
RESERVA DOS PATAXÓS
Texto de Solon Planeta
Adaptado por PauloSNSantana
Em 1928 o pai de Solon Planeta, comprou uma área de terra, mata virgem, inabitada que ficava localizada na Lagoa de Dentro, conhecida como Ribeirão do Recreio. Por ser impossível na época construir uma sede para residência de familiares, o Pai de Solon resolveu continuar administrando fazendas do Coronel Tico Brandão. Era um exímio administrador de fazendas, e por isso mesmo administrava varias fazendas ao mesmo tempo, em Rio do Berço onde nasceu Solon. Aprendeu este oficio com um Engenheiro Agrônomo conhecido por Dr. Edson, que serviu de inspiração ao autor da novela Gabriela, criador do personagem “Dentista” que mantinha vários casos com filhas dos coronéis e que desapareceu misteriosamente por isso.
Em 1935 o pai de Solon compra uma fazendinha, em Jussara de Querubim, entre Palestina e Barro Preto, com uma produção de 300 arrobas de cacau, passaram então a residir na sede desta fazenda, nesta época Solon era um garoto de cinco anos.
Em 1937 a irmã mais velha de Solon casa-se e vai morar na fazendo do esposo, lá instalou uma escolinha, pois aprendeu a ensinar com a Professora Maria Gabriela da Anunciação Santos, conhecida por Dona Nenzinha, esposa do Benemérito Simpliciano José dos Santos, Dona Nenzinha era formada em Ciências e Letras. Solon estudou nesta Escolinha com mais dez coleguinhas. Na fazenda onde ficava a escola, havia muitos trabalhadores, entre eles, Ligeirinho, apelido que os meninos da fazenda o deram, porque o cara era prestativo, e todos gostavam do mesmo. Quando Ligeirinho vinha da roça, lembrava de trazer frutas para a meninada da fazenda. Naquela época as roças eram abundantes em frutas silvestres. Algum tempo depois se sentiu a falta de Ligeirinho, a quem se procurava sem sucesso, o que deixou os meninos inquietos e curiosos. Solon então foi até o barcaceiro da fazenda, Sr. Valdé, e perguntou onde estava Ligeirinho: Valdé respondeu que Ligeirinho havia viajado para Serra do Couro Dantas, para pegar índio. Solon então perguntou onde ficava a tal Serra e mais uma vez Valdé respondeu que estava localizada na cabeceira da Colônia, perto de um lugarzinho conhecido por Belém hoje Potiraguá. Valdé disse que o trabalho de Ligeirinho era pago pelo governo, e com este trabalho ele ganhava três vezes mais que na roça. Solon então voltou para casa desapontado. Tempos depois o pai de Solon o retira das aulas para trabalhar com os afazeres da casa e em outras atividades diárias.
Sobre os índios comentava-se que um tenente do exército que andava pela Palestina, era administrador da Colônia indígena e era conhecido como Tenente Dourado, depois substituído pelo Capitão Castelo Branco, e finalmente pelo Major Liberato. Getúlio Vargas imaginava que houvesse muitos índios e reservou muita terra para poucos índios encontrados, trinta e seis mil hectares no total.
Na Colônia era proibido vender cachaça, pois os índios eram loucos pela bebida, e causavam tumultos e desordens quando bebiam. Mesmo assim surgiu uma bodega em Itajú, que vendia cachaça, quando os índios ficavam bêbados caiam e dormiam em qualquer lugar. Estes fatos e outros mais aconteceram nos anos 37 e 38. Em 1943, Getúlio Vargas autorizou o Administrador da Colônia a arrendar as terras para quem quisesse plantar cereais ao preço de dois mil reais à tarefa, já que os índios eram desinteressados pelo trabalho. Como as terras eram excelentes a procura foi enorme e em pouco tempo centenas de pequenos proprietários passaram a habitar e desenvolver atividades agrícolas e criatórios na reserva indígena.
Com a morte de Getúlio Vargas, os índios saíram da região, permanecendo nas terras os foreiros e arrendatários, produzindo cacau, criando gado, o que despertou a cobiça, ambição de ricos fazendeiros, entre eles o General Liberato, que tinha sido administrador das terras dos índios quando era Major, comprando muitas terras dos arrendatários, formando grandes fazendas, e conseguindo os títulos de domínio das terras com seus amigos Governadores, da época.
Depois da criação de Brasília, mais tarde com a eleição do índio Juruna, para Deputado Federal, surge um movimento indigenista no Brasil. Aparecem os oportunistas de plantão afirmando serem descendente de índios, criando uma série de dificuldades para os governos, os índios e os fazendeiros brasileiros. Essa é a história da reserva indígena Catarina Paraguaçu, dos Índios Pataxós da Bahia.
O CANTO E ENCANTO DO BOBÓ AÇU.
Por Solon Planeta, Coaraci, 5 de fevereiro de 2013.
Em 1935 meu pai comprou uma roça no lugar chamado Jussara de Querubim, mais precisamente no local conhecido por Passagem do Jacaré. Apesar do remotismo da época, na fazenda já existia uma bodega, um campo de futebol e uma barbearia. O barbeiro, apesar da época já era um craque, convidado que era, para jogar na Palestina, no Cajueiro, em Itaúna e até em times de bairros de Itabuna. O dono da fazenda chamava-se José Nunes de Aquino, irmão de um ricaço de Itabuna que tem seu nome dado a uma Rua do Pontalzinho, Rua Ramiro Nunes de Aquino.
O rio da Jussara que dá o nome a região, na época dava muito peixe, notadamente traíra e piau bobó ou simplesmente bobó. Os moradores se reuniam, especialmente à noite, para pescar de rede, bastava dar oito ou dez redadas para meiar o saco de peixe.
Certa noite, como de costume, cinco ou seis pessoas se reuniram lá em casa para dar uma pescada. Acenderam os fachos de Jussara seca e farpas de jacarandá, madeira muito abundante na época, e partiram para a pescaria. Uma hora ou pouco mais, voltavam com um saco quase cheio de peixe. Vinham todos surpresos e hilariantes com o tamanho de um bobó que havia pescado e que o classificaram como bobó açu. Chegando a casa viraram o saco de peixe no terreiro da casinha muito bem cuidada, em torno da qual minha mãe plantava cravos, cravinhos, rosa menina e também hortaliças, para ali fazerem a partilha do pescado. A partilha foi feita da seguinte forma: 1º separam-se os peixes grandes e os pequenos eram medidos de cuia. Eu com meus seis ou sete anos assistia muito atento a partilha dos peixes, e num vacilo dos presentes peguei o bobó açu que estava na pilha dos peixes grandes e escondi dentro de uma touceira de rosa e fiquei na minha. Finda a partilha cada um pegou sua porção, colocou na capanga, quando se lembraram do bobó açu e todos queriam saber para quem tinha ficado o troféu. Porém, Badinho, um dos pescadores, muito brincalhão não deixou que sua capanga fosse vistoriada e acendendo seu facho de jacarandá se mandou e foi embora, pois morava na fazenda que mais tarde veio a pertencer ao Dr. Lafaiete Brandão, médico legista em Itabuna, tio do nosso conterrâneo Adalberto Brandão.
Imagine agora a frustração que sofreu Badinho ao abrir sua sacola e não encontrar o tão admirado bobó açu. O que teria pensado? Em encanto? Ter sumido do saco? Esperteza de alguém?
Imagine então se Badinho tivesse permitido espionar sua capanga? Todos ainda reunidos o que teriam decidido?
Quando o pessoal saiu, ficando só as pessoas da casa, peguei um candeeiro e fui buscar o bobó açu onde tinha escondido e mostrei para meu irmão mais velho que quase morreu de rir.
Minha mãe ficou decepcionada e enfurecida e só não me deu uma daquelas, porque meu irmão mais velho veio a interferir justificando a sua participação na pescaria, senão, não sei não!
O ALARME FALSO
No dia 4 de março de 1971, com a rodada dupla Bahia x Flamengo e Vitória x Grêmio reinaugurou-se a Fonte Nova, após obras de ampliação. Eu estava lá, juntamente com parentes, fomos de carro, pois morávamos em um bairro distante do local de jogo. Havia engarrafamentos de carros e gente, centenas de pessoas, e muita dificuldade para comprar ingressos e obter acesso ao estádio. Não tivemos tantos obstáculos, pois havíamos comprado um camarote para a família, localizado atrás da torcida do Bahia, local tradicional em todos os jogos da equipe. Uma rodada de luxo, pois iriamos assistir quatro grandes equipes, confortavelmente sentados em um camarote. Muitos transeuntes vendiam bandeiras, cigarros, bebidas geladas, doces, salgados, camisas, e as charangas, chegavam muito barulhentas, cada uma cantando hinos de seus clubes de coração. Com muita dificuldade o povão deslocava-se em filas quilométricas, ao sabor de empurrões e muita confusão. Os soldados da Policia Militar tinham muito trabalho para organizar os torcedores que brigavam, e outros bêbados abusavam das agressões verbais e discussões sem sentido. O som das rádios AM, divulgava as escalações das equipes e entrevistas a dirigentes. Os torcedores atentos escutavam toda a programação, nos seus radinhos de pilhas encostados ao ouvido. Eu carregava o meu protegido por uma capa de couro, preta, e com baterias novas para evitar o risco de ficar sem ouvir os radialistas da rádio Excelsior ou Rádio Cultura da Bahia. Finalmente chegamos ao camarote. Acomodamo-nos, pois já havia começado o jogo preliminar entre Vitória e Grêmio.
As torcidas vibravam torcedores do Vitoria contra os do Bahia que torciam pelo Grêmio. Não me lembro dos resultados desses jogos. Começou então o jogo Bahia e Flamengo. Uma festa, empolgante e colorida. Jogo lá e cá. Vem o intervalo. Começa então o segundo tempo do jogo. O estádio foi construído para oscilar, balançar, quando os torcedores pulassem, mas muitos torcedores não sabiam deste detalhe. Então aos quinze minutos de jogo o Bahia ataca perigosamente, e o estádio treme! Um torcedor mais nervoso gritou! O ESTÁDIO ESTA DESABANDO! Foi o estopim! O povo como estouro de boiada, começou a correr em direção as saídas do estádio, como loucos, gritando desesperados. Muita gente machucando-se gravemente, outros se jogavam do segundo pavimento, desespero total. Nós estávamos abaixo do pavimento superior e atrás da torcida do Bahia. Saímos correndo também, alucinados, eu corri em direção a um muro de proteção atrás da torcida do Bahia, quando olhei para baixo, os torcedores derrubavam um portão e uma multidão de gente alucinada passou a a correr, desesperadas para fora do estádio, me aproveitando das centenas de pessoas la embaixo, não tive dúvidas e pulei de uma altura aproximada de quatro metros em cima delas. Como era muito novo e magrelo, com apenas 18 anos, a minha queda foi amortecida, e nada sofri, nem as pessoas lá em baixo, graças a Deus. Corri diretamente para o local onde estava estacionado o carro da família. e fiquei esperando meus parentes, que foram chegando um a um até que todos estavam lá sem nenhum arranhão.
Foi terrível, muita gente morreu, outras sofreram lesões graves e escoriações por todo corpo. Tudo por causa de um grito de alerta falso. O público pagante oficial divulgado dois dias depois foi de 94.972 pessoas e não 120.000 como dizia a imprensa.
Acho que o Bahia naquela oportunidade apenas empatou com o Flamengo.
A CARGA PULADA
De Dr. Eldebrando Moraes Pires
Livro Minhas Garatujas
Ele mesmo me contou o seu caso na sua voz grave, pausada, saída do peito largo do seu corpanzil recostado inclinado na cadeira.
Fazia parte de uma daquelas famílias numerosas da região onde proliferavam os homens de uma série de irmãos mantendo o sobrenome tornado conhecido. Havia um grande Barachos na cidade. Ele próprio atendia por Clarêncio, exator de coletoria, dado a leituras, culto, com tendências à escrita, um poeta simbolista como Cruz e Souza. E se orgulhava disso. A característica dos Barachos se prendia principalmente a sua altura, à cor da pele, amulatados e na voz pausada, preguiçosa. Um deles mais novo mais baixo e mais claro, falando mais rápido advogado, ficou conhecido como Barachinho.
Uma pessoa contando os Barachos ali residentes somou onze varões. Não falou mais nada: um time completo de futebol. Aquela época chamava-se “um team” e de “football”, respeitando-se a origem dos termos do “esporte bretão”.
Vamos armar o “team” (digo time) e marcar o dia do “match” (quer dizer do encontro, da partida).O assunto correu a cidade de boca em boca e chegou aos ouvidos de Clarêncio. Ele não pode arranjar outro. Por mim o tal team vai só com dez. Prefiro mil vezes ficar relendo o meu Cruz e Souza e sentindo a intimidade do meu simbolismo. Acho horrível ver aqueles pernas secas correndo atrás de uma bola, ”chutando” para baixo e pra cima, sem nexo, sem razão de ser. Vai procurar outro Baracho ou arranjar um com outro sobrenome um Clarêncio não entra em campo. Juntou o grupo do convencimento e foi à casa do “crack” renitente. O mais bem falante depois de horas, de argumentação esclareceu: Clarêncio você vai entrar na extrema esquerda (chamada ponta esquerda)só para constar para completar o time não podem ser só dez jogadores e o ponta esquerda fica lá, longe dos outros dez, não vê nem a bola, os outros não passam a bola para ele. Você só vai entrar em campo, permanecer o tempo todo da partida longe do jogo e sair calmo e sereno.
Esta é a sua quota. E assim mesmo? Então eu vou. E não quero nem saber de bola. Tá certo? No domingo pela manhã a cidade ficou vazia. Tempo bom sol bonito, brisa fresca, ótimo para prática de esportes.
Campo cheio, as “arquibancadas” lotadas, só de Barachos... Eram quase todos os presentes.
O quadro dos irmãos (alguns primos) compareceu uniformizado: camisas, calções, meiões iguais, com chuteiras.
Não seria o comum: quase existia o time com camisas e o sem camisas ou todos com as camisas próprias identificadas “na raça”, ou pelos nomes (fulano é meu e fulano é contra) escolhidos na boca pelo “par ou impar”. Schooteiras (chuteiras) de fato só em ocasiões como aquela ou cada um usava seu sapato e outros saiam “na palheta”(pés descalços).Os Barachos estavam uniformizados e de shooteiras novas Clarêncio também, deslocado, tímido, se escondendo, já torcendo pelo fim da festa.
O outro time, o adversário também se organizou e compareceu “nas tintas” Flamula taça, padrinho, juiz, apito, torcida quase organizada , uma festa de se ver.
O nosso Clarêncio fugidio encontrou um tabuleiro e comprou (fiado, já se vê, calção não tem bolso) uma cocada puxa. Ele contava essa parte com a maior graça. Um jogador, um craque, defendendo o famoso nome da família, entrou em campo comendo uma cocada. Naquele tempo não havia o Fantástico nem o guiness. Se houvesse...
O Jogo começou e ele postou-se lá longe, em cima da linha delimitadora do campo, comendo tranquilo a sua cocada. La pelas tantas, a bola longe, ele resolveu aproximar-se, só por curiosidade da grande área, para ver a pequena área, a parte sem grama do goleiro, as traves. Foi o seu grande erro cometido durante a partida, como se verá.
De repente deram um chutão e a bola foi parar nos pés de um Baracho, grande jogador, lá na ponta direita, o bom de bola, com a dita nos pés, levantou a cabeça e vislumbrou uma camisa semelhante bem ali na entrada da área do outro lado. Ali estava, sem querer, o ponta esquerdo Clarêncio, “só por curiosidade”. O habilidoso craque calculou o passe para deixar a pelota (dizia-se assim) bem no peito do companheiro e colocá-lo em risco de “goal” (hoje se escreve gol). Clarêncio inocente nada percebia e nem mesmo via a bola em sua direção. Estava armada a trama. O “fullback” (hoje zagueiro) contrário sentiu “o perigo”. no meio do meu tórax me deixando no chão estatelado. O seu adversário estava sozinho, sem marcação na entrada da sua área. Era meio gol. Pensou ele. Não conhecia Clarêncio e partiu para providencias imediatas, urgentes a tomar. E só haviam duas: interromper a jogada derrubando o outro jogador ou deixa-lo na cara do gol com meio gol feito. Evidente escolheu a primeira opção.
Quando a bola me achou me bateu no meio do peito ele partiu para cima de mim e me aplicou a terrível “Carga Pulada” e eu caí duro lá no chão. Ele queria parar a jogada, quando me viu na entrada da área com a bola “matada” no peito saiu na minha direção em alta velocidade, deu um salto com os joelhos fletidos e meteu os pés no meio do meu tórax me deixando no chão estatelado.
O pior é que o Juiz nada marcou! Ainda veio devagar, me olhar caído no campo e ainda perguntou aos jogadores mais próximos.
-Escarrou sangue?
Como os jogadores responderam que não,
-O Juiz dirigiu-se a mim em tom ameaçador mandando-me levantar e seguir o jogo...
Não pude me levantar. Fui retirado de campo e levado para casa em uma cadeira. Dei muito azar. Só escarrei o sangue quando cheguei em casa. Levei três dias de cama, usando banha de galinha, mastruz com sal e passando unguentos no peito e nas costas.
Meu time venceu, mas eu sofri diabo.
Quando foi realizada a segunda partida a revanche, perguntaram por Clarêncio. Mas Clarêncio viajou, sumiu desde a véspera da partida, só reaparecendo após o final do jogo...
A FILHA DO CAPITÃO EUSÉBIO RIBEIRO
Fonte : Livro Álbum de Família
De. José A. F. Rebouças
Texto adaptado por PauloSNSantana
Filha de Capitão Eusébio Ribeiro de Novaes, casou-se com Major José de Sousa Botelho, que provinha de rica e prestigiosa família de Salvador. Contam que o Capitão Eusébio ofereceu ao noivo, como dote da filha, além de terras, grande quantidade de gado. Falam em duas mil novilhas brancas. Façamos por menos, deixemos em duzentas, que já seria muita coisa para aquele tempo. A imagem que ficou do Major José de Sousa Botelho não é boa. Dizem que era pessoa ambiciosa, traiçoeira e até existe uma versão segundo a qual teria sido responsável pela morte do sogro.
Major Botelho e sua mulher, Ana, moraram na fazenda Bananeira, perto de Maracás; por isso, esta passou a ser conhecida como Ana da Bananeira. A fama de Ana ainda foi muito pior do que a do marido: louca, valente, horrorosamente cruel. Para ilustrar o que se dizia dela, basta recordar um episódio. Contam que, pela manhã, o café foi servido ao casal por uma meninota escrava, nascida na família e na fazenda. O marido disse para a mulher, referindo-se a meninota: ´´Como esta menina está ficando bonita, veja que lindos seios se estão formando!´´. Tendo saído para o campo e voltado à tarde, no jantar um prato muito estranho lhe foi servido.
-Ana, que diabo está neste prato? Perguntou a mulher.
-Você não está reconhecendo? São os peitos daquela negrinha que você hoje tanto elogiou. Agora coma!
A narração parece demasiado violenta e demasiado macabra para ser verdadeira; mas, de qualquer sorte, retrata a personalidade famosa de Ana da Bananeira, que morreu completamente louca, dizem, fazendo toda espécie de insensatez. Não tiveram filhos. Como eram muito ricos, segundo os critérios da época, correu a conversa de que o Major Botelho enterrou na fazenda Bananeira uma garrafa cheia de diamantes, perdeu o lugar e nunca mais a encontrou. Muitos curiosos tem empregado tempo à procura dessa garrafa de diamantes. Ainda hoje existem pessoas com esperança de encontrá-la.