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O COMUNISTA

 

Eu fui lá no Cardiopulmonar olhar a caixa dos peitos e pedir ao nosso querido Antonio Carlos para dar uma escutada nessas vias aéreas castigada anos seguidos e irresponsáveis (confesso-o) pelos vapores do álcool e a fumaça daninha do venenoso cigarro. Faz como eu gente! Deixa de fumar e de beber. Melhor nem começar! Porque? Do meu time só tem eu de há muitos anos. Cuidado! Você pode não ser um único eu!...Com sinceridade. Não quero ser como o caso de Jurguta:” Satanás pregando quaresma. ”Lá no consultório do Dr. Antonio Carlos Moreira de Lemos (aqui, nada de apelidos) Lembrei do pai dele meu velho amigo: Helvécio Lemos era (ao que se sabia) o único comunista de Coaraci. COMUNISTA???!!!

De boca pequena o povo comentava. Cuidado! Cuidado com eles! Se “eles” ganharem, vai todo mundo preso e depois some todo mundo e ninguém dá noticias. Assim, no espaço num falhar de olhos, “eles” dão fim ás pessoas, aos adversários. Não fica ninguém. Você viu com foi lá na Rússia? E o “criminoso” do Fidel Castro? È preciso ter muito cuidado.

Helvécio era tido como inteligente, lido e conhecedor profundo dos princípios do governo do povo pelo povo. Conhecia o manifesto de Prestes e dizia até que conhecia profundamente o famoso e difícil “Das Kapital” (não é assim?) Marx para ela era o gibi! Um perigo na cidade.

Mas aquele meu amigão capitalista, fazendeiro, próspero comerciante, dono de uma das maiores lojas do comércio de Coaraci, tomou um dia umas pitangas no Bar novo Mundo do amigão João Reis e se abriu, declarando aos quatro ventos: - eu também sou cumunista! Aqui em Coaraci são dois eu e Helvécio. Dizem as más línguas que o desabafo do álcool era por que todo comunista (olha ai o Helvécio!) era inteligente e culto como o Carlos Mariguela, Jorge Amado para citar só dois.

--- Mas fulano? Nunca soube que ele voltou no partidão.

---Que nada rapaz! Deve ter sido “ela” lá no bar de João.

O povo já dizia até onde seria o “Campo de concentração” em Coaraci, Ia ser no campo de futebol. Quem fosse condenado ( ou escolhido?)era preso ali e de lá ninguém mais dava noticia. E todo mundo ia perder tudo. Fazendeiro de cacau e proprietário de qualquer coisa nunca mais. Ia tudo para governo. E viria gente de fora para dirigir as propriedades.

E Helvécio lá em cima!

E agora também o novo comunista.

E o Inacreditável futebol Clube é que houve a eleição e depois da eleição o novo comunista lá no bar, tomando as suas pequenininhas, anunciou de peito cheio:

---Eu votei foi em Ademar de Barros!! Só ele pode salvar o nosso Brasil! Pouco depois estabeleceu-se em Coaraci o verdadeiro PARTIDÃO. E parece até que foi fundada uma célula pelos novos e ferrenhos adeptos com o nome modificado como se mandava fazer.

Deles destacamos os apelidos “Jacaré e China” e mais uma nova Oriunda do jornal “ O Momento”, aquele de Mariguela e Giocondo Dias a dona Vitória que se dizia apenas “ simpatizante”.

Os novos Comunistas não votaram em Ademar de Barros ou Antonio Carlos Magalhães

Por: Eldebrando Moraes Pires

 

A FESTA DA PADROEIRA

 

Por Carlos Bastos Junior (China)

 

Neste mês de fevereiro, na Cidade de São Salvador da Bahia de Todos os Santos, tem um dia de festa consagrado a uma divindade, a Rainha do Mar. Odoiá, Yemanjá!.

Também, no mesmo mês, numa cidade não tão distante do litoral, há outro festejo para saudar uma santidade. É a festa de Nossa Senhora de Lourdes, em Coaraci. Período em que os fiéis e devotos prestam homenagens à Maria Mãe de Jesus, que apareceu à pequena camponesa Bernadete de Soubirous, na gruta de Massabielle na cidade de Lourdes - França, no dia 11 de fevereiro de 1858. Não pretendo, nem devo discorrer sobre o sagrado, pois me falta conhecimento religioso para tal. Quero apenas, num breve exercício de memória, relembrar de como era maravilhosa a festa da padroeira da nossa querida cidade. O entorno da Igreja matriz transformava-se num grande centro de diversões, não devendo nada aos da cidade de Orlando - EUA. O nosso poderia não ser mundialmente famoso, mas com certeza era mais aconchegante e divertido.

Os parques eram itinerantes e no tempo de festas se instalavam com seus diversos equipamentos proporcionando diversão e alegria a todos os gostos e idades. Destacavam-se os parques Ouro Verde, pertencente à seu Ângelo e o Parque Dois Irmãos, cujo proprietário não me recordo. Era tudo felicidade. As barcas, penduradas em barras horizontais faziam o movimento de vai e vem impulsionadas por cordas que eram puxadas pelos próprios usuários, provocava uma sensação maravilhosa de liberdade. A sombrinha, que girava em torno do próprio eixo, com uma velocidade suportável para as crianças de menor idade e o sombreiro mexicano em alta rotação para os adolescentes e adultos. A brincadeira mais divertida neste ultimo era impulsionar com os pés (dar balão) a cadeira da frente para que o vizinho voasse o mais alto. Imponente, a roda gigante girava verticalmente com suas luzes coloridas, num espetáculo multicor, proporcionava uma bela vista panorâmica da cidade. O carrossel, com seus alazões feitos em madeira, emparelhados, que giravam e faziam o movimento de subida e descida, numa agradável e divertida cavalgada.

Mas não podiam faltar as barracas, estas com o piso coberto de pó de serra, onde eram servidas comidas e bebidas em mesas com seus tamboretes quadrados de madeira, e suas radiolas tocando musicas diversas. Só não competiam com o som dos alto falantes do parque, onde se ouvia Waldik Soriano, Paulo Sérgio, Wanderley Cardoso. Lindomar Castilho, Odair José, Agnaldo Timóteo, Roberto Carlos e tantos outros cantores românticos. Era comum oferecer uma “página musical” para o amado ou amada, ou até mesmo para alguém que se estava querendo namorar.

O parque também era um verdadeiro cassino ao ar livre, se praticava jogos de roleta, de dados, de cartas, de tiro ao alvo Jogos de todo tipo para satisfazer os desejos dos jogadores. Tinha uma brincadeira na qual se comprava alguns aros e jogava para laçar uma ou mais carteiras de cigarros ou caixas de fósforo com dinheiro, levava o que se conseguia laçar. Tudo era alegria.

Artistas independentes se incorporavam ao universo da festa promovendo seus admiráveis espetáculos. A mulher macaco era a mais prestigiada. Utilizando truques de espelhos e jogos de luzes, transformava-se diante um público apreensivo numa feroz gorila, se batendo e ameaçando arrebentar a jaula pondo em polvorosa os espectadores mais temerosos.

Havia ainda a mulher sem corpo, onde só se via uma cabeça de mulher sobre uma mesa, numa bandeja tal qual a capa do primeiro disco do grupo musical Secos & Molhados. Foi numa dessas apresentações que o Sr. Zeca Lucio, com toda a sua genialidade, resolveu desmascarar a farsa, coisa que só os gênios indomáveis são capazes de fazer e com um equipamento de luz infravermelha comprovou que tudo não passava de um truque feito com jogo de luzes. Foi um deus nos acuda. O candomblé elétrico, com seus bonecos vestidos e paramentados com as indumentárias dos orixás oferecia um belo espetáculo de se ver. Os leilões e bingos eram diversões a parte, a barraca principal da festa sempre foi a de responsabilidade da paróquia com sua quermesse e leilões de frango assado, porco assado, e até outras doações feitas pelos fiéis para arrecadar fundo para os trabalhos pastorais da igreja.

Tinha algodão doce, a famosa pipoca de Gonzaga, o acarajé de dona Margarida, os roletes de cana da dona Ana. Os roletes de cana além de serem saboreados serviam ainda para uma travessura romântica. Quando uma garota passava os rapazes jogavam o bagaço da cana no cabelo, caso ela não se zangasse, era a senha para o inicio de uma paquera com as bênçãos de Nossa Senhora de Lourdes.

Assim era a festa da nossa padroeira. Ave Maria, Senhora de Lourdes!

 

 

O CIRCO CHEGOU EM COARACI!

 

Alegria dos palhaços, as mágicas surpreendentes, as trapezistas o globo da morte. O Circo Chegou!!!

Já passaram muitas companhias por Coaraci: Circo De Mônaco, Circo De Itália, Circo Das Feras e muitas outras. A magia dos circos atraía o povo coaraciense. A experiência mais importante em Coaraci foi da Companhia Nerino. Os palhaços com suas performances espalhafatosas, piadas engraçadas conquistavam imediatamente as crianças os idosos e adultos.

Hoje tem espetáculo?

Tem sim senhor!

E o Palhaço Picolino? É homem ou menino?

Quando chegavam em Coaraci, os Circos preferiam lugares amplos espaçosos, para armarem as suas tendas. Os carros coloridos, caminhões e ônibus, chegavam conduzindo artistas de várias nacionalidades. Os animais as feras chamavam atenção e despertavam curiosidade. Os Circos foram armados onde hoje é o Estádio Barbosão, onde hoje está localizada a Estação Rodoviária na Praça Jairo Góes e onde está construído o Banco do Brasil.

Os Grandes Circos se foram. Mas ainda continuam chegando pequenos circos, que hoje se instalam na Praça de eventos situada na Avenida Joana Angélica, perto do Ginásio de Esportes.

Texto. PauloSNSantana - Fonte/Histórias de Coaraci pesquisas e entrevista.

 

 

CAUSOS ENGRAÇADOS DO FUTEBOL AMADOR DE COARACI

 

Material cedido por Jorge Rocha

 

Termina ou não termina?

 

Conta-se que numa certa partida de futebol, realizada na Fazenda Macacos de Simão, era de costume do time da casa indicar um árbitro “da panela”, da família de Simão, para apitar os jogos. O jogo iniciava normalmente e a partida de futebol transcorria com tranquilidade, sem problema nenhum. Porém, quando o time da casa estava empatando ou perdendo o jogo, o árbitro marcava o tempo normal no primeiro tempo e no segundo tempo, o jogo só terminava quando o time da casa virasse o jogo caso tivesse perdendo e fizesse um gol caso estivesse em iguais condições no marcador; escurecia e o dono do campo, conseguia colocar uns candeeiros acesos ao redor do campo, para que o jogo não acabasse. Certa feita, um jogador do bairro da Feirinha, acabou com esta tradição, pois no segundo tempo, ele fez um gol ao escurecer e fechou o “caixão” do time da casa, fazendo o segundo gol com a tranquilidade de um craque, chutou na gaveta e ampliou o placar em 2 a 0 para o time da Feirinha. Aí vocês já devem ter imaginado o final dessa história... foi um “Deus no acuda” e o jogo teve seu fim.

Quem manda Aqui...

Lá pelos meados do ano de 1990, na Fazenda Bom Princípio na região do Brejo Mole, foi realizado um torneio de futebol com a participação de equipes de Ibicaraí, Almadina e Coaraci. No final do evento, o dirigente de uma equipe de uma fazenda próxima ao campo, ficou na beirada do palco do espetáculo, imponente e autoritário, com um revólver na cintura, dizendo em alto e bom som que seu time não sairia perdedor dali de forma nenhuma; que ele resolveria do seu jeito, da maneira dele. Bateu na cintura com imponência e mostrando seu trabuco, gritava: “EU MANDO AQUI”.

Acontece que para todo valente tem outro mais valente ainda. Surgiu do outro lado do campo (este campo não tinha arquibancada nem alambrados, era bem pequeno, todo aberto e a torcida ficava na beira do campo mesmo!) outro dirigente que o rebateu com um grito, dizendo:

- Aqui quem manda sou eu, meu time é melhor! Mesmo porque meu time tá ganhando, continuará ganhando! Seu Juiz pode continuar o jogo, eu e meus amigos aqui, estamos lhe dando proteção! Avante companheiros! Aqui quem manda sou eu, completou o dirigente!

 

VIDA DE ROÇA

 

De Enock Dias.

 

Coaraci havia completado 85% de sua plantação de cacau por volta de 1930/31, quando muitos moradores insistiam em chamar o povoado de Macacos em vez do nome Beira do Rio como era conhecido desde 1919/20.

Barcaças, cochos, armazéns, secadores, pastos, casas-sede e todas as demais benfeitorias já estavam em plena atividade, dando sustentação a uma produção anual muito próxima, ou talvez, superior a 800 mil sacas no final da safra de 1952. A todo este poderio econômico-social, somavam-se 40 mil reses, apenas, nos currais de Antônio Barbosa Teixeira, Odilon Pompílio, Clarindo Teixeira, José Olegário, Chafic Luedy e João Vital Mendes, sediados na região do Rio do Ouro e Ribeirão do Terto, que exigiam algo em torno de 28 mil burros, mulas e cavalos para auxiliar nos trabalhos de campo, de roça e no transporte de pessoas através de suas estradas, onde eram utilizadas 16 mil cangalhas, três mil selas, além de uma infinita quantidade de cabrestos, caçuás, laços, tacas, cruvelanas, estribos, loros, rabichos, já produzidos na vila a partir de 1940. Oito mil esporas, sete mil chapéus das marcas Cury especial, Prada e Ramezzoni protegiam as cabeças de seus proprietários, além de 13 mil facões, boa parte deles, da marca corneta três-bandas de vinte e duas polegadas, fabricados pela Solingen alemã.

Duzentos e vinte e tantos mil galos, galinhas, pintos, gansos, patos e perus saíam de seus poleiros às primeiras horas do dia para ciscar cada decímetro quadrado de chão orvalhado à procura de qualquer tipo de inseto pra variar seu cardápio, tendo a proteção de trinta e dois mil cachorros vira-lata, mas, com especialidade em perseguir implacavelmente raposas, lontras ou saruês que tentassem se aproximar da criação.

O século XX ainda não havia alcançado a sua gloriosa metade, mas estava no apogeu de seus anos. A mata atlântica, com toda a sua imponência, dava sustentação a toda aquela gente que viveu em meio aos mais belos exemplares de jacarandás, paus d’arco, cedros, sucupiras que, como as demais, tinham suas raízes fincadas no solo negro que ajudava a formar a mais rica e bela biodiversidade do planeta.

O Rio Almada, em suas primeiras caminhadas, abandonava as profundas entranhas milenares e saía em direção das terras mais baixas para poder distribuir suas águas escuras até alcançar os limites do distante Atlântico. Era uma época em que o prazer do desbravador coaraciense não dependia da quantidade de arrobas produzidas em suas terras ou do número de reses existentes em seus currais. Independentemente do tamanho ou da localização, o grau de alegria estava presente em cada rosto, onde o cheiro do cacau em fermentação ou do mugido do bezerro à procura da mãe, tinha o mesmo significado. A movimentação tinha início em plena escuridão da madrugada, quando o galo, ainda no alto do seu poleiro, espalhava seu canto forte e prolongado por toda a criação menor, indicando que a ordem no terreiro seria mantida para o dia que se iniciava. Um vulto de mulher surgia na escuridão da madrugada, saindo ou chegando em alguma casa, abrindo ou fechando uma cancela, lavando ou batendo roupas à beira de um riacho de água fria, e lançando às suas costas a sombra de seu próprio corpo formada pelo astro-rei em suas primeiras horas do dia. Havia sempre alguém puxando, tangendo ou ajustando um caçoa ou cabresto em algum animal já domesticado. Havia sempre um trabalhador, abrindo ou revirando as amêndoas do ouro negro em alguma barcaça, ao lado de outro que melhorava pacientemente o corte de seu facão, de sua foice ou escovando a cangalha, a sela ou as arreatas utilizadas na longa jornada do dia já adormecido. Havia sempre um homem consertando o arame de alguma cerca ou realizando qualquer tipo de trabalho antes dos primeiros vestígios da noite que já se aproximava, onde a determinação parecia nunca ter fim.

 

 

O BAR E SINUCA DE ABDALA

 

Texto adaptado por PauloSNSantana.

 

Fontes: Texto de Carlos Bastos em Junho de 2011 Entrevista com Renato Fraife.

 

O Sr. Abdala Brid Fraife, nasceu em Salvador na Bahia onde morou na Cidade Alta, filho de José Fraife e de Rita Brid. Nos anos 30 vem para Coaraci, onde se estabelece e conhece a Senhora Vanda Fontes com quem se casou e tiveram três filhos: Renato, Luiza e Marcia. Abdala gostava de brigas de galo e de jogar sinuca. Praticava este esporte diariamente em seu Bar, que era um local de encontros de amigos e aficionados pelo jogo. O Bar de Abdala era frequentado por apreciadores de sinuca, lá era exigido respeito e ninguém podia permanecer sem camisa. Os frequentadores queriam jogar e apreciar as excepcionais jogadas dos mestres da sinuca. O Bar de Abdala era um palco onde se apresentavam os melhores e mais respeitados jogadores de sinuca do da Região Cacaueira. Lá se encontrava jogadores do quilate de Rato Branco, Serrinha, Carne Frita, Ratinho, Jesus, Manoelzinho, Silvestre, Gerson, Bombaim, Rui Chapéu, Michelin, Justo, e Padre Véi.

O jogador de futebol Perivaldo, famoso na época, veio a Coaraci para conhecer estas feras, e saiu impressionado com o que presenciou naquele espaço. Abdala foi incomparável, um campeão que jogava com maestria, como se o taco fosse parte de seu corpo. Sabia como ninguém encaçapar uma bola. Costumava ganhar sempre, e contra ele não havia adversário à altura.

Era um mestre genial. Seus adversários quase sempre admiravam as suas incríveis jogadas. Independente dos adversários jogava com a mesma disposição.

Mas aquele tempo passou, e hoje alguns jogadores aposentaram-se, outros perderam o interesse, muitos deixaram este mundo, e o nosso amigo Abdala nos deixou também. O Bar de Abdala hoje pertence às suas filhas Luiza e Márcia, é um ponto de encontro, onde se reúnem pessoas da sociedade coaraciense para um bate papo sadio.

 

COMETA HALLEY & ECLIPSE EM COARACI

 

Texto adaptado por PauloSNSantana

 

Em abril de 1910, um fato de rara beleza quebrou a rotina e privilegiou os moradores de todo Sul da Bahia: a passagem do cometa Halley. Ninguém encontrou palavras que pudesse descrevê-lo com fidelidade, tal a beleza de sua imensa cauda prateada de mais de 300 milhões de quilômetros de extensão, quando fora interceptada pela terra em sua translação anual em torno Sol. À noite, o brilho de sua cauda ocupava metade da abóboda celeste provocando sombra nos objetos. Em seu esperado retorno, em 1986, um imenso aparato técnico fora montado para estudos mais detalhados, mas, dessa vez sua passagem fora muito discreta, visível apenas a alguns poderosos instrumentos de observação ótica. Cometas são corpos errantes que vagam pelo espaço em longas órbitas elípticas, deixando em seu caminho imensas caudas que chegam a atingir milhões de quilômetros.

Outro fenômeno que se constituiu em mais um inesquecível dia para os habitantes de Coaraci foi o eclipse total do sol, em 20 de maio de 1947,quando a cidade foi incluída em sua zona de escurecimento máximo. As primeiras manifestações tiveram início às 9h20m, com a lua bloqueando lentamente a luz do sol, impedindo-a de chegar a terra. A cada minuto, os raios solares iam sendo interceptados pelo disco lunar, e consequentemente obrigando a suspensão das aulas, levando o comércio a fechar as suas portas, as aves retornaram aos seus ninhos e poleiros. Às 9h32m, a escuridão, já era total, as estrelas ressurgiram no céu com todo o seu esplendor, como se fosse uma noite de primavera. Com a volta da normalidade, os moradores saíram às ruas, abandonando, seus vidros esfumaçados e à procura de explicação mais lógica para o fenômeno. Nas fazendas, trabalhadores e proprietários foram surpreendidos dentro das roças, embora o fato tivesse registro em todos os almanaques da época. A escuridão e o isolamento trouxeram medo e pavor para aqueles que se preparavam para colher os primeiros frutos da safra de 1947. Fonte: Livro de Enock Dias – Coaraci Ultimo Sopro.

 

TRÊS ALMOÇOS

 

Fonte: Livro Coaraci Ultimo Sopro de Enock Dias

 

Texto adaptado por PauloSNSantana

 

A dureza do trabalho nas roças exigia das famílias praticamente três almoços diários. O feijão, base dessas refeições, era preparado com muito toucinho e jabá, especialmente a da marca Rio Grande, que se destacava através das mantas compostas de dois pelos. Possuía cheiro e sabor extremamente agradáveis, e era produzida no Rio Grande do Sul. Esse charque era largamente consumido em forma de churrasco como acompanhamento do próprio feijão, ou com banana da terra, aipim, inhame, ou simplesmente com a própria farinha de mandioca, em forma de farofa, o que dava indicação de que não havia muita diferença entre café da manhã, almoço ou jantar. Eram refeições reforçadas e de acordo com o pesado trabalho empreendido em suas lidas diárias acompanhado de uma variedade de frutas entre elas: laranjas, bananas, jacas, tangerinas, limas, abacates, cana-de-açúcar, consumidas enquanto trabalhavam. De algumas frutas, se aproveitava até o bagaço.

O feijão era preparado e consumido nas roças quase sempre na primeira refeição. Na maioria das vezes, esse feijão era levado até aos locais de trabalho, outras vezes, era preparado em galpões dentro da própria roça com os mesmos ingredientes que lhe garantiam o tradicional sabor, melhor ainda, quando era consumido debaixo de uma árvore frondosa, e usando sem nenhuma cerimônia... As mãos.

Além do feijão tradicional, a fava, o feijão de corda, o andu, o mamão, a abóbora, verduras e hortaliças também faziam parte da cultura de subsistência.

Embora não representasse um fato rotineiro, grandes banquetes eram oferecidos em algumas fazendas coaracienses, especialmente quando haviam convidados ilustres.

Leitões, perus, novilhas, a depender da época do ano peixadas com grandes pitus, traíras, jundiás, piabas, camarões, cuidadosamente preparados e servidos durante longas e divertidas prosas.

Para as moquecas, bastava colocar um jequi, introduzir um anzol, arrastar um jereré ou uma rede em 10 ou 12 metros de rio para fisgar muitos peixes e crustáceos agitados em suas malhas, principalmente nos períodos das enchentes, quando a quantidade tornava-se bem maior.

A fatada e a viúva de carneiro, por exemplo, eram preparadas com miúdos, que no sertão da Bahia é conhecida como mininico, essas iguarias consumidas nas roças eram trazidas para Coaraci pelos fazendeiros despertando o interesse e o apetite das famílias.

A tripa frita de porco de tão apreciada, provocava uma revolução dentro da família, era consumida semelhantemente ao jabá. O frango criado solto nos terreiros era outro grande manja. Ciscavam o chão junto com os outros animais procurando seu alimento e faziam parte do cardápio do homem da roça, servido frito, recheado, assado ou ao molho pardo, o pescoço, os pés, a asa, nada se perdia.

A primeira fase de preparação de qualquer desses cardápios passava pelas águas do Rio Almada, onde se limpava carnes e miúdos. Esse processo, o cheiro e o aspecto da água atraíam atenção de uma infinidade de peixes e crustáceos, que competiam ferozmente em busca do alimento. Na região era usada a banha de porco para preparar quase todos esses alimentos.

 

UMA FATÍDICA PARTIDA DE FUTEBOL

 

Por Solon Planeta, Coaraci, 06 de fevereiro de 2013.

 

Desde adolescente que eu jogava futebol. Joguei em todos os campos da roça, por que fui menino da roça. Nasci e me criei na roça e é o que faço até hoje. Meu campo predileto era de Aureliano Dias porque era mais perto, porém, jogava nos campos de José Dias, de Sambaíba, de Inema, do Braço do Norte, de União Queimada, do Bandeira do Almada, estes três últimos pertencentes ao Município de Itajuípe, nas Duas Barras e outros mais.

Certo dia, já não me lembro da data, inventamos de disputar uma partida de futebol com o time da Ruinha dos Três Braços. Marcamos a data e fomos preparar o nosso time. Para a condução do grupo, fretamos um caminhão velho de um cara conhecido por Juca de João Vital. No dia aprazado Juca botou o caminhão na Praça Getúlio Vargas, onde se fazia o ponto de partida. Todos reunidos, subimos no caminhão para a realização do grande evento.

Fazia parte da caravana uma figura ilustre que também jogava bola e que tinha a alcunha de Chico Viola, por ser violonista e saxofonista, animador das “boates” da Rua 1º de janeiro. Tudo organizado Juca deu partida e lá fomos nós. Quando passamos o portão de Zé Fialho, chegando perto do lixão, que na época era tudo mato e onde existia duas olarias, quando uma roda traseira se soltou e quando se desprendeu do eixo, desenvolveu uma velocidade assustadora e passou na frente do caminhão e coincidentemente na frente da olaria fez uma curva fechada e entrou olaria a dentro derrubando tudo. O oleiro que na hora gradeava telhas e tijolos, correu assombrado pelos fundos e desapareceu.

Quando Juca viu o pneu passar na frente do caminhão, brecou o carro velho que expeliu um bueiro de fumaça, quando se ouviu um grito: “O carro vai pegar fogo”, aí foi um rolo só. Todos a querer pular ao mesmo tempo, rasgando a camisa de Chico Viola que virou um “jipe”. A outra roda ficou segura numa capinha, que se tivesse soltado teria sido uma catástrofe.

Fomos então procurar o pneu dentro da olaria para recolocar no lugar, porém, tinha soltado todos os parafusos, Juca que sabia tudo, tirou um parafuso de cada roda e recolocou os dois pneus no eixo e seguimos viagem.

Chegando aos Três Braços quase passada a hora, foi só tirar as calças e trocar as camisas e dar início a peleja. Não me lembro qual foi o resultado, só sei que para completar o drama, um dos nossos jogadores chutou uma pedra na beirada do campo e quase quebrou o pé, ficando muitos dias sem andar e sem trabalhar, o que nos causou uma despesa extra por dois ou três meses, cabendo a mim a contribuição maior por ser considerado o mais desapertado do grupo.

 

UM CONTO DE COARACI

 

Por Solon Planeta,

 

Coaraci, 5 de fevereiro de 2013.

 

Segundo os moradores da época, quando Itacaré do Almada tinha quarenta ou cinquenta casas, quando o campo de futebol era na atual rua 1º de janeiro, o cemitério era onde hoje é o Banco do Brasil e que segundo o Sr. Raimundo Fontes, já morador do Jardim Cajueiro, sendo ele quem fabricou os primeiros tijolos no povoado, cuja olaria foi construída na propriedade do Sr. José Antônio Amorim situada nas barrancas do Ribeirão dos Macacos, onde já existia cinco ou seis casebres, local conhecido como “Boca da Conversa”, um pouco abaixo das barcaças do Sr. Joaquim Moreira.

N metade da década de 1930, o Dr. Eusine Lavigne, Prefeito de Ilhéus, veio aqui em Itacaré do Almada, que se não me falha a memória, para empossar o Dr. Juvêncio Peri Lima como administrador do distrito. O palanque foi armado na pracinha cheia de mato e lama que daí para a frente passou a ter o seu nome, hoje, a Praça Getúlio Vargas. Quase todo o povo compareceu ao acontecimento. Como é de praxe a caravana era composta de gente ilustre, onde se destacava o grande tribuno e criminalista da época, Dr. Rui Penalva, respeitado até nos Tribunais da Bahia, como era chamada na época a cidade de Salvador.

Concedida a palavra, uma pessoa tomou a iniciativa da solenidade. A certa altura falou alguma coisa que o povo não gostou e recebeu uma forte vaia. Falaram outros e mais outros, até que chegou a vez do Dr. Rui Penalva. Começou com palavras singelas e na proporção que o povo foi gostando, ele foi se aprofundando ao ponto de atingir os polos árticos, antárticos, passar pelo Extremo Oriente, sobrepor as montanhas dos Andes até chegar na conclusão do seu discurso dizendo as mesmas coisas e palavras do que antes fora vaiado, e o povo o aplaudiu ruidosamente. Feita a pausa, o orador exclamou: “Aí está o fator da inconsciência”, como quem queria dizer que o valor não está na ação, e sim em quem a pratica. Na minha maneira de ver e analisar esse fator de inconsciência vem perdurando até nossos dias, quando nós deliberamos escolher para gerir os problemas coletivos gente desprovida de quaisquer ação de visão para tal finalidade.

histórias de Coaraci

População estimada 2014 (1)20.183

População 201020.964

Área da unidade territorial (km²)274,500

Densidade demográfica (hab/km²)74,17

Código do Município2908002

Gentílicocoaraciense

Prefeito

JOSEFINA MARIA CASTRO DOS SANTOS

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