
MORAR EM COARACI
Texto adaptado por PauloSNSantana
Residir em Coaraci representava um sonho indescritível para aqueles moradores das fazendas e das roças, era uma nova dimensão de vida que surgia principalmente para aqueles que tinham fazendas localizadas no meio da mata sem qualquer contato com outras pessoas. Morar em plena rua vendo vizinhos em todos os lados, utilizando o conforto da luz elétrica, do rádio, do cinema, do parque de diversões era uma alegria acima do que se poderia imaginar. A Ruínha de José Ramos, a Rua Rui Barbosa, a Rua Três de Outubro, a Barragem tinham sempre o mesmo aspecto. A filhada menor ocupando as ruas, até então sem automóveis, para brincar e cantar, Chicotinho Queimado, Cadeirinha de Pampão, Pula Corda, Pega-Pega, Cabra-Cega, além das cantigas de roda, uma herança trazida das noites enluaradas das roças. Fonte: O Livro Coaraci Ultimo Sopro de Enock Dias.Pg.230
EVOLUÇÃO ECONÔMICO FINANCEIRA DE COARACI
Houve evolução econômica e desenvolvimento nestes 62 anos de emancipação politica em Coaraci? O coaraciense tem motivos pra comemorar?
-No campo das novas tecnologias houve avanços.
-A educação avançou, mas ainda tem muitos problemas e entre eles ampliar através de concurso público o quadro dos professores municipais, construir áreas de esportes e lazer nas escolas, contribuir para que cada escola tenha seu laboratório de informática e internet. Saldar a divida com alguns desafortunados e pobres funcionários públicos municipais, que ainda não receberam os precatórias do calote protagonizado pela prefeitura municipal no ano de 1996. Ha 19 anos eles esperam ansiosamente que se faça justiça. Mas a justiça é morosa. Alguns professores da época já morreram sem receber seus salários atrasados. Pagar essa divida deveria ser uma questão de honra, mas parece que ’’NADA NA POLÍTICA É UMA QUESTÃO DE HONRA’’.
A escolas particulares tem contribuído para a educação de jovens coaracienses e para o acesso deles às universidades. Multiplicou-se o número de universitários, de doutores, de pós-graduados e de mestres, uma parte deles saiu da região, outra foi absorvida através de concursos públicos, e pela iniciativa privada, mas muitos deles ainda batalham por um lugar ao sol.
A saúde, a segurança pública e a justiça caminharam a passos lentos. Cresceu assustadoramente o consumo, o comércio de drogas e a violência. Os traficantes expandiram-se e muitos jovens promissores de todas as classes sociais sucumbiram aos vícios e ao tráfico. Os transeuntes estão tendo que dividir seu espaço com animais abandonados, refiro-me a matilha de cachorros, não se sabe de quem são, se foram vacinados, se estão doentes, tec., uma situação perigosa.
Aumentou o interesse do povo por religião e multiplicou-se o número de templos e de pastores. Os católicos testemunharam o início da revolução protagonizada pelas ideias dos Papas João Paulo II e Papa Francisco. Houve mudanças no Clero de Coaraci.
Onze prefeitos foram eleitos, democraticamente para administrar Coaraci. Muitas obras públicas foram inauguradas, enquanto outras foram ficando pra depois, como o recapeamento de asfalto do centro da cidade, reformas de prédios públicos, entre eles o Centro Social Urbano Nossa Senhora de Lourdes (Estado), sitiado por invasores, ’’supostos sem teto’’. No centro da cidade, na Rua J. J. Seabra os comerciantes e moradores, ha muitos anos sofrem durante as fortes chuvas, quando as águas invadem seus estabelecimentos comerciais e residências causando prejuízos. O prédio histórico do Cine Teatro Coaraci foi comprado pela Igreja Universal, que o transformou em Templo, tempos depois foram pressionados pelo Dr. Renato Rebello, e venderam à Prefeitura Municipal, que ainda não construiu no local o prometido Centro Cultural de Coaraci.
A cultura teve uma época ascendente, mas nos últimos anos esta descendo a ladeira. Velhos artistas se foram, novos artistas despontam nas escolas e os poucos artistas consagrados que residem no município carregam uma pesada cruz. O Clube Social que foi um ’’point social’’, hoje está sem espaço, sem área de lazer, sem projetos, quase sem vida, suplicando por reformas. A praça de eventos continua quente durante o dia, fria à noite, e despida de área verde. Os desportistas navegam contra a maré, sem projetos e sem direção. Boa parte da população continua com problemas econômico-financeiros. O município carece de grandes empresas e de pequenos negócios que impulsionem a economia local, que absorva os desempregados, muitos deles estão sendo forçados a sair da região para conseguir emprego decente e bons salários. Os comerciantes sobrevivem com dificuldades, muitos já cerraram as portas de seus estabelecimentos comercias. O povo da região está sem dinheiro. O que esta mantendo viva a economia local são os recursos recebidos por aposentados e pensionistas, funcionários públicos e pelos programas sociais, tão criticados por alguns. A grande maioria da população rala muito e recebe péssimos salários, enquanto uma ’’minoria’’ vive nababescamente.
Além de tudo, as crises do cacau e no âmbito politico-financeiro dos governos municipal, estadual e federal estão aí. Nos últimos vinte anos nunca se ouviu dizer que Coaraci não estivesse enfrentando uma crise. O que se pode comemorar é o fato de que o povo não se abate e não tem medo de crises. Vai vivendo como pode...
E ai... Existe algo para comemorar?
PauloSNSantana
’’UM HISTÓRICO DA TERRA DO SOL’’
Texto de PauloSNSantana
“Nas décadas de 30,40 e 50 a região era tão farta que já possuía grandes produtores e compradores de cacau e gado”.
Praticamente todos os moradores tinham roça que lhes provinha o sustento básico. Nessa época o aglomerado urbano sofreu vertiginoso crescimento. A chegada de novas pessoas possibilitou a especulação imobiliária e o aumento de número de casas. Peri Lima veio de Ilhéus designado para administrar o povoado e tornou-se um dos mais importantes nomes da comunidade. Surgiram novas
Ruas, bairros, avenidas, realizadas obras de infraestrutura e saneamento básico, surgiram prédios escolares, postos de saúde entre outros benefícios. Foi construída a ponte sobre o Rio Almada, ligando as duas margens.
Com a emancipação politica em 1952, Coaraci ampliou seu crescimento e sofreu grandes transformações urbanas. Aproximadamente quarenta mil pessoas habitavam a região. Novas transformações viriam a acontecer, foi um período de grande expansão urbana. Nas décadas de 70 e 80 foram abertos loteamentos, que resultaram em novos bairros entre eles o Maria Gabriela, antigo Biscó. O processo expansionista continuaria impondo transformações urbanas nas décadas seguintes quando Coaraci foi se consolidando como polo regional do cacau. Antigos prédios residenciais deram lugar a modernas lojas e novos estabelecimentos comerciais. A excelente produção de cacau possibilitou a expansão imobiliária. Apesar da cidade continuar crescendo a comunidade sofria com as crises na cotação do cacau, impactos que convergiram para migração de coaracienses para outras regiões do país.
A cidade cresce em todos os quadrantes, as belas paisagens dos seus arredores deram lugar a dez bairros, duas ou mais avenidas, uma centena de ruas, e as praças Regis Pacheco, Elias Leal, Pio XII, Nelson Moura, Praça da Bandeira e João XXIII. Com o crescimento surgem os problemas sociais e a necessidade de mais serviços públicos, educação, saúde e segurança publica.
O crescimento vertical foi tímido, alguns prédios de até três andares contrastam com o crescimento horizontal. Novos bairros começam a surgir na periferia, com casas de alvenaria e telhados de cerâmica. A cidade cresce, com os bairros, José Reis, Saracura, Berimbau, Pedro Procópio, Barragem, Cemitério, Feirinha, Centro, Maria Gabriela, Jardim Cajueiro. O povo festeiro e religioso mantêm a cultura comemorando Cosme Damião, Santo Antônio, a Padroeira Nossa Senhora de Lourdes. A Emancipação Politica é evento festejado todos os anos no dia 12 de Dezembro.
O micareta deu lugar ao carnaval, que com o tempo deixou de existir.
Não existe mais a Fanfarra, o Grupo dos Escoteiros, as festas de São Cristóvão, de largo nas praças Pedro Procópio e na Praça da Matriz.
Não existem mais o cinema e o teatro. A festa Cívica Sete de Setembro vive momentos distintos, entre os desfiles cívicos e a semana da pátria. O município não tem mais a Secretaria de Cultura, agora é Diretoria de Cultura, que não tem nenhum projeto sendo executado ha algum tempo. Os coaracienses são fanáticos por futebol e só existem projetos oficias voltados a este esporte, inclusive a Seleção de Futebol da Cidade, o Campeonato Interbairros, o campeonato de futsal todos com as suas respectivas ligas registradas nas federações competentes.
O coaraciense tem se destacado quando se trata de acesso às Universidades da região. Coaraci é a cidade natal de importantes cientistas, médicos, dentistas, advogados , juízes de direito e professores.
No momento a cidade está carente de uma delegacia de policia e um presidio, é urgente que se elabore um projeto de construção de uma maternidade, aquisição de um CTI, e uma Unidade Móvel de Saúde equipada para salvar vidas.
Foram prefeitos de Coaraci: Aristides de Oliveira, Jairo Góes, Gildarte Galvão, Gilberto Lírio, Antônio Ribeiro Santiago, Antônio Lima de Oliveira, Joaquim Almeida Torquato, Aldemir Cunha (Janjão), Joaquim M.G. Galvão (Gima), Prof. Elivaldo Henrique, Profa. Josefina Castro.
A Câmara possui onze vereadores e eu os convoco a entrar na cruzada pela cultura e esportes desta terra, que como eles mesmos dizem já foi um marco na região, um celeiro de artistas e de atletas.
Coaraci está situada na região Sul da Bahia, mata atlântica, às margens do Rio Almada que nasce na Serra do Pereiro, município de Almadina. A mata atlântica da região sul da Bahia é uma floresta tropical úmida, muito rica em espécies e com alto grau de endemismo. Estima-se que essa floresta esteja atualmente reduzida a menos de 7% de sua cobertura original. Um fator que vem contribuindo para a conservação de parte da biodiversidade dessa floresta é o cultivo tradicional do cacau sob a mata raleada. É um dos conjuntos de ecossistemas mais ricos em diversidade de espécies animais e vegetais do planeta e a segunda mais ameaçada de extinção.
Os coaracienses são idealista e progressistas...
Espero que você, filho de Coaraci, que vive insatisfeito com a situação sociocultural da sua terra, apresente soluções faça a sua parte levante essa bandeira.
PauloSNSantana