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HISTÓRIA DE ZÉ CORCUNDA

 

Autor: PauloSNSantana (Fato Histórico)

 

Conheci há muitos anos atrás um cidadão que atendia pelo nome de Zé Corcunda, era uma pessoa simples do povo, que fazia parte do folclore de Coaraci. Era comumente encontrado circulando brejeiramente na rua 1º de Janeiro, a Rua das Mulheres Prostitutas da Terra do Sol. Corcundinha como era tratado por todos, era alcoólatra inveterado, bebia tanto que caia na sarjeta e dormia em baixo de marquises, nas portas de casas residenciais, onde desse, mas só quando estava muito bêbado fazia isso. Ele era um exímio chaveiro, gozava de muito prestigio na cidade, tirou muita gente do sufoco, abria qualquer fechadura, inclusive até cofres.

Quando bebia era desbocado, e muito brincalhão para ele não havia diferença entre um Coronel do cacau e um dos seus amigos mais íntimos. Ele não dava a mínima para posição social, era virtuoso e desgarrado, não havia limites entre o obvio e o ululante. Frequentou casas de pessoas abastadas, cofres de bancos e cadeia publica. Quando o via bêbado evitava passar perto dele, mas lembro-me que ele me reconhecia de longe e quando isso acontecia gritava pelo meu nome, com uma voz aguda e inesquecível: Paulo! Paulo! Professor!... Eu tinha que responder, parar e conversar com ele, caso contrário ouviria uma série de impropérios. Era um espirito dócil e dentro das suas limitações até certo ponto era muito educado, quando estava sóbrio é claro. Era mais difícil achá-lo quando se precisava do que achar uma agulha no palheiro. Mas quando o encontrávamos sóbrio, era uma alegria só, pois com certeza ele iria resolver o nosso problema com as chaves e fechaduras. Bons tempos aqueles do meu amigo

Corcundinha, eu o chamava assim. Eu soube de uma história interessante sobre ele... Não sei se verdadeira, mas me contaram que certa ocasião o cofre do Bradesco, não quis abrir de jeito nenhum, o gerente ficou desesperado, os clientes querendo sacar dinheiro das contas, para efetuar pagamentos, e nada do cofre abrir, foram necessários um dezena de telefonemas para a Matriz do Banco, mas após outra dezena de tentativas, o gerente do banco foi aconselhado a procurar o Zé Corcunda, o único profissional capaz de abrir aquela fechadura cheia de segredos. Foi enviado um Office boy, à procura do chaveiro, e temia-se apenas que o mesmo já estivesse pra lá de Bagdá, quer dizer bêbado. Foram necessários quase uma hora para encontrá-lo, sentado na porta de um pequeno boteco, na rua 1º. de Janeiro, já bebendo a sua quinta dose de cachaça pura. A sorte é que a danada ainda não havia feito o efeito necessário para deixa-lo inconsciente. Finalmente foi quase que carregado até o banco, pois não queria de jeito nenhum afastar-se da sua pinga naquela hora. Finalmente após longos minutos de propostas e adulações ele resolveu ver o que acontecia, mas foi logo dizendo que não garantia abrir a fechadura. Quando finalmente chegou ao banco, deparou-se com um panacum, tal a bagunça, filas, gente reclamando, gerente aflito, desejou voltar atrás e sair dali correndo, mais foi convencido e impedido de voltar atrás. Quando Corcundinha chegou acompanhado do funcionário ao banco, seu terrível bafo de onça tomou conta do espaço, mesmo assim o gerente desconfiado sorriu de alivio, por ter encontrado ele ainda em condições de tentar abrir a fechadura do tal cofre. Ele contrariado foi se achegando, cheio de piadas e brincadeiras, como se o gerente fosse seu parceiro de pingas e botecos. Agachou-se e sacou em uma pequena maleta suas ferramentas, surradas mais eficientes. Fez-se silêncio tumular no recinto, os funcionários e o gerente rezavam, os correntistas aguardavam curiosos e ansiosos, todos em uma só corrente, pela abertura, não do sistema politico brasileiro, mas da tão mal humorada fechadura. Foram uns triques pra lá, outros tantos pra cá, pinças investigativas fuçando as entranhas da fechadura, o silencio naquela altura já era absoluto, e então se ouviu um som surdo:- Traque!

Quebrou-se mais uma vez o silêncio. Foi quando ele o chaveiro meio bêbado, o Corcundinha, disse em um estalo de voz rouca e aguda! - Se este cofre abrir todo o dinheiro que esta aí dentro será meu, viu seu gerente! O gerente sorriu amareladamente! Fez-se novo silencio. Corcundinha ajeitou-se pertinho da danada da fechadura, deu um sopro de alerta e virou a maçaneta. Para surpresa de todos a grande porta de ferro destravou-se e abriu-se, como um belo sorriso feminino. Houve gritos logo abafados pelo

Gerente, gargalhadas contidas, sorrisos de satisfação, e agradecimentos do gerente que deixou de lado a hierarquia bancária e deu algumas tapinhas nas costas de Zé Corcunda, designando o subgerente para efetuar o pagamento, e pagando apenas o que havia acertado com o exímio chaveiro, o suficiente para deixá-lo bêbado, inconsciente, dormindo o sono dos anjos na sarjeta da terra do sol.

Em outra oportunidade, nas imediações da feira livre de Coaraci, ele estava bebendo todas, mas naquele dia, havia algo estranho no ar, Corcundinha estava nervoso e agressivo, xingava todos que passavam a sua volta. Era cedo ainda, um sábado, daqueles chuvosos do mês de julho, ele havia passado a noite entrando de bar em bar, nos piores recantos, acompanhado de outros tantos bêbados degenerados e abandonados pela sorte. Mas ele estava ali às oito horas, ainda acordado, bebendo e gritando palavras desconexas, mal entendidas, que já incomodavam os transeuntes. Muitos conselhos foram-lhe ofertados graciosamente, mas a todos ele respondia com um VT n C! Entende? De forma que em uma daquelas agressões verbais a viatura da policia que ia passando e presenciando aquilo, resolveram levá-lo dali, ele e sua maleta, foram parar no xilindró.

Com muito jeito os policiais seus conhecidos, alguns até clientes, conseguiram levá-lo sob um pretexto qualquer até a delegacia, onde foi trancafiado, não antes de saber que estava ali para descansar da bebedeira, que quando estivesse sóbrio sairia.

Deixaram ele lá, ainda xingando uma dezena de palavrões, mas sem ofender os policiais. Os outros detentos disseram alguns gracejos, e ele, num piscar de olhos caiu em profundo e restaurador sono. Lá pelas tantas, acordou e quando se viu ali dentro trancafiado, humilhado ficou desolado e não pensou duas vezes: Abriu a sua maletinha, de onde tirou uma pequena mais eficiente pinça, e em segundos abriu o cadeado. Arrumou-se, vestiu a camisa, passou a mão sobre os cabelos, apertou o cinto, calçou o sapato, e saiu, pela porta da frente com altivez e desafio. Um dos policiais quando viu ele ali, perguntou quem o havia soltado, e ele com um sorriso largo respondeu:

-Eu lá preciso de alguém pra abrir chave de cadeia? O soldado, seu conhecido, fez ouvidos de mercador, e disse:

-Vai embora, mas se beber de novo volta!

Zé Corcunda saiu sorrindo como uma criança em direção a sua diversão preferida, foi ao boteco mais próximo, e bebeu uma saborosa talagada da sua Índia favorita.

 

A DELEGADA

 

Até 1976 vereadores não ganhavam salários. Só o administrador da Câmara dos Vereadores era remunerado..

Uma vez, me acusaram de abrir uma janela para o quintal do vizinho. Fui intimado a prestar depoimento sobre o fato, quando cheguei a delegacia e sentei-me frente a Delegada de Policia, ela começou relacionar um rosário de acusações contra mim, cerceando o meu direito de defesa. Pedi a palavra e perguntei a Doutora se a lei permitia o direito de me defender? Ela ficou surpresa. Então conclui:

-A senhora não está deixando que eu me defenda! Então ela caiu na real, desculpou-se, permitindo que eu me defendesse. Depois de minha explanação, fui liberado, e mais tarde inocentado. Solon Planeta.

 

ENSOPADO DE GALINHA

 

Após jogarmos um baba, nos anos 90, saímos, (Paulo do CSU, Getúlio, Antônio Nélson, entre outros companheiros), para beber umas  cervejas, então Careca, nos convidou para visitar seu filho recém-nascido, e beber sua temperada.

A casa dele era pequena e havia um  cheiro gostoso de ensopado de galinha que tomava todo o ambiente. Resolvemos beber algumas cervejas, em um boteco na frente da casa. O aroma gostoso abriu o meu apetite (Roberto do Bradesco), senti vontade de provar do manjar e gritei pra ele:

 

- Careca! Não precisa trazer muito não, só um pequeno tira-gosto! Careca ouviu e embora não tivesse oferecido nenhum tira-gosto a rapaziada, por educação fez a gentileza e trouxe um saboroso prato, e em um minuto comemos tudo! Resultado:

 

Se Careca não abre os olhos, comeríamos toda a galinhada do seu almoço...

 

 

TABELINHA MAL SUCEDIDA: O GUARDINHA E EDMON CESAR

 

  O guardinha prendia demasiadamente a bola, trocava de pé e chutava com o pé esquerdo, as vezes ele chutava a bola lá na casa do chapéu, ele sempre dava um toque a mais. Uma vez saiu uma jogada para ele, que só tinha pela frente um marcador e ao seu lado o companheiro de equipe Edmon Cesar, lado a lado com ele, falando pra ter calminha. Calminha guardinha, calminha guardinha, com todo cuidado para ele não se afobar e errar na hora do passe, mas quando chegaram perto e na hora dele passar a bola para Cesar chutar a gol, ele deu um chutão direto pra casa do chapéu, deixando Edmon Cesar, irado e descontrolado, reclamando  assim:

-Calminha Guardinha, seu filho da desgraça!  Burro, fominha etc... 

               Robertinho do Bradesco.

 

CALÇA FROUXA

 

Calça Frouxa foi um grande folião dos antigos carnavais de Coaraci. Era um amigão inseparável. Ele morou em Olivença, depois veio com a família para Coaraci. Nos carnavais ele saia fantasiado, calçava sapatos enormes tocava uma corneta, entrava nas casas pedia bebidas e saia distribuindo alegria com os carnavalescos do seu bloco.

Em uma micareta ele saiu fantasiado de vedete, com enchimentos nos seios e nos quartos, imitou o rebolado e sapateado das dançarinas da época. Calça Frouxa participou das melhores micaretas da cidade, saiu no bloco das muquiranas, vestido como uma mulher dama, nos quartos colocou um rabo e uma bunda no formato de uma melancia, o rebolado era muito engraçado. Calça Frouxa foi um cidadão de bem com a vida, muito engraçado e possuidor de muito prestigio em Coaraci.

                            Valmir Negrão.

 

AS LEMBRANÇAS DE BAL

 

-Ali no CSU, eu engatinhei. Nos campeonatos infantis realizados nas tardes dos dias da semana, eu esturrava, mais terminava marcando os jogos para o Professor Paulo. Foi lá que prendi a gostar de ser árbitro de futebol. Hoje eu marco jogos em Salvador, um baba, lá no arenoso do Bairro de São Marcos, já marquei um baba de final de ano (2013), no qual estavam jogando Talisca, o irmão, e alguns jogadores do Bahia. O meu irmão é sócio lá. Eu fui chegando devagarinho, todo domingo tinha jogo.  Eles pagavam uma cota pro árbitro...

-Hoje tou batendo um papo com o amigo Paulo, que há mais de três anos não via. Como dizia, engatinhei no CSU, esportivamente e culturalmente, porque Paulo ensinou a todos nós a cultura do esporte. Agente jogava lá no CSU sem respeitar regras, era a lei do mais forte. Mas ele foi educando a todos, entre eles,  Cafuringa, Gildenei André, Dede de Antônio Lixinha, Barriguinha, e aí criou uma sociedade, disciplinada e ordeira, educou milhares de crianças da periferia, que residiam nos bairro mas afastados do centro da cidade. Os moradores daqueles bairros eram praticamente desconhecidos, mas Paulo tratava  todos com a mesma distinção. Foi uma guerra, pra ele! Muito difícil pois naquele tempo quem queria mandar em Coaraci eram os poderosos. O poder do ouro negro da região, conhecido por CACAU. Existia diferenças e preconceitos, mais pra uns e menos pra outros. Paulo marcou território, chegou no CSU e acabou com as diferenças sociais, quando já tinha se passado dois ou três diretores que não conseguiram ficar por causa da pressão. Ele sempre dizia a todos os ricos e classe média que por lá passavam que o Projeto, Centro Social Urbano, foi elaborado para pessoas da periferia, gente pobre. Algumas pessoas de maior poder aquisitivo não aceitavam e tentaram tomar conta da área de esportes, ele chegou de Salvador, formado em Educação Física e foi organizando, criou até carteiras de atletas. Paulo é meu amigo. Aprendi a respeitá-lo. Eu acho que Coaraci deve muito a ele, que trabalhou por onze anos na Seleção de Futebol de Coaraci como preparador Físico, realizou centenas de campeonatos para todas as categorias, inclusive a feminina, criou os jogos estudantis de Coaraci, o campeonato de bairros, campeonato municipal de Futsal. Foi professor de ginástica aeróbica, natação entre outras atividades. Paulo aposentou-se. Hoje é sentida a sua ausência nas escolas e no CSU. Na quinta feira passada, fui lá e achei sem lei nem ordem. Paulo adotou Coaraci como sua Terra. Eu aprendi muita coisa com ele:

-Como ser mais humano, disciplinado, organizado. Ele educou e orientou alunos e pessoas simples da comunidade, é um grande amigo que eu tenho em Coaraci. Coaraci em peso conhece ’’Paulo do CSU’’ Ele continua educando os coaracienses, agora através do seu Caderno Cultural de Coaraci. E pra finalizar digo: - Educar não é pra todo mundo. Tem que ter um dom, e esse dom ele tem.

*Aderbal Alcântara, BAL, abril de 2014.

 

A VELA E A CUIA...

 

Quando um ladrão ou assassino estava fugindo da policia ou de caçadores de recompensa, tentando escapar, mergulhava no rio e sumia na escuridão das águas, um ou outro conseguia escapar, mas o que batia com a cabeça nas pedras e morria, e o corpo ficava oculto nas profundezas das águas, como achar?  A policia dizia como é que faz, como é que não faz? Aí chegava um estranho dizendo: - Eu faço! E pedia uma cuia e uma vela! Acendia a vela e colava dentro da cuia. A cuia e vela navegavam naquele mundão, rodavam, rodavam, sob os   olhares dos curiosos, até que paravam sobre algum ponto do rio, então alguém mergulhava no local e lá estava o corpo do bandido.  Risos... Naquele tempo era assim!

                                                            Valmir Negrão.

 

GOVERNADORES

 

O Governador Juracy Magalhães trouxe o asfalto “a frio” para a estrada que liga Itajuípe à Coaraci, um pedido do Fazendeiro Antônio Barbosa Teixeira que era muito amigo de Juracy.

 Paulo Souto concluiu o asfaltamento das estradas Coaraci Almadina e Coaraci Itapitanga, que o governador Nilo Coelho começou mais não terminou. Roberto Santos construiu o Centro Social Urbano Nossa Senhora de Lourdes e Cesar Borges reformou o em 1990.

                                                          (Glenildo Chalupp).

 

CASA DE PAPELÃO

 

A primeira casa que existiu na baixa onde hoje fica o bairro Maria Gabriela, foi de papelão. Na frente havia uma cisterna, depois disso veio a terraplenagem, muitas casas foram sendo construídas e a casa de papelão foi reconstruída de taipa, e coberta de palhas. Muitos visitantes vinham ver a primeira das casas, pra beber da água da cisterna, que era alvinha!

A primeira Escola do Bairro Maria Gabriela foi a Creche Joselita Torquato.

(Porteiro da Escola Waldomiro Rebello).

 

PAGANDO MICO!

 

Durante um discurso de uma figura de Coaraci em homenagem a inauguração de uma passarela sobre o Rio Almada, em Itacaré do Almada, o dito cujo proferiu a seguinte pérola: ’’Povo de Itacaré do Almada, o desenvolvimento e o progresso chegou de verdade, porque aqui foi construída a primeira ponte dos pederastas da cidade’’.                                           

 Carlos Maia.

 

A SELEÇÃO QUE ABALOU O MUNDO!

 

Nos fomos jogar em Itamotinga, que formou uma Seleção que abalou o mundo todo, naquele tempo Nilão tinha dinheiro pra jogar no mato e convidou os melhores jogadores da região. Ele virou-se pra Alberto Aziz e falou que ouviu falar que o famoso de Coaraci era Valmir Negrão, e ainda disse que se ele fizesse um gol, vestiria uma saia. Alberto Aziz me contou a história e perguntou:

- Você vai viajar pra São Paulo, como vai jogar?

-Eu respondi:-Vou rapaz, vou de avião e volto de avião e vou tá aqui. Vou sentado e volto sentado. Só vou fazer umas compras. Como prometido, cheguei no dia do jogo, fui pro campo, joguei, e fiz quatro gols. Vencemos de quatro a um. Eu tenho a foto até hoje. Até hoje espero Nilão usar a saia.

 

                                                         Valmir Negrão.

 

MÉDICOS DE COARACI

 

O doutor Mitermayer Galvão Reis, é cara limpa, sem vergonha, contador de piadas, fala com todo mundo, quando pela posição que possui, pela competência profissional, pelo trabalho científico que desenvolve no Estado da Bahia, no Brasil e no Exterior, deveria andar era de smoking, chapéu de coco e monóculo, compenetrado do seu saber, como representante importante da cidade de Coaraci. Mas ele não está nem aí e morre de rir quando o chamam  pelo seu ignóbil apelido. É isto ai. Ele é o máximo. Máximos de medicina, também saídos de Coaraci são o outro Mitermayer (o Santiago) pontificando na reumatologia, o Antônio Carlos, na pneumologia, o Wilde Robert como cardiologista. Wildes é filho de Graciumildes, minha colega do SESP e de Zezito, e neto da querida vizinha e cliente, Nenzinha por quem ele tinha um enorme desvelo. Deixei de ser cliente de Wildes porque ele não atendia pelo meu plano. Já passei  por uma porção de outros cardiologistas e a todos me refiro como ex-cliente de Wildes. Todos, sem exceção, o colocam lá nas alturas da cardiologia do Estado da Bahia. Ele é bom mesmo. Não é alegre como Mitermayer Galvão (ninguém o é). É sério, sem ser esnobe. Gosto muito dele, da sua mãe e do seu pai. Eu adorava sua avó e ela a mim. Brincávamos muito(....). Meu pai era alfaiate em Salvador, aposentou-se, morou alguns anos em Coaraci, onde faleceu e está enterrado. Silveira, pai de Walter Silveira, hoje meu colega (Médico), era alfaiate. “Zeca Alfaiate”, era o pai da Dra. Sônia (a médica). Só Antônio Paulo, o outro alfaiate de Coaraci não quis arranjar um filho médico. Que pena Antônio Paulo ia fechar o cerco. Os três alfaiates se davam muito bem, e os seus três filhos médicos, mais ainda. Dra. Maria é outra médica coaraciense, ela era militante política em Itajuípe, é casada com um dentista. Os Drs. Émerson ( o Eminho) e Augusto, filho de Zizi e Batistinha, exercem a medicina em Itabuna. O filho de Zélia, a professora Zélia, mulher de Edvaldo Albergaria Nunes, Dr. Vitor, Leomar (meu afilhado da turma do Ginásio, da qual eu fui paraninfo) e Nadja, filha de Santiago, também são médicos. Nadja fez Clinica Médica, especialidade rara e necessária hoje em dia. É um orgulho para mim  ter essa meninada como colegas e todos competentíssimos e sem frescuras. Pois é. Com tantos médicos da terra incluindo Catulo e Valquíria, de Joaquim Moreira, Coaraci hoje sofre com a saúde pública. 

Dr. Eldebrando Morais Pires.

 

DELENGODENGO!

 

Lá no SESP Dona Raimundo era a funcionária de destaque. A mais antiga, mais querida, a mais eficiente e competente no seu setor, dando muitas dicas, fora dele aos colegas. Além  de todas essas virtudes tinha o dom da graça e da simpatia. Recorde de aceitação e intimidade com os clientes. Fazia tudo para eles e eles para ela.

As dúvidas e as resistências de alguns deles ela resolvia com a sua amizade e sua persuasão eficiente. Era muito querida mesmo, chamada pelos colegas de Dona Ray; assim unha e carne com a visitadora Dona Lourdes mais amizade do que com a própria comadre dela, que não tinha ciúmes. Dona Raimunda era infernal ali dentro de sua sala de curativos; fazia partos, dava pontos, cauterizava com bisturi elétrico improvisado com um prego flambado da lâmpada a álcool, aplicava nitrato de prata nos condilomas (coisa que não gostava de fazer), fazia  tudo com calma e serenidade. Baixa, gorda, amulatada e quando ria mais forte, girava o corpo abaixando o pescoço e um dos ombros.

Minha Irmã, confidente. Fazia misérias naquela sua sala. Edgar, nosso chefe, mandou uma cliente ao exame ginecológico lá na sala de Dona Ray. Tratava-se de uma jovem adolescente, prostituta. Parece mentira: Em Coaraci elas não eram descriminadas em parte alguma. Dona Ray, mandou-a tirar “as calçolas”, como gostava de chamar: “Pendure ali”. Abaixou a metade da mesa ginecológica para o exame, apontou para a escadinha e disse à menina:

-Sobe aí deita na mesa com a cabeça para o lado de cá. A menina olhou para ela, encarou a escadinha e apontou para aquela meia cama com aqueles dois troços (os estribos) dos lados e perguntou com voz de dúvidas:

-Eu, subir aí nesse delengodengo?

-O que menina? Perguntou Dona Ray estupefata!

-É! Nesse delengodengo! Retrucou a menina.

Dona Raimunda não se conteve e abriu a risada franca, total, girando o corpo, e abaixando o pescoço e o ombro.

-Delengodengo?!

E disse:

-Quem já ouviu falar desse nome?

Aí a moça resolveu subir na mesa ginecológica para o Dr. Edgar vir examinar.

Na hora do cafezinho, adivinhe qual foi o assunto único do dia?

Por muitos dias e cafezinhos ninguém descobriu o significado do intrigante termo delengodengo. Uma verdadeira quadratura do círculo. E foi aventada uma possibilidade diante de outras de a palavra ter sido inventada naquele instante pela paciente como se fosse uma onomatopeia, um neologismo.

Passou-se uma porção de tempo. Na sala de curativos a impagável Auxiliar Hospitalar Dona Raimunda da Silva Santos, manobrando a subida e a descida da metade da mesa onde havia um apoio chamado perneira ou um estribo para os tornozelos, a fim de mandar a posição que dava o nome à mesa (ginecológica: exame ginecológico), Dona Ray orientava:

-Entra! Tira o calçolão, pendura ali; Sobe nesta escadinha e deita aí no “delengodengo” com a cabeça pra cá.

                                    Dr. Eldebrando Moraes Pires

 

OS FAZENDEIROS

 

Nada passava despercebido aos olhos dos exigentes fazendeiros da região do cacau. Aproveitavam as primeiras horas do dia pra sentir as condições da horta, andavam mais um pouco e observavam o que já devia ser colhido do pomar e do roçado. Subiam nas barcaças, para verificar condições de cada cocho, conferiam cada cancela, a cerca, a pocilga, o galinheiro, o armazém, apalpavam cada um de seus animais, e colocavam aquela gota de creolina, se fosse necessário, ou providenciavam a troca da ferraduras desgastadas, que poderiam prejudicar o desempenho dos animais em sua rotina de trabalho diária.

                                                Enock Dias Cerqueira.

histórias de Coaraci

População estimada 2014 (1)20.183

População 201020.964

Área da unidade territorial (km²)274,500

Densidade demográfica (hab/km²)74,17

Código do Município2908002

Gentílicocoaraciense

Prefeito

JOSEFINA MARIA CASTRO DOS SANTOS

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