deus eu posso fazer até no meio da rua, agora educar crianças é preciso de um ambiente adequado. Então vamos orar a Deus? Vamos. Mas vamos olhar pelas crianças logo, logo, não vamos esperar o amanhã não. Logo vamos fazendo com o melhor material com o melhor proposito, para que as crianças tenham uma melhor educação. Então primeiro construímos o edifício da educação depois construímos o templo e hoje nós estamos procurando ampliar esta visão para melhorar a qualidade da educação, possivelmente no futuro com uma Faculdade de Tecnologia e Ciência. Deus sabe o que é. Nós temos a fé temos e o ideal, esperamos que Deus nos dê os recursos e mande as pessoas adequadas para realizar esta obra. Porque em uma Faculdade Tecnológica existe muito saber Cientifico e Tecnológico, mas tudo é possível para quem crê. Isso não vamos fazer de imediato, e sim em longo prazo, vamos formular o ideal, um projeto e essa juventude que esta estudando, que esta se preparando, também vai contribuir para se tornar realidade esse ideal, porque Coaraci vai emendar no futuro com Itajuípe, Itapitanga, Almadina e quando a mocidade desta geração chegar eles encontrarão a melhor Universidade da Região. Vamos trabalhar pra isso.
O SENHOR SABE QUE COARACI É UM DESTAQUE NAS UNIVERSIDADES DA REGIÃO?
Uma coisa interessante é que as duas primeiras Mulheres a serem graduadas pela Faculdade de Filosofia de Itabuna foi a minha esposa Maria de Lourdes da Silva e a Professora Cândida Coelho que se casou com um Juiz. Então foram essas duas senhoras em 1954, as primeiras a receberem o Grau de Pedagogas pela Faculdade de Filosofia de Itabuna. Para minha mulher poder fazer isso ela passou um ano no Recife terminando o segundo grau, para poder fazer vestibular. Quando ela chegou fez o vestibular para o curso de Pedagogia para poder dar base cientifica e tecnológica a Fundação do Colégio Pestalozzi que iria projetar a educação de Coaraci. Ela passou um ano lá, e eu fiquei aqui com as crianças, e comecei a construção em 1960.
PASTOR QUANDO NÓS VEMOS CINCO DEZ ÔNIBUS CONDUZINDO ESTUDANTES PARA AS UNIVERSIDADES, VOCÊS IMAGINAVAM ISSO ACONTECENDO NOS DIAS DE HOJE?
Meu irmão olhe primeiramente o pensamento, como disse um Poeta Inglês, “em todo mundo se sabe que o progresso começa num mero desejo baseado no sentimento.” ("Worldwide is known to progress begins a mere desire based on the feeling."). Então temos que primeiramente preparar intelectualmente, é um ato intelectual, depois deste ato vamos nos capacitar para alcançar este ideal. Primeiro é um estado de espirito. Depois vem a luta para adquirir competência, tecnicidade para fazer a obra, é o primeiro passo para então começar a prosperar. Esse saber cientifico se transforma em aptidão tecnológica para promover o progresso. De um nada, pouco, a ciência transforma num manancial de recursos sem limites, por quê? Pela tecnologia. Antigamente, eu me lembro de que só se comia galinha aos domingos, veio a tecnologia e hoje é alimentação mais barata. Então a ciência e a tecnologia é quem promove a prosperidade. Nós temos aqui, o Rio Almada, ele geralmente tá seco. Mas se cavarem profundamente tem água de sobra para se criar uma indústria de peixe. E com essa energia cara? Temos a energia solar. Então energia solar com o Rio Almada, se transformaria num vale de criadouro de peixe para fartar o sul da Bahia. O que esta precisando? Ideal, tecnologia e saber cientifico e pessoas preparadas para fazer acontecer. E não vamos esperar ou importar doutores de fora não. Vamos formar os nossos doutores aqui mesmo. Vamos esperar que as nossas Universidades transmitam o saber e a tecnologia. “A ciência faz saber, a tecnologia sabe fazer”.
QUAL A SUA MENSAGEM AOS LEITORES DO CADERNO CULTURAL DE COARACI?
Meus queridos Coaracienses eu tenho muitas saudades desta Terra, Terra da Promissão, é como aquele livro de Adonias Filho: “Léguas da Promissão”, é um livro muito bem escrito, então, eu tenho muitas saudades dessa gente, esse povo daqui é muito bom, muito doce, é um povo que nos acolheu com muito carinho, e quando eu chego aqui, meu coração bate forte, porque eu estou no meio da minha gente das pessoas que eu amo, das pessoas que ajudaram a erguer esse trabalho, a Igreja Batista, que no começo era formada só de pessoas bem simples, mas cheias de fé. Hoje a geração daqueles que já se foram, são os baluartes deste trabalho, cheios de ideal para transformar Coaraci numa grande cidade cada vez melhor. Fim.
Agradecemos ao Pastor Jessé, pela cordialidade em nos atender e aproveitamos para dizer a ele o quanto o Coaraciense o respeita e admira. E ele concluiu:
Quando eu chego aqui, eu amo esse povo, é a grandeza do povo de Coaraci, do povo Baiano, eu adoro o povo baiano.
Obrigado Pastor Jesse.
Ele responde: - Meu querido foi um prazer.
BIOGRAFIA DE RICARDO REIS
Filho de Manoel Estevam dos Reis e D. Joana Marta dos Santos, nascido em dois de setembro de 1931, natural de Itabuna, filho de família humilde, aos seis anos de idade perdeu o pai, ficando viúva a sua mãe, com dois filhos menores, Augusto com dez anos de idade e Ricardo com seis anos. D. Joana sem nenhum recurso financeiro resolveu vir para Itacaré, hoje cidade de Coaraci, no dia 11 de abril de 1940. Por sorte encontrou seus conterrâneos da família Ramos, os senhores Enock O. Ramos e Manoel Oliveira Ramos, ambos deram total apoio tratando-os como parte de suas famílias.
Ricardo aos doze anos aprendeu a arte de tamanqueiro, foi sapateiro, mais tarde carpinteiro e marceneiro e eletricista, por iniciativa de seus amigos Aumerio Bráulio e o saudoso “Zé da Luz”, mas tarde, resolveu fazer um curso de rádio técnico no I.R.T.M em São Paulo, com a colaboração do saudoso Antímio Oliveira, foi aprovado e trabalhou na profissão por vinte e cinco anos.
Casou-se com a Sra. Elza e com ela vieram quatro filhos, Risomar, Robeval, Ednaldo e Emanuel, hoje todos casados. Ainda ficaram com a guarda dos sobrinhos William Cezar e Neide, que foram educados e também estão casados.
Ricardo como filho adotivo desta cidade, não deixou de prestar serviços fundamentais junto com sua esposa a esta comunidade, em especial a juventude, a trinta e três anos ficou à frente do grupo de escoteiros. É religioso Congregado Mariano e Cursilista. Na área politica participou como candidato a vice-prefeito. Na área social há anos atrás foi presidente do Mobral, do Lions Clube, do Grupo de Escoteiros, da Filarmônica St. Antônio de Pádua, dos Produtores Rurais da Mangueira. Prestou serviços ao Poder Judiciário, como vice coordenador do Conselho Tutelar, Agente Voluntário de Proteção ao menor. Atualmente é Técnico de Jardinagem e Paisagismo, Conselheiro Municipal do Meio Ambiente, Colaborador do Programa Ambiental para salvar o Rio Almada, é sócio remido da Associação Cultural de Coaraci e integrante da Loja Maçônica Filhos da Acácia.