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UM PAPO PRA LÁ DE INTERESSANTE!

 

No dia 10 de Maio de 2015, um Domingo, tivemos o prazer de receber em nossa casa, Toinho e Expedito, um encontro daqueles que não podem ser programados mas quando são realizados é uma grata surpresa. Dois caras muito queridos na Terra do Sol: Toinho um dos maiores jogadores de futebol da região do cacau, funcionário aposentado do Banco do Brasil e Expedito um cara bem humorado e que sabe como ninguém animar uma boa conversa. Eu estava ali prestando a atenção em tudo que eles falavam, sorrindo dos causos que os dois contavam sobre as suas andanças e performances no mundo do futebol na região. Confira uma parte do bate papo:

 

UM ENCONTRO DE GIGANTES

 

Antonio Barbosa, o conhecido Toinho, no auge da forma física e técnica foi convidado para fazer testes no Esporte Clube Bahia, na época áurea daquela equipe, que possuía jogadores fantásticos como San Felipo, Baiaco, Amorim, entre outros. No dia que ele deveria viajar para Ilhéus, saiu o resultado do concurso que havia feito no Banco do Brasil e ele teria que decidir se iria fazer o teste no Bahia ou iniciar suas atividades na agência bancária. Teria que apresentar-se no Bahia em uma quarta-feira em Ilhéus, pois o Bahia iria jogar naquele município. Toinho havia conhecido toda a galera do Bahia: San Felipo, Baiaco entre outros. Na segunda feira, dois dias antes da sua apresentação no Bahia, Aloisio levou pra ele um recado de Modesto do Banco do Brasil, convidando-o para se apresentar ao Banco, quando chegou lá

 foi comunicado que havia passado em 1º lugar no teste para funcionário do banco. O Gerente disse que se ele não assumisse iria chamar Eliane Galvão, que havia passado em segundo lugar. Ele teria que decidir ali mesmo, naquela hora, Toinho ainda era um garoto, não tinha todos os documentos, nem possuía carteira profissional, o salário seria de duzentos mil cruzeiros na época. Naquela época trabalhar em um banco significava segurança e bom salário, porque durante dez anos você não podia ser demitido. Ele decidiu em vinte minutos a sua vida, abandonou de vez a ideia de ser jogador profissional e passou a ser bancário. Escolheu trabalhar no Banco do Brasil, e nunca se arrependeu disso. Ele afirma categoricamente, que gostava e ainda gosta muito de jogar futebol, mas que nunca pensou em ser jogador profissional. Duzentos mil cruzeiros naquela época seria hoje talvez mil reais, então ele colocou uma roupa apropriada e foi trabalhar. Ligou para Edmundo Teixeira que estava arranjando os testes no Bahia e comunicou sua decisão.

 

Toinho já havia treinado no Vitória de Ilhéus, passou uma semana lá junto aos profissionais. Participou de treinos físicos e técnicos e de um coletivo uma única vez, na equipe jogava Brígido que era o meia da equipe, depois o mesmo jogador foi contratado pelo Bahia para disputar a Taça de Prata e foi campeão, um dos melhores meias que havia visto jogar, o goleiro João era considerado o melhor na sua posição na Bahia, o cabeça de área era Déco, Lourival e Nôcha eram o laterais. Ele treinou uma vez e o treinador conhecido por Tio Patinha que tinha vindo do Madureira perguntou: - você já fez atividade física? Ele respondeu que só jogava bola. Então o treinador o orientou: - Acompanha a galera em volta do Mario Pessoa, quando você cansar, você para, ta bom? Isso foi em uma terça-feira, e ele conta: - e lá vou eu, lá vai um saindo, lá vai outro saindo, lá vai outro e mais outro, quando chegou às ultimas voltas só restavam Brigido, Eu e Esquerdinha, quando chegamos ao final do percurso, o treinador perguntou: - você já fez este tipo de trabalho? - Eu respondi que não e o cara disse que tava bom. Na quinta feira dia de treinamento coletivo, Toinho chegou pra treinar com bola, lá estava também um jogador vindo do Vitória de Salvador, o nome dele era Jacson, tinha sido campeão pelo Vitoria na época de Touro e Nadinho, o cara era centroavante, ai o Técnico botou Toinho pra jogar de centro avante e Jacson de meia, Toinho conta:- Eu fiz amizade com Brigido, vai aqui, vai ali, eu passava e Brigido tocava a bola, mas na hora que passava para Jacson ele não devolvia pra mim e assim permaneceu até que o técnico gritou: - Ei Jacson que é que você ta querendo? Ta querendo garantir lugar? O menino ta fazendo a jogada certa e você não tá devolvendo, você devolva a tabela! O rapaz ta fazendo a tabela certa, ele passa e você não devolve porque? Tá querendo garantir lugar? O treino continuou eu passei a bola pra ele e ele devolveu, o zagueiro chegou fazendo pênalti. Ai vieram pra me contratar, e eu fui orientado a não assinar por menos de duzentos mil por mês. Quem ganhava essa quantia era Brigido. Eles fizeram uma contra proposta de cento e cinquenta e se tudo corresse bem passariam a pagar os duzentos mil. Eles já queriam que eu fosse com o time jogar contra o Vitoria de Salvador. Eles viajaram para Salvador e eu voltei pra Coaraci. Quando eu cheguei a Coaraci, soube que estava saindo uma Kombi, a de Nilton, pra São Paulo, minha mãe residia lá, depois que separou-se de meu pai, tinha uns quatro anos que nós não a víamos, eu sai correndo pra pegar a condução, perguntei a Nilton se ele poderia me levar, ele respondeu afirmativamente e eu fui pra São Paulo rever a minha mãe. Passei quinze dias lá, quando voltei não procurei mais a equipe de Ilhéus. De qualquer forma eu tinha emprego na Coletoria. Eu nunca tive a ambição de ser jogador profissional.

 

Toinho:

A equipe do Colo-Colo de Ilhéus me convidou e convidou Massa para testes, nos fomos lá, treinamos com Gato Preto e companhia...

 

***

Expedito:

Tem uma cara lá no futebol de sete, o cara é folclórico, Dr. Libório é o nome dele, ele tem os ligamentos dos joelhos baleados, teve câncer de prostrada, não consegue mais dobrar os joelhos, mas o cara sabe finalizar uma jogada de cabeça, ele tem uma cabeçada certeira, sabe onde vai cabecear e sempre coloca a bola no lado oposto ao goleiro e outra, não chuta com o peito do pé porque o joelho não dobra, só bate de bico, pensa num cara que faz gol. Né estória não, esse véio ai, a malandragem do cara, e outra os goleiros são bons, disputam campeonato de interbairros, lá no futsete. Os goleiros são remunerados e as arbitragens também.

 

***

Toinho:

Rapaz eu vou lhe falar. Nestes campeonatos do Banco eu sou tricampeão brasileiro de AABBs, ai você diz assim, mais isso é negocio de gente velho, eu sou Pentacampeão das AABBs do Nordeste, Vice já fui muitas vezes, Artilheiro outras tantas e jogando no meio de campo, tenho medalhas, troféus, títulos, tudo guardada na roça.

 

TOINHO: Tem um cara chamado Zé Marcio em Alagoas - Maceió tem o joelho cheio de fios, ele joga pra caramba, os fios no joelho são de aço, no joelho Paulo! ele é mais velho do que eu que tenho sessenta e cinco anos, ele é mais velho e não é mole jogar contra ele não, é encrenqueiro que só vendo, é boleiro. No futebol society. Nestes eventos você encontra jogadores de sessenta e cinco, setenta anos, e ai você diz vou driblar este cara, driblar aonde?

 

Expedito: Tem um cara o Valter, ele é engenheiro do DENIT o cara nem anda direito mas  marca tão bem que tira a bola dos caras com a maior facilidade, não tira todas mas a maioria das bolas ele recupera. Ele é um jogador durão e rápido. Ele tem um toque certo, ele já jogou bola, porque o cara que nunca jogou não tem senso de colocação. E outra, a vantagem lá do futsete é o campo que é todo uniforme é um campo que não tem buraco, você pode cansar as pernas mas sabe o que acontece? Toma um vinhozinho, tem a parte da cerveja, tem a parte do uísque e fica tudo bem.

 

Toinho: Quando se fala em grandes jogadores, acho que fui um privilegiado, porque joguei num grupo de Coaraci na época quando eu cheguei do Seminário, na época com quatorze anos, quinze anos pra dezesseis, que só tinha craques viu. Coaraci tinha craques, a equipe dos Estudantes era só de craques, um dos nossos adversários era a equipe do Pérola que era uma mistura de Cafundó com Itapitanga, mas dizia que era de Itapitanga. Tinha o Cruzeiro de Eronildo; Expedito acha que era Cruzeiro de Zeca Moura. Toinho: Tinha o Nacional que era de Jorge Simões, o Juventus de Renato, o Flamengo de Valdo Matos, o Flamengo era um timão. Expedito: A primeira camisa que teve publicidade em Coaraci foi uma oferta de Luis Sena de Correia Ribeiro. Paulo interrompe o papo e pergunta: - Em que ano Expedito, foi nos anos sessenta? Expedito responde: - Não rapaz cê, cê, cê é maluco rapaz, ai eu tenho cem anos, tou fddo! rsrsrsrsrsrs. Toinho: - No barato era 65, 66, rsrsrsrsrsr. Expedito: - Nãaaaao Toinho que é isso, eu cheguei aqui em 70, quando o Vasco fez aqueles gols contra o Botafogo, Pedro Paulo era goleiro, eu cheguei aqui com doze anos. Toinho: - Eu cheguei do Seminário em 64, comecei a jogar no São Paulo naquele tempo na paleta. Expedito: - Quantos anos você tem Toinho? Toinho: – Eu tenho 65. Toinho: - E você expedito? Expedito: – Eu tenho 59. Toinho: - É gato! rsrsrsrsrsra, é igual a Baiaco. Baiaco veio de Itamaraju a pé viajou oito anos e se registrou sem contar os anos que viajou, menos oito anos. Toinho: - Expedito não começou novo no futebol não. Expedito: - Comecei com 16, 17 anos. Toinho: - Mas quando chegou aqui não era novo não. Viajou de onde? Fez igual a Baiaco, veio a pé, foi? rsrsrsrsrs. Expedito: - Oh Paulo, os times daquela época os cara eram feras, era diferente, Zé de Índio, um tal de Jaime Preto, era tudo bom, era bom ver jogar. Toinho: - O Jaime era um meio de campo que me dava raiva de jogar contra o cara, porque eu era centro avante mais era marcador, era meio chato jogando bola, eu não deixava zagueiro sair com bola não, agora o Jaime, ele tinha uns pés largos, era um negão forte, ninguém conseguia tomar a bola dele, ele escondia a bola. Ele tinha um negócio de uns pés abertos, que pra tomar a bola era muito difícil. Expedito: - Mais ele sabia jogar bola, matava no peito que era bem largo, um negão deste tamanho, como é que você ia marcar o sujeito? Era largo o tal do negão. Toinho: - Acho que aquela geração da equipe dos Estudantes era muito boa. Brogoió, Bolinha, Renato de Hilton Fortunato; Expedito: - que era um jogador técnico mais pipoqueiro; Toinho: - ai vinha Catulo, Gilson, Góes... Expedito: - O time do Estudante era de Fd!, eu acompanhei tudo isso, era novo, em 70, agente torcia pelo Estudante

 

DR. FARIAS FALA SOBRE SAÚDE E SOBRE O PROFISSIONAL MÉDICO.

 

O Dr. José Antônio de Farias, é filho de Antônio Martins de Farias e de Joselita Carias de Farias, é natural de Salvador Bahia. Filho legítimo do Senhor do Bonfim, nascido nos pés dele (como ele mesmo diz). Dr. Farias é um senhor de bem com a vida e ele fala muito bem da sua esposa Vilma Carias de Farias, que ela é uma pessoa maravilhosa, boa mãe, boa dona de casa. Que eles têm quatro filhos: Leonardo, Daniel, Marta e Ana Carias de Farias. O Dr. Farias diz que são maravilhosos, direitos, honestos e trabalhadores.

Em 1982, Dr. Farias veio trabalhar nesta região por intermédio do Sindicato dos Médicos que tinha feito uma estudo em toda Bahia, e havia uma lista de cidades que não tinham médicos e ele quando tomou conhecimento, escolheu Almadina e veio pra região através do ex-prefeito, já falecido Almeida e sua Esposa que era vereadora na época. Transferiu-se mais tarde para Coaraci por questões politicas (perseguição politica partidária.).Veio para Coaraci através do Prefeito Janjão. Onde foi bem recebido não só por Janjão na época dele, como depois por Joaquim entre outros prefeitos. Ele diz que a comunidade gosta dele, que assim parece, e que graças a Deus foi tudo bem. Dr. Farias é um especialista em Ginecologia Obstetrícia, mas trabalha com Clínica Médica. Já participou de vários cursos, congressos, principalmente quando residia no Rio de Janeiro. Trabalhou em São Roque, Itamotinga, hoje trabalha no Hospital Geral de Coaraci. Já prestou serviços no SESP. É um funcionário público municipal e estadual. Já esta aposentado pelo Estado.

Pedimos ao Dr. Farias para nos falar sobre a saúde no Brasil, e ele começou dizendo que em Coaraci o atendimento de saúde é bom. Agora em termos gerais a saúde no Brasil esta muito deteriorada. Os dirigentes não têm desempenhado adequadamente o seu papel, que é de dar qualidade, suprir com recursos e valorizar a classe, atender bem os pacientes, preparar os hospitais, postos de saúde para receberem a todos sem dificuldades. Que enquanto estiverem desviando os recursos da saúde para outros fins, a situação continuará do jeito que esta. Ele disse que quem acompanha as reportagens nas mídias televisadas, pode constatar a situação vexatória dos hospitais, clinicas postos de saúde totalmente desaparelhados e sem recursos humanos e matérias. Com os desvios dos recursos da saúde, os dirigentes não aplicam onde devem e muitas vezes embolsam os recursos. Se fosse um Administrador da Saúde, procurava dar toda a assistência, ver o que a saúde necessita para dar maior qualidade ao atendimento, faria uma analise profunda, para aplicar adequadamente os recursos financeiros, suprindo as áreas carentes, com pessoal especializado, material e equipamentos adequados, contrataria mais médicos, valorizaria os seus salários, porque não existe mau médico, e nem existe falta de médicos, o que existe em muitos casos é a falta de valorização e de condição de trabalho. Têm médico que não examina o paciente e isso aí é uma displicência, porque o atendimento deve ser adequado e responsável, deve-se pesquisar a origem da patologia através de entrevista, exames físicos e laboratoriais para se identificar a doença do paciente e tratá-la adequadamente.(o médico tem que examinar tocar no paciente, para saber onde se encontra enfermidade.)  Que um dos problemas da saúde pública reside nas péssimas condições e valorização do trabalho do médico. Ter contrato de trabalho com mais de uma empresa, não é uma falha do médico, isso ai é consequência dos novos tempos, da situação econômica e da desvalorização  do profissional e do aumento da demanda. O médico tem que ter um padrão de vida, um status, o médico não pode ser um pé de chinelo qualquer, ele não pode andar de ônibus, e para manter este status ele tem realmente que trabalhar em várias empresas para poder manter a família, e pagar os estudos das crianças. Com certeza cairá à qualidade no atendimento. Por outro lado, o médico que depende só do Estado, é um médico estressado, preocupado, inadimplente, que no final da história nem poderá cuidar bem da sua carreira. Um plantonista trabalha em quatro plantões em Itabuna, e recebe 4.800, descontando-se impostos e etc., vai sobrar bem menos. Sendo assim como ele manterá a sua família? O pobrezinho do médico que ganha pouco é um sofredor. É por isso que existe o médico nervoso, que atende mal, apressado, etc.

Olha Paulo eu nunca contei, mas o que sei é que ainda hoje atendo muitas pessoas carentes em minha casa, muitos casos são de hipertensão, são pessoas que antes de ir ao hospital vem aqui me procurar, acho que por confiança, não sei, eu então fico com pena e atendo sem problemas e sem cobrar nada. A mensagem que deixo aos coaracienses é que se qualifiquem para ter uma boa condição de trabalho e qualidade de vida, e procurem não se estressar, devem controlar a alimentação, comer bem, viver com qualidade, ter regras e disciplina, pensar no futuro e na família, caso contrário vão surgir patologias como hipertensão, diabetes, etc. E aí virão as dificuldades no tratamento e na aquisição de medicamentos, então é melhor evitar que remediar o problema!

                              Um abraço a todos. 

 

EMPRESÁRIO COARACIENSE REFORMA E CONSTRÓI

CASAS POPULARES PARA FAMÍLIAS CARENTES

 

Etevaldo Barreto Nogueira conhecido por “Tel”, é proprietário da casa comercial “TELMAC - (COMERCIAL DE MATERIAIS DE CONSTRUCAO DE COARACI LTDA)”, em Coaraci, situada na Rua Joana Angélica, 11, Centro. Também é proprietário do “Centro Esportivo Nogueirão” praça de esportes construída por ele para receber os amigos e praticar o bom futebol, fica localizada em sua fazenda a poucos quilômetros de Coaraci.

  ’’A ideia das casas populares surgiu lá no Centro Esportivo Nogueirão, quando resolvemos reformar uma casa para um senhor de idade do Distrito de São Roque, “a casa nº 1”. Inicialmente distribuímos cestas básicas. Já reformamos trinta e cinco casas e estamos iniciando a trigésima sexta. A primeira casa foi entregue em fevereiro de 2007. Existe uma equipe de colaboradores e em todas as casas tem uma placa afixada na fachada com fotos  e imagens de antes e depois da reforma e o nome deles. A maior parte dos recursos financeiros empregados são nossos. Os que colaboram mais efetivamente são os profissionais da área de construção, como eletricistas, pedreiros, pintores, carpinteiros com sua mão de obra totalmente gratuita. Para fazer uma reforma nós olhamos a carência da família e o estado da casa, e damos preferência a idosos e enfermos. Em alguns casos solicitamos que eles consigam algum material de construção, tipo: pedras, areia, blocos e madeira. Uma casa destas, no terreno deles e tendo alguma coisa pra ajudar, hoje a obra fica em torno de oito, nove mil reais. Já construímos casas em até vinte dias, a primeira foi construída em trinta dias, atualmente estamos construindo em dois meses. Construímos oito casas no Distrito de São Roque. Mas aqui em Coaraci construímos no Bairro Maria Gabriela, no Bairro de Zé Reis, no Berimbau três casas, mais três casas no Bela Vista, três no Jóia do Almada, reformamos no Jardim Cajueiro, Rua São Paulo, no Bairro da Feirinha, na cidade quase toda. A documentação da casa é de responsabilidade das famílias. Houve um caso de uma família que construiu em um terreno que não era de sua propriedade, depois apareceu o proprietário reclamando e depois se oferecendo para doar. Uns agradecem a ajuda, mas têm algumas famílias que não. Inclusive uma família beneficiada depois da obra concluída vendeu a casa. Depois de construída ou reformada a casa é de inteira responsabilidade do proprietário e nela nós não mexemos mais. Teve uma que deu problema de uma rachadura, a proprietária fez uma valeta do lado da casa e deixou a chuva bater, rachou a parede e eu mandei concertar. Mas o problema foi causado pela proprietária.

Os colaboradores do Nogueirão são Hominho, Gel, Hélio Rói Coco às vezes Batista.

As casas que entregamos têm no mínimo dois cômodos, sala, quarto e banheiro, quando é uma pessoa sozinha e idosa, construímos uma casinha pequena.

Quando só é um morador idoso quando ele morre, colocamos outro idoso carente na casa. As casinhas são muito bem feitas. Em uma casa mandei colocar o piso que a família comprou, foi na casa de Nido, lá no Bairro da Feirinha perto da Caixa D'agua. Nido é um feirante. A casinha dele ficou toda arrumadinha, eles têm um prazer com a casa. Já têm outros que não cuidam. O importante é que Deus viu as nossas intenções e quando concluímos uma casa é uma dadiva.

Às vezes penso em parar porque a situação não esta boa para empresários com eu, a crise esta batendo na nossa porta, e essas despesas saem todas do meu bolso, mais o meu sonho era construir uma avenida de casas populares, mas isto só se ganhasse na loteria. Quem quiser me ajudar que venha. Chico Galvão por exemplo, todo mês deposita cem reais em nossa conta para este fim, José Carlos Reis colabora muitas vezes com cinquenta reais, não importa o valor. “Rói Coco”, já colaborou com todas as casas, ele doou duzentas telhas para cada casa construída até hoje. Duzentas telhas hoje custam em torno de cento e dez reais. Todas as casas têm o nome de “Rói Coco”, ele fala sempre que pode fazer o vale e colocar no seu nome e avisar. Nós temos a foto de todas as trinta e cinco casas. Uma vez nós fomos reformar uma casa e caíram as três vizinhas, nós então construímos as quatro de uma só vez. Este fato aconteceu no Distrito de São Roque. E todas ficaram bonitas.  Eu peço a Deus que me dê forças, porque quando vamos visitar as casas das pessoas que vem nos pedir para reformar ou construir, elas estão em péssimo estado, cada uma pior que a outra.

A Associação Nogueirão, se reuni nos dias de terças e quintas feiras para jogar futebol. E foi dai que surgiu essa ideia, lá se o associado receber um cartão tem que colaborar com um quilo de alimento, ai nós criamos cestas básicas e doamos a um velhinho e a uma mulher doente de um câncer. Hominho me ajuda muito nesta tarefa. A nossa associação contribui para dar uma vida melhor a famílias carentes da região. Uma vez fomos entregar a cesta básica para um velhinho, e vimos que a sua situação era caótica, a casa estava quase caindo, tiramos umas fotos, lá não havia cômodos, o banheiro era no lado de fora, a casa estava em péssimo estado, o telhado estava caindo, depois da reforma ficou ótima, pronta para receber a família dele. Colocamos uma lavanderia e uma pia. A casa ficou com três quartos, cozinha, sala, área pra lavar roupas e banheiro.

O Nogueirão foi resultado de um sonho que eu queria realizar, um campo para bater uma bolinha com os amigos. Uma organização com árbitros, churrasqueiro, visitantes que vão assistir aos jogos e depois ouvir às resenhas. Os árbitros são remunerados.

O regulamento é rígido, temos até uma gaiola, se o jogador receber um cartão azul ou vermelho, terá que ficar preso dentro da gaiola por três minutos, tomando banho, é uma brincadeira que todos têm que participar obrigatoriamente. Se for um cartão azul ele entra e depois dos três minutos volta ao jogo, se for vermelho entra e depois dos três minutos, estará expulso. Os associados colaboram pra comprar bolas e pagar aos juízes. O resto das despesas eu banco.

Eu amo a minha terra. Fui embora uma vez, passei vários anos fora, mas com intuito de melhorar de vida e na primeira oportunidade retornei pra ficar. Um abraço a todos os conterrâneos.’’

(Tel).

 

ADEILDON MARQUES, DONO DO JORNAL CORREIO DOS MUNICÍPIOS E EDITORA E GRÁFICA LTDA & EVENTOS EM ITABUNA, FALA SOBRE A CULTURA EM COARACI.

 

 

Acho que Coaraci é um celeiro de cultura, assim como Ibicaraí, mas os projetos estão adormecidos. É como diz o outro: - Se o boi soubesse a força que tem ninguém conseguiria matá-lo. Coaraci ainda não sabe da força intelectual que tem, mas eu já lutei e ainda luto muito por aqui e ainda hoje encontro muitas dificuldades.

A Cultura na região é um processo muito difícil, para ser executado. Até porque eles não valorizam a poesia muito menos os poetas, artistas e músicos. Paulo a poesia é milenar, antes de Cristo, Lucrécio que era um poeta ateu e reconhecia não o Deus eterno, mais os deuses dele, e antes de Cristo o primeiro testamento do livro de Jó até Cantares são livros poéticos. Então a poesia é um momento mágico, que retrata os caminhos da vida e são como rosas perfumadas nas primaveras floridas. 

Hoje você sabe que a cultura esta em decadência no mundo não é? Você não vê mais um jovem sentado lendo um livro, e o cara para se tornar literato ele tem que ler pelo menos doze livros por ano. Hoje a maioria não lê nenhum. Não é verdade? Paulo, você que procura divulgar a cultura coaraciense e assumiu ser um “jornalista”, tem o Caderno Cultural de Coaraci no qual divulga coisas espetaculares, da história de cidade, eles têm que fazer a parte deles, você já tem um publico grande e um campo maior ainda para divulgar seu projeto. Aproveito pra te convidar para coordenar um grupo de poetas, mas quando você precisar de um teatro não tem. Josefina comprou o cinema, para construir um Centro Cultural, mas enquanto ele não for construído a cultura não terá onde expandir-se, onde mostrar-se, onde exibir os seus valores, os seus artistas. Mas na hora em que nós começarmos a frequentar a um Clube de Poetas, um Teatro ou ainda um cinema, e participar e realizar grandes eventos, a cultura vai começar a fluir. Em Coaraci existe mais de cem poetas, todos no anonimato, sabe porquê? Porque nós temos um Clube Social, que não se sabe por onde andam as ações dos fundadores. Um clube deste era pra ter em um ano uns dez eventos culturais de relevância, para que o jovem possa tomar gosto pela cultura, e pra fazer e divulgar e exercer a cultura o que não é fácil.

Eu espero que eles amem a cidade de Coaraci, assim como você tem demonstrado, e que procurem ser criativos, que promovam o resgate da cultura da cidade, assim como você tem feito, eu tenho lido muito os seus textos, as histórias, os causos engraçados, as poesias, as criticas, o Caderno Cultural de Coaraci é fascinante.

Que recomecem a fazer como nós fazíamos antigamente; no nosso tempo, no desfile de 7 de Setembro, era difícil não ter um orador no palanque, para falar sobre a importância desta data cívica.

Então nós temos que participar, os jovens tem que se fazer presentes nestes eventos para que a cultura possa fluir dia a dia em Coaraci.  

                             

Abraços, Adeildon. 

 

TIO DUCA.

Anos 40 e 50

COARACI – BAHIA

 

A chegada do Senhor Antônio dias às duas barras coincidiu com o início da primeira grande guerra mundial em 1914. Era casado com dona Silvina, com quem teve cinco filhos: - Manoel, o Duca, Antônio filho, o Dole, Maria, Elias e Lúcia.

         O Tio Duca, como era carinhosamente chamado Manoel, era amigo inseparável da informação e da leitura, e encontrava nela uma oportunidade de saber o preço do cacau, os destinos da política de Vargas, ou qualquer outro fato importante. Algumas leituras tornavam-se difícil ao encontrar palavras como Sir Winston Churchill, - primeiro ministro da Inglaterra. General Dwight Eisenhower, - presidente dos Estados Unidos. Dag Hammarskjold, - Secretário Geral das Nações Unidas, ele as lia como estavam escritas. Ali reunidos, ouviam atentamente, e a leitura só era interrompida para se ouvir os comentários e opiniões que fossem necessários. A palavra “bom”, pronunciada por Duca em alto e bom som, indicava que os comentários e opiniões estavam encerrados e à leitura iria continuar. Essa leitura e prosa acontecia dia após dia, sete dias da semana, 30 dias no mês. As leituras eram encerradas às 21 horas, quando os candeeiros eram apagados, indo cada um para o seu destino, depois de prolongadas despedidas.

- Até amanhã, capitão manezinho!

- Até amanhã, comandante penedo!

Sua coleção de cordéis atraía e despertava muita curiosidade naqueles que frequentavam sua casa. Com elas, muitas pessoas desenvolveram o gosto pela leitura, sempre acentuada em voz alta, e aplicando toda a cadência necessária a boa compreensão: Boi Misterioso, Pavão misterioso, O suicídio de Getúlio, A chegada de Lampião no inferno, são alguns deles, onde se destacava João Martins de Ataíde, um dos mais famosos cordelistas brasileiro. Histórias dos mais variados tipos eram contadas a meninada por seus pais, irmãos mais velhos e até trabalhadores rurais, que aprendiam em suas andanças pelas fazendas. Muitas delas começavam assim: - no tempo em que os bichos falavam... Isso ficava na mente da turma, aquela fantasia! Será que os bichos realmente falavam em épocas passadas?  E vinha a emocionante história de Juvenal e o dragão, contada de pai para filho. " Juvenal era um andarilho nas terras do oriente, e considerava-se imbatível ao lado de seus três cachorros: Vencedor, Rompe Ferro,  e Ventania. Sua fama tanto se espalhou que chegou aos ouvidos do rei.  Um grande dragão que habitava numa caverna na região montanhosa do reinado, exigia que a cada ano uma virgem lhe fosse entregue, para sacrifício. O poder destruidor do monstro superava a força de todos os exércitos, e ninguém se atrevia desobedecer as suas exigências. Das muitas virgens que existia em todo o reinado, só restava uma, a filha do rei.

Ao sentir a aproximação do dia fatídico, súditos e soldados foram enviados por todo o oriente. Tapetes mágicos, cavalos puro sangue da mais alta linhagem, tal qual a velocidade dos furacões iam viajando pelos desertos e oásis orientais a procura de Juvenal. Encontrado, logo estava diante do rei, e já ciente de toda a história. Pronto para destruir o palácio e todo o reinado, pelo não cumprimento de suas exigências, o monstro ao sair espantou-se ao se deparar com aquela pequena figura humana acompanhado de três grandes e sonolentos cachorros em frente à sua caverna. As discussões e ousadia de Juvenal logo irritaram o monstro, que reagiu expelindo línguas de fogo em todas as direções. Descontente, o dragão resolverá pôr fim às discussões, avançando sobre o andarilho com todos os recursos de sua força. Juvenal esquivou-se com alguns saltos mortais invertidos, enquanto gritava pelo nome de seus três cachorros. Rompe Ferro num voo fulminante conseguiu agarrar as vendas do monstro, que sem respirar, perdeu a força. Ventania numa mordida de duas toneladas, o impedia de usar uma de suas asas, enquanto vencedor imobilizava a sua cauda destruidora. Juvenal aproveitou-se da situação e com um golpe certeiro de sua espada decepava a cabeça do dragão.  Após comprovar sua vitória, Juvenal apresentou-se ao Rei e recebeu o que tinha direito, e voltou para as suas andanças, nas terras do oriente".

Almanaque do pensamento era outra literatura preferida de Duca, que  aguardava ansioso novos  lançamentos. Seus livros eram guardados, um ao lado do outro, em sua pequena estante, alguns já amarelados pelo tempo. Almanaque era um livro informativo que Duca lia e procurava seguir à risca seus conselhos sobre a agricultura, os fenômenos meteorológicos, e até como prever se o filho de alguma grávida seria menino ou menina. Nunca errou um prognóstico.

 

Fonte: Livro Coaraci Ultimo Sopro de Enock Dias Cerqueira, págs. Nº60-61.  

histórias de Coaraci

População estimada 2014 (1)20.183

População 201020.964

Área da unidade territorial (km²)274,500

Densidade demográfica (hab/km²)74,17

Código do Município2908002

Gentílicocoaraciense

Prefeito

JOSEFINA MARIA CASTRO DOS SANTOS

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