
Movimento Social em Guaraci nos anos 30
Fonte Livro C.U.S de Enock Dias
A partir de 1938 as estradas que davam acesso a Guaraci já possuíam um movimento especial, principalmente às sextas-feiras. Eram famílias que chegavam em grande número, a pé ou montados em belos animais para mais um final de semana diferente aos de suas fazendas, atraídas pelos rumores do jardim iluminado, pelos cinemas, pelo surgimento de novas ruas, pela beleza e variedade das vitrines das muitas lojas que se distribuíam pela rua Rui Barbosa e sobretudo pelo trabalho do administrador Peri Lima. A conclusão da Ponte de concreto, em 1942,despertou a população o interesse em residir no lado esquerdo do rio Almada, zona norte, devido a uma maior oferta e maior facilidade de terrenos para construção de casas, situação oposta em relação à zona sul, onde as opções eram bem menores.
OS SERRADORES
Junto com os primeiros exploradores chegaram os valorosos sertanejos e serradores. Pouca coisa poderia ser feita sem o braço forte, destemido e experiente desses incansáveis operários quando tinham na mão, uma foice, um facão um serrote, uma estrovenga. Não eram raras as vezes que um
desses operários não conseguia derrubar mais que uma árvore por dia de trabalho, fato que acontecia quando tinham pela frente grandes sapucaias, paus d'arco ou jequitibás, árvores de dureza extrema que exigia de seis a oito mil machadadas por dia. Era uma operação de alto risco, quando envolviam espécies de grande porte, onde estavam em jogo, dez, quinze ou mais toneladas, principalmente no
momento da queda, onde todos eram obrigados a deixar rapidamente o local, protegendo-se das graves
consequências de sua alta energia cinética.
Milhões dessas árvores foram ceifadas para dar lugar ao cacau, a maioria delas já seculares, quando da chegada da esquadra de Pedro Álvares Cabral na costa de Porto Seguro, em 1500. Após a queda, a árvore era logo dividida em toras, permanecendo no solo por algumas semanas para perder
parte de sua umidade. Embarcar uma tora era colocá-la no estaleiro, a dois e meio metros de altura para ser serrada. Era uma operação lenta, cansativa, improdutiva e considerada de alto risco, pela alta densidade das toras. Proprietários, trabalhadores, vizinhos, junta de bois chegavam de toda parte para executar essa operação: qualquer distração poderia ser fatal; De posse de um grande serrote, a dupla de serradores;
OS ALAMBIQUES
Texto adaptado por PauloSNSantana
Os alambiques proliferaram e bateram recordes. Saborosa foi uma das inúmeras marcas de cachaça do Município. Além de Saborosa, encontrava-se com facilidade, a Índia de João de Deus, a melhor de todas, a Sedutora de Antônio Batista, a Muié Rendeira de Zeca Branco, e a Pixixica de Zezito Tavares. O povo bebia demais. Cinco alambiques num Município deste tamanhinho! Uma plantação de cana, sem fim, no meio da imensidão de cacau e ninguém nunca produziu um grama de açúcar, um litro de caldo de cana, nada! Tudo só pra fazer pinga. Os proprietários dos alambiques eram todos ricos fazendeiros.
Fonte Livro Garatujas de Dr. Eldebrando Pires.Pag.33,34,35,36.
HISTÓRIA DOS BATISTAS
Por volta do ano de 1600 os Batistas receberam seu nome por meio da prática do batismo por imersão. Esta prática contrariava diretamente a alma e o coração das Igrejas Estatais da Inglaterra e da Colônia americana que praticava o batismo Infantil. As igrejas Estatais perseguiram os dissidentes batistas de forma severa. Eles marcharam para as prisões de 1600 defendendo a liberdade religiosa para todas as pessoas. A defesa continua da liberdade do batismo e da fé do nome batista um modelo respeitável de fé para os dias de hoje. O nome batista, no sentido mais significativo, descreve um movimento não uma denominação .Denominação ,com estruturas e teologia, variadas vão e vota, e constantemente mudam o movimento batista ,baseado em valores bíblicos, surgiu a 400ª nos ,cresceu em mio a crises e controvérsias, e se consolidou como uma opção viável de expressão de fé cristã no século 21.
Relação de valores do movimento batista. Defendem uma sólida afirmação no Senhorio de Cristo. Eles veem a Bíblia como a única autoridade no senhorio de Cristo. Eles defendem a liberdade de religião e a separação entre Igreja e Estado. Eles insistem no batismo somente de pessoas decididas. Eles defendem uma Igreja composta por pessoas regeneradas e batizadas. Eles defendem que cada fiel é um ministro. Eles apoiam dissidentes quando necessário. Eles tocam o sino da liberdade em favor dos oprimidos. Eles atacam a verdade como à marca da identidade cristã. Eles reconhecem que a Igreja(ou) Estado podem se equivocar na tomada de decisões e que os indivíduos nunca devem vender suas almas para qualquer instituição ou organização. Eles são responsáveis individualmente diante de Deus.
Pastor Reginaldo Leal
PRIMEIRA IGREJA BATISTA DE COARACI
HISTÓRIA DA IGREJA BATISTA DE COARACI
Texto adaptado por PauloSNSantana
Fonte: Coaraci Último Sopro de Enock Dias Cerqueira
A Igreja batista deu início a suas atividades em 1930, quando Coaraci era conhecido por Itacaré. Seus fundadores foram o Sr. Antônio Dias de Cerqueira Filho e a Sra. Alcida Dias, residentes na fazenda Boa Esperança, eles resolveram adquirir um terreno onde pudessem construir um espaço para a realização de cultos evangélicos, até então praticados em sua fazenda, nas Duas Barras. Optaram por uma área, ainda recoberta por muita guaxuma, brejo e outras vegetações rasteiras, em plena Rua da Palha, e no mesmo local onde hoje se encontra. De início, um barracão de madeira funcionou por alguns anos quando aos poucos foi sendo substituído por uma construção sólida, onde cabiam cerca de quatrocentas pessoas sentadas, em cuja fachada existiam duas janelas e uma porta em forma de arco, além de três janelas na lateral esquerda. Posteriormente as duas janelas foram transformadas em portas. Muitos pastores trabalharam na Igreja Batista, entre eles: Saturnino Braga, Pedro Brandão, Silônio Amorim, Gustavo José da Silva casado com Srta. Jemima Calado da Silva, esse pastor organizou o Instituto Batista de Ensino, onde ministrou curso primário e supletivo. Foi também, presidente da Associação Lar dos Cegos, e um excelente evangelizador, aumentando consideravelmente o numero de pessoas convertidas e posteriormente batizadas, que passariam a colaborar com os trabalhos da igreja. Por volta de 1948, dois anos após sua chegada, a Igreja Batista de Coaraci surpreendia a todos com os resultados positivos de seu trabalho, e já considerada a mais vibrante dentre as demais Igrejas da região. Uma movimentação maior era aos domingos quando eram realizadas as sessões ordinárias e batismos, quando contavam com a presença dos membros e suas respectivas famílias residentes nas Congregações de Almadina, Ribeirão do Terto e Nova Floresta. Eram dias em que as portas e janelas mantinham-se abertas das primeiras horas do dia até altas horas da noite.
As comemorações do Natal eram muito especiais, chamando atenção de fieis de outras cidades brasileiras, tal o nível de profundidade dos eventos realizados entre os anos 1946 e 1958. Os dramas, as poesias, os monólogos, os diálogos e ensaios com meses de antecedência, para que fossem cumpridas todas as exigências do texto. Nos dias que antecediam o Natal, logo cedo a Igreja já estava repleta de pessoas sentadas nos lugares, mais próximos do palco, para não perderem nenhum detalhe do que seria apresentado. As longas poesias de Mário Barreto França, declamadas por Elza Dias, Odete Rocha, Nilzete Rocha ou Geysa Galvão. Os instrumentistas Pedro Pereira, Antines, José Dias de Cerqueira.
De 1936, até por volta de 1958, batistas e católicos não se viam com bons olhos em Coaraci. Uma escola, anexa à Igreja e sob a responsabilidade da professora Conceição Belmonte, fora criada para que os filhos de pais batistas pudessem receber uma boa educação, livre de qualquer discriminação. A fase mais tensa aconteceu em 1952, quando o ex-padre Gióia Martins realizou uma concorrida série de conferências no templo da Igreja Batista. Durante a semana, a partir da meia-noite alguns católicos saíam em procissão, segundo eles, com a finalidade de descontaminar a cidade! A partir de 1957, com as festas de formatura do ginásio indicando solenidades nas duas religiões as divergências foram definitivamente esquecidas. Em 02 de dezembro de 1956, chega o Pastor Jessé Maria da Silva, em 1977 assumi o Pastor Reginaldo Assis Leal, concluindo o atual templo da primeira Igreja Batista, concretizando assim um antigo desejo dos seus membros. Pastor Reginaldo tem os seguintes filhos com a Senhora. Mary: André, Edna, Manuela e Régia.
ÁGUA PARA O POVO DE GUARACI
A vila de Itacaré crescia dia após dia, e já era a vila de Guaraci, e estava exigindo um abastecimento de água alternativo, já que a do rio, cada vez mais distante, e prejudicada pelo elevado número de lavadeiras que de se utilizavam. É aí que surgem os irmão Aristóteles Pereira Barbosa (pai de Mamigo) e Benedito, nascidos próximo a Garganta, e que se dedicaram à construção de cisternas. A longo dos muitos anos de trabalho, nunca tiveram a menor idéia de quantas construíram. Era um ofício extremamente incômodo, pesado, que exigia altas doses de periculosidade. Graças ao trabalho desses bravos e incansáveis irmãos, Coaraci sempre esteve livre de epidemias ao longo de sua história. Com a chegada dos recursos da água tratada, algumas cisternas foram conservadas, outras não e Aristóteles ainda teve forças para enfrentar os rigores de um conhecido garimpo de ouro em Serra Pelada, no distante estado do Pará. A chegada de José Augusto e sua gente em Itacaré, em 1937 trouxe um grande surto desenvolvimentista, as notícias de trabalho garantido logo se difundiram pelas mais distantes regiões do estado, e toda mão de obra era rapidamente absorvida pelos fazendeiros e pelo comércio que crescia a cada dia para atender à grande clientela, com destaque para o mercado de tecidos, de calçados e de secos e molhados.
EMIGRAÇÃO À GUARACI. A RUA 1º DE JANEIRO
Texto de PauloSNSantana –
Fonte Livro Ultimo Sopro & Histórias de Coaraci na NET
Coaraci foi chamada de Guaraci por aproximadamente cinco anos, época de emigração de comerciantes que traziam consigo família, dinheiro para comprar casas, fazendas e instalar empresas comerciais. As construções sem topografia deixavam a vila com um aspecto desorganizado. Era necessários ordenar as ruas da vila. Para construção da Praça Getúlio Vargas foi feita topografia e planta, por isso ficou intocável por muito tempo. Apenas a jardinagem sofria alterações.
As lojas ficavam instaladas no Centro de Guaraci. Os exploradores chegavam em Guaraci em caminhões de mudanças, uma verdadeira corrida cultura promissora do cacau.
Entre os anos 1938 à 1955 este vai e vem movimentou a economia da região cacaueira, expandindo o comércio local. Chegaram também muitas mulheres para ganhar a vida com a prostituição, se instalavam desordenadamente, sendo necessário e urgente um local apropriado para aquela atividade..
Inicialmente elas se instalaram na Rua do Cacau, depois na Ruinha de José Ramos, ao lado do atual Estádio de Futebol.
Finalmente foram para a Rua 1º de Janeiro. Muito movimentada nos anos 40 e 50. Ali as mulheres chamadas de “Prostitutas” permaneceram por longos 40 anos. As mulheres da sociedade evitavam circular naquela área para evitar o contato com as mulheres da rua 1º de Janeiro.
A RUA 1º DE JANEIRO
A vila manteve-se por cinco anos com o nome de Guaraci período beneficiado pelo grande número de famílias e comerciantes que chegavam, compravam, alugavam ou construíam suas casas. Eram construções, em sua grade maioria, sem nenhuma técnica o que deixava as ruas com um aspecto desagradável. As dimensões da praça Getúlio Vargas foram mantidas ao longo da história, embora o desenho do jardim tenha sofrido diversas alterações. Vários comerciantes tinham suas lojas espalhadas pelo zona central de Guaraci, alguns desde a fase de Macacos, atraídos pela força do Cacau.
Um fato tornou-se rotina na história do passado de Coaraci. O grande número de caminhões de mudança que chegava entre 1938 e 1955. Com o término das obras da praça, em 1936 e da ponte em 1942, prostitutas que até então se espalhavam por diversos locais, especialmente rua do cacau e adjacências passaram a se concentrar no início da ruinha de José Ramos, um lugar privilegiado, ao lado de um campo rústico onde se praticava futebol, por isso conhecido como rua do Campo. A rua foi posteriormente denominada 1º de Janeiro. A prostituição por lá se instalou, onde permaneceu por mais de quarenta anos, quando o próprio tempo se encarregou de extingui-la. Em todo esse tempo, muitas famílias mantinham-se receosas de circular pelas redondezas, devido a presença destas mulheres. O grande movimento registrado no município durante as madrugadas dos anos 40 e 50 estava em torno da rua 1º de Janeiro e adjacências.
RESUMO:
O povoado cresceu e ganhou a denominação de Vila de Guaracy. As ruas principais cresceram unindo-se na praça Caramuru, hoje Elias Leal. O Comércio começou a dar sinais de desenvolvimento com a chegada de empreendedores de diversas partes do estado e do nordeste. As primeiras linhas de transporte entre a Vila e Ilhéus foram inauguradas e o governo de Getúlio Vargas e sua vinda à Ilhéus causou grande movimentação na região. A Vila estava em pelo desenvolvimento.
Com o desenvolvimento crescente surgiram os pensionatos para a morada dos jovens que vieram trabalhar no comércio de Coaraci. A sociedade precisava de água potável e dois coaracienses ilustres perderam as contas das cisternas que abriram. Para o transporte de cargas o primeiro motorista foi Ernesto Sá Feitosa que levava o Cacau até Ilhéus. Para o crescimento da cidade agências bancárias foram se instalando a exemplo do Banco do Brasil.