
O ÊXODO DOS COARACIENSES NOS ANOS 1954 À 1970
Texto de PauloSNSantana
Atraídos por melhores condições de vida e pelas noticias vindas do Sul do País, em particular de São Paulo e do Rio de Janeiro, entre os anos 1954 e 1970, Coaraci perdeu em torno de dezoito mil habitantes, causando sérios danos a economia ao comércio local e a vida social deste Município. As noticias que chegavam a todo instante eram trazidas pelos nossos patrícios já residentes na Metrópole São Paulina. Coaracienses voltavam para curtir suas férias, bem vestidos, bem falantes, trazendo consigo a imagem do sucesso, isso causava impacto nos residentes da zona urbana e zona rural. Documentados com carteira assinada, seguro emprego, e outras vantagens, exibiam-se com orgulho pelas ruelas da cidade coaraciense. Alguns traziam consigo os vícios de linguagem dos cariocas e dos paulistas, distribuindo um vasto vocabulário cariopaulês na comunidade surpresa e com uma pontinha de inveja. Saiam mostrando as fotografias coloridas, das praças, igrejas e amigos do sul. Falavam do lazer, dos jogos de futebol e das reuniões nos finais de semana, hora na igreja, hora nos bares e restaurantes.
Lojas, armazéns, fazendas e casas residenciais, passaram a ser negociadas captando recursos para as mudanças. A sociedade local começou a sentir a falta das pessoas nas festas, nos campos de futebol, nos cinemas, dos bate papos na Praça Getúlio Vargas, as fazendas ficaram desertas, os campos de futebol da zona rural viraram pastos para gados e cavalos. Os salões de jogos vazios, ficaram frios e sem energia dos exímios jogadores de snooker e bilhar. Os bares estavam às moscas, alguns até fechavam suas portas bem cedo. É que já não haviam os fregueses da madrugada, sedentos do folclórico “café com pão fardado ou à paisana”. As filas do cinema já não eram as mesmas, consequentemente os lucros caíram vertiginosamente.
O tempo passava impiedosamente, os coaracienses envelheciam e morriam, e os que residiam nas capitais também causando desencontro e perda de identidade. Os trabalhadores rurais iam embora de uma hora para outra, deixando os fazendeiros em dificuldades, em alguns casos de cada dez empregados nove viajavam atrás de melhores condições de vida.
É bom lembrar que naquela época as viagens para as grandes capitais do país eram longas e muito cansativas. Os aventureiros seguiam de pau de arara, sob o sol e chuva e frio, poeira, mas mesmo tristes estavam esperançosos de alcançarem o sucesso econômico, tão desejado. A partir de 1958 as viagens ficaram menos desgastantes, e com a chegada da viação São Geraldo passou-se a gastar menos horas das que eram gastas com a viagem de pau de arara.
Assim sucedeu-se por muitos anos, e hoje está acontecendo o mesmo processo, no qual centenas de coaracienses vão embora para as grandes cidades em busca de melhores condições de vida. O processo continuará, e é assim que se faz a vida valer a pena, correr sempre atrás das tais melhores condições de sobrevivência, melhores salários, e qualificação. Os nossos jovens estudantes já não precisam morar em centros maiores para cursar universidades, esse é um fator importantíssimo para a família coaraciense, que tem a oportunidade de acompanhar seus filhos e filhas até a formatura e daí para uma colocação no mercado de trabalho. Esse é o processo, essa é a vida. Fonte (Coaraci Ultimo Sopro).
O ÚLTIMO SOPRO
Mais uma de Bandinho
Coaraci já teve dois grandes colégios. O Pestalozzi e o Ginásio. Já teve uma Escola de Samba, com Vitalino, regendo igual a qualquer do Rio e, a Escola de Samba de Bernadete; já teve dois cinemas com projetores “nas pontas” exibindo os filmes mais recentes; já teve um futebol de primeira com craques do porte de Filhinho e Antônio Circuito; já teve dois Clubes Sociais exemplos da região, onde se exibiram Agnaldo Timóteo e o nosso fabuloso Luiz Gonzaga; já teve o Vasco da Gama, com Roberto Dinamite, hospedado na Pensão de Maria Anita do Vasco (minha querida quase morre de alegria); já teve cinco pianos! Acredita? Com três professoras: Amélia, Neide e Conceição (filha de Julinho), todas com alunos particulares. Cursos de violão. Já teve (lembrava ele) até curso de Música Orfeônica (Sociedade recreativa de canto coral. Escola de canto.), regida pela professora Aline, recém-falecida.
Já teve um campeão de sinuca da região, Abdala. Já teve diversos conjuntos de música popular, com concursos e prêmios para cada grupo, e até, concurso de composição. Já teve um bom hospital e aquele SESP inesquecível, orgulho da cidade e da região.
Coaraci já teve, mais ou menos, no mesmo tempo, fixos residentes, Dr. Antenor - clínico, Dr. Adauto Sacramento - clínico, Dr. José Venâncio Azevedo - clínico e psiquiatra, Dr. Temístocles - clínico, Dr. Adalberto de Queiróz - sanitarista e um médico de Saúde Pública, no SESP. Depois, Dr. Ângelo, Dr. Edgar e Dr. Rubem. E todos de primeira linha como, certamente, os de hoje.
E Coaraci desde aquele tempo tem o Jazz Bolacha, memorável criação nossa. Sem duvidar de hoje, Coaraci tinha um verdadeiro “Barcelona” no ensino primário, tendo à frente a fabulosa Pró Nair. Nossa cidade já teve Yvon Cury cantando no Cine Teatro de Coaraci; já teve Ângela Maria (apaixonou-se pela cidade), cantando além do programa e, o melhor cantor da época, Nelson Gonçalves.
Na nossa Micareta vinha gente de Itajuípe, Almadina, Itapitanga, Ibicaraí, Itabuna, Ilhéus, etc. O Clube Social e os Bancários lutando pela hegemonia. Coaraci já teve uma Banda de Música (a famosa Retreta - Filarmônica), afinadíssima, com um regente de primeira, vindo de Ilhéus, para as comemorações cívicas, fardamento exemplar, completo, elegância e firmeza. Vez em quando eu ia aos ensaios.
Coaraci já teve sempre a presença do “Circo Nerino”, viciado na cidade e, os famosos Parques de Diversão (China escreveu a respeito dois ótimos artigos).
Coaraci já teve Enock Dias Cerqueira, autor do livro Coaraci, O Último Sopro.
CLUBE DOS BANCÁRIOS
Os anos sessenta foram importantes para o comércio de Coaraci, que contava com os bancos do Brasil, Com. e Indústria de Minas Gerais, do Fomento, da Bahia e Banco Econômico, além de sólidas agencias de compra de cacau, como Wildberrger, Kauffmann e Correia Ribeiro, Joanes, que proporcionavam empregos estáveis a boa parte da juventude coaraciense. Essa juventude tinha importante presença na quadra interna do Ginásio de Coaraci, aonde o futsal, o vôlei e o basquetebol, aos poucos iam sendo introduzidos. Bancários de larga convivência no dia a dia da cidade, como Hilton Fortunado, José Azevedo, Edson Sena, Zelito, José Orlando, dentre outros, recorreram ao Prefeito Jairo Góes que governou de 16 de abril de 1959 a 15 de abril de 1967, que sensibilizado, e por ser admirador de todas as modalidades de esportes, colaboraria com a iluminação, fazendo com que em pouco tempo a juventude coaraciense tivesse a sua disposição uma quadra iluminada para a prática de seus esportes preferidos. Antes da inauguração da sua sede definitiva, o clube Bancários promovia seus eventos no alto da Rua JJ SEABRA, onde até então funcionava num armazém de cacau, de propriedade do Sr. Antônio Dias de Cerqueira, o Dole. Os lucros dessas festas eram rigorosamente poupados para a construção da futura sede, projetada de acordo com os mais modernos padrões. As primeiras promoções do clube caíram rapidamente na simpatia da população, principalmente a jovem, que previa ali um local adequado para seus interesses. Eletrodomésticos, máquinas de costurar, e outros utensílios eram frequentemente rifados com o intuito de angariar fundos para prosseguimento das obras. Nessas primeiras instalações, desconfortáveis, onde não mais que vinte mesas poderiam ser colocadas, foram realizadas grandes festas e inesquecíveis festas, num prenuncio de que brevemente Coaraci estaria na vanguarda em relação as cidades vizinhas. As instalações definitivas do Clube doa Bancários foram inauguradas numa festa de rara beleza, animada pelo conjunto musical ''Os Anjos.'' Imediatamente após sua inauguração, ficaria conhecida na região a Festa do Havaí, realizada por vários anos consecutivos, atraindo pessoas de diversas cidades da redondeza, quando dois, as vezes três conjuntos revezavam-se para satisfazer ao grande número de presentes, distribuídos nas cem mesas espalhadas pelo salão e quadra de esportes, cuja lotação esgotara-se com duas semanas, as vezes mais, de antecedência. O impulso do Clube Bancários abalou a estrutura do Clube Social, que a cada dia reduzia suas promoções, aponto de interromper suas atividades, pouco tempo depois. A juventude passou então a praticar o Voleibol, Basquetebol e Futsal na quadra recém-inaugurada. Ali se reuniam para conversar descontraidamente até por volta da meia noite. Mesmo assim, o vôlei e o basquete não se sustentaram por muito tempo, absorvidos que foram pelo Futsal. O futebol de salão, logo caiu na simpatia da comunidade, e em pouco tempo vários clubes foram formados e reunidos em uma liga, que passou a promover a partir de 1965, campeonatos, torneios e jogos extremamente disputados. Palmeirinha, Five Clube, Satélite, Botafogo e Santos, disputavam a preferência das torcidas. Dentre todas as equipes, uma destacava-se, o Santos, que ainda em1964 levantava o primeiro título. Seu desempenho e a grande qualidade de seus atletas cresceu tanto, que passou a desconhecer adversários em todos os quadrantes da região, e era convidado para competições em várias cidades. A equipe do Santos era formada pelos atletas José Leal, Genilton Galvão, Joel Freire, Wanderlei e Edison Dias, o Santos possuía substitutos de grande valor técnico como: Valter Silveira, Lopinho, Renato Leal, Jorge, Jackson, Antônio Barbosa, e Rubem Cavalcante. O craque do time era Wanderley com uma jogada imarcavel! Wando como era conhecido, protegia a bola, tão bem que nenhum adversário conseguia marcá-lo, a jogada consistia em uma série de embaixadinhas mantendo ao mesmo tempo seu adversário nas suas costas, fazendo-o dançar de um lado para outro, até surpreendê-lo com um giro de cento e oitenta graus, seguido por fortíssimo chute ao gol, surpreendendo o goleiro desprevenido. Outra equipe fortíssima era o Five Blue formado pelos atletas: Nidalvo Quinto, Fenelon Freire, Júlio, Geraldo Brandão, Catulo Moreira, Josa Almeida, Edson Arigó, Vadu, José Valter, Jose Carlos, Ataul, Eduardo Farias e Antônio Bahia.
O período de Glória do Clube dos Bancários durou dos anos 66 e 67 até os anos 1970,1972.
HISTÓRIA DOS HINOS DE COARACI
Fonte. Internet & Livro Ultimo Sopro
O Professor Anésio Ferreira Leão residente em Coaraci, em 1955 para homenagear a Emancipação Política compôs um hino denominado de “Hino à Coaraci”. Uma linda composição que fez parte do acervo do Conjunto Orfeônico do Ginásio. Em uma Audiência Pública no Cine Teatro Coaraci foi apresentado oficialmente a uma plateia composta por Professores, Alunos e a Comunidade, e sob a regência da Professora Aline Bastos. Desde que foi composto passou a ser cantado nas Escolas logo em seguida ao cântico do Hino Nacional Brasileiro. Durante muito tempo foi considerado um hino oficial.
Algum tempo depois, o Professor Sérvulo Sacramento candidato a Vereador Municipal, durante sua campanha pelos votos populares, distribuía uma foto 3X4, ao lado da letra de um hino de sua autoria, com o titulo Coaraci Duquesa do Sudoeste, este hino foi cantado durante toda a sua campanha política, mas o resultado da campanha foi decepcionante, e os votos deste candidato ficaram abaixo da expectativa, não sendo suficiente nem mesmo para suplência. Resultado. Ficou apenas a lembrança, e a letra poética do hino. Desde então o Professor Sérvulo, decepcionado com o resultado do pleito, tornou-se um homem amargurado e triste, alheio a toda e qualquer manifestação popular pela Cidade. Tempos depois durante a posse do Prefeito Aristides apresentou-se para a solenidade de posse cabisbaixo, triste e distante. Semanas depois foi atropelado e morto na confluência entre as Ruas Juvêncio Peri Lima e a atual Fernando Mário de Araújo Góes, bem perto da sua residência.
Em 1972, vinte nos após a emancipação política de Coaraci, as Professora Railda Selma e a Senhorita Gentília Maria da Silva compuseram um novo hino que, tornou-se por decreto, o hino oficial de Coaraci.
Não foram encontrados registros na Câmara de Vereadores sobre a existência de outro hino oficial.
HINO À COARACI
Anésio Ferreira
Coaraci! Oh, ninho puro.
Meigo e gentil do meu amor;
Permita Deus que o teu futuro,
Seja de paz e de esplendor.
Já és livre de fronte elevada,
Fita o céu, que te guia e te cobre,
Quem é livre, inda vindo do nada.
Tem valor e prestígio de nobre
Realizado vês hoje o teu sonho
De esplendor, de grandeza e de glória.
Do passado, ao presente risonho.
Ao futuro, de luta e vitória!
Surges altiva, no palco da vida.
Com amor vencerás o revés
Nasce forte da terra florida,
Com o cocar de princesa, que és!
COARACI, DUQUESA DO SUDOESTE.
Antônio Sérvulo Sacramento
Hino oficial de Coaraci
Railda Selma e Gentilia Maria da Silva
Coaraci Idealista
Cidade progressista
De um povo varonil
Pequenina e audaz
(coro) Filhos do Sol, pela luz que irradia.
Unidos num só ideal
Querendo o bem desprezando o mal
Assim surgiu altaneira e gentil.
Precisando de comunhão
Para certeza de dias melhores
Tranquilidade, amor, bondade.
Labor constante,
Em prol do infante.
Enriquecida por cacauais
Riquezas mil de minerais
Povo altaneiro bem brasileiro
Orgulhoso desta nação.
Trabalhei confiante
Espargindo o saber
Pois é o dever do cidadão
Trilhar o caminho da educação.
BOCA DA CONVERSA
Próxima à fazenda de Joaquim Moreira, na rodagem existia um pousada de tropeiros onde havia muita conversa e intrigas, todo dia havia uma briga violenta, este lugar passou a ser conhecido como “Boca da Conversa!”.
O PRIMEIRO MATADOURO
História de José Gato
Era localizado onde de hoje encontra-se a oficina de Veco. Muito rudimentar, servia as comunidades de Macacos, Itacaré e Guaraci.
Bastante contaminado e imundo, foi alvo de manifestação, a população cansada da sujeira, tocou fogo no barraco e a policia prendeu os proprietários, por causar danos à saúde pública. Nos tempos de Coaraci, o Prefeito Aristides Oliveira, construiu outro matadouro, o mesmo que nos dias de hoje também funciona de forma critica e perigosa à saúde publica municipal.
Acredite se quiser!
O ATOLA TAMANCO - J. J. SEABRA
Até hoje quando chove muito, a Rua J. J. SEABRA represa água, e invade as casas comerciais. Antigamente chovia constantemente e a lama dificultava o transito de pessoas, animais e carros.
Era comum naquela época usar tamancos. Ainda hoje Luiz Moreira tem um exemplar dos tamancos daquela época. O tamanco desgastava-se com o tempo, acabava o salto, restando a tabuinha, com as broxas enferrujadas e quebradas. Ficavam presos na lama e eram deixados lá atolados. Com passar do tempo os tamancos velhos, resto do que foram um dia, eram vistos enterrados na rua da lama, no barro seco.
Daí surgiu o apelido: “Rua Atola Tamanco”.
RELEMBRANDO A RUI BARBOSA
A rua Rui Barbosa está limitada entre duas praças: uma pequena ao sul, hoje com o nome de Elias Leal, aproveitando a bifurcação com a J. J. Seabra, e outra, ao norte, a Eusínio Lavigne, atual Getúlio Vargas. Muitas comunidades aceitavam independentemente de exigências administrativas, o surgimento de ruas-símbolo, - aquelas que caem no gosto da população para o lazer, para as compras, para as caminhadas, etc. E com Coaraci não foi diferente. A Rui Barbosa surgiu a partir de uma trilha utilizada por tropeiros e viajantes desde o início do século XIX, e que, em 1937, já definida por meios-fios, teve o privilégio de receber José Augusto de Oliveira que chegou de Santo Antônio de Jesus à frente de vários homens de negócios que desejavam explorar o comércio na região.
Seu calçamento, iniciado por volta de 1947, foi efetuado com pedra-bruta a partir da Getúlio Vargas, e só chegou ao outro extremo quase dois anos depois, onde a meninada se divertia com bola, gude, periquito, e não tinha hora pra acabar.
Sua extensão, em torno de 800 metros, logo se transformou numa importante passarela, não apenas para pessoas, como também para animais e tropas carregando cacau. Quem passasse por ela naqueles anos de glória, precisaria trocar algumas palavras com Antídio Araújo, morador da primeira casa, e sempre olhando os que passavam. Atualmente ela é ocupada por sua filha Isabel, mas na condição de sobrado. Um pouco mais acima residia Teodoro, e logo adiante o pioneiro Francisco Coelho. No seu lado direito residia o casal seu Gomes e dona Anita, que, por volta de 1950 fez parte dos primeiros a deixar Coaraci com destino a Guarulhos/SP, a fim de garantir um futuro para os vários filhos. Junto a eles morava Manoel Simplício, mais conhecido como Manezinho Rico, pai de Raimundo Bem-te-vi. À frente desta casa havia a residência/escola da prof. Rita Lina, atualmente ocupada por sua filha, a também prof. Perpétua. Próximo deles havia a casa de Dr. Afonso Mata, pai de Aníbal, Manoel, Denise e Lourdes. Ainda na parte alta da rua, residiu a família do sergipano arrieiro e adestrador de animais Jonas Almeida e sua esposa Eduarda, além dos filhos já crescidos Themi, Pedro, João e Therezinha, em cuja frente havia sua oficina de trabalho. Jonas eram a imagem de uma boa prosa. Logo depois havia a residência de Bitonho Padeiro parede-meia com a residência de Francisco Vila Nova e Josefa, pais dos filhos Valdomiro e Valter. Defronte a essa casa morou o professor Anésio Ferreira Leão por volta de 1949, que revolucionou o ensino através do curso preparatório de admissão ao ginásio. Não se teve conhecimento de quem o trouxe da distante Paraíba para nosso distrito. Em questão de dias integrou-se aos costumes da terra, e ainda na tarde de dezembro de 1952, voltou às pressas à sua sala de aula para escrever o primeiro hino em homenagem à Coaraci. Anésio queria aproveitar a inspiração que lhe invadiu o coração, ao ver tanta alegria nas ruas da cidade. No ano seguinte retornaria a seu estado natal. Essa residência foi antes ocupada por Madureira, gerente da Agência do Instituto de Cacau da Bahia.
Um pouco a baixo encontramos a casa onde residiu Antônio Dias, o Dole e Alcida, a Nena, como principais responsáveis pela fundação da denominação batista para a vila através da aquisição do terreno onde se construiu o templo da Primeira Igreja, a partir de 1936, e onde permanece até os dias atuais. Sua filha Elza ainda nela reside. À frente a esta casa morou por algum tempo, Ildefonso Cunha. No mesmo lado ergue-se o templo da Primeira Igreja Batista, frontal a casa de Maria Tomázia e o irmão Agapito. Na parte final do quarteirão residiam o agricultor Lourival Melo e o comerciante Pedro Teixeira, que, vez ou outra ainda é visto nas ruas de Coaraci. Logo após a esquina do segundo quarteirão, havia o comércio dos irmãos Vivaldino e Osvaldino, frontal à residência de José Augusto e Edelvira Quadros, de estilo neoclássico, ocupando toda largura do terreno entre a Rui Barbosa e a atual Dr. João Batista Homem D'El Rey, frontal à Rua Sete de Setembro. Atualmente existem oito ou nove residências ocupando aquele antigo espaço, o que demonstra sua grande extensão. Num sobrado na esquina oposta funcionava a tradicional Loja Maçônica de Coaraci, muito antes de se tornar município. Logo após o comércio dos irmãos Vivi e Osvaldino residiu Roldão, gerente da Vivi e Osvaldino residiu Roldão, gerente da fazenda de Antônio Teixeira. Vizinho deles estava o lojista Esmeraldo Quadros, que fazia parte da equipe de José Augusto. Era pai dos populares Valmir, Geraldo Augusto. Era pai dos populares Valmir, Geraldo e Clemilson, além das irmãs Gleide e a formosa Neide. Clemilson, mais conhecido como Missinho, após a perda dos pais, tornou-se proprietário de um armarinho. Através de seu comércio tornou-se muito popular, não apenas em Coaraci, como em Itapitanga, Almadina e fazendas da redondeza. Dr. Antenor Araújo residia na casa ao lado, posteriormente adquirida por Epifânio Soares, e ainda hoje ocupada por sua filha Esmeralda. À frente dele havia a casa do bem vestido Deus Dará que tinha como vizinho o também lojista Josué (Zuca) de Souza Quadros, casado com Heru. Isaías Andrade residia ao lado, casa essa foi posteriormente transformada em sobrado.
Em frente a ele foi construído o Cine Glória, em 1949, logo caindo no gosto da população mais privilegiada. O Cinema, ao acionar seu gerador, iluminava importante trecho da rua através de duas ou três gambiarras, uma das quais, fixada na fachada da casa de Joaquim Henrique, um dos homens mais importantes da equipe de José Augusto. Seu genro Waldomiro Rebelo era uma dos moradores deste local, fazendo com que seus filhos Renato e Altamira se transformassem em assíduos apreciadores da 7a. arte. Separada por apenas uma casa em relação ao Cine Glória, residia Elisa, mãe da filha única Celeste. Em frente à residência de Elisa havia a loja A Predileta construída por José Augusto, e transferida por volta de 1942 para Josias José de Souza, recém-chegado de Santo Antônio, e casado com sua sobrinha Judite. Enquanto existiu, era a mais atraente dentre as demais lojas da então vila de Guaraci. Seus clientes tinham uma forma especial de tratamento, fosse através de Josias ou Judite, ou através de seus filhos maiores Antônio, Vilma e Edwalson. O estabelecimento ainda satisfazia sua clientela através de um setor de secos e molhados onde era possível adquirir o melhor jabá da redondeza. Duas casas abaixo havia a loja A Inovação, de Edmundo, mais conhecido como Edinho, que ficava próxima à padaria de Abelardo Rodrigues. Em seguida, a sapataria de Gerson Barreto, localizada ao lado da Agência Kauffmann de compra de cacau. À sua direita havia a padaria de Francisco Torres. A sua frente havia a alfaiataria Elegante de Antônio da Silveira, chegado da região de Santo Antônio de Jesus, em 1937. Essa alfaiataria funcionou em dois outros locais, sempre na mesma rua, antes de fixar-se definitivamente até enquanto teve forças para o trabalho. No lado oposto havia a residência de Pithon que ficava o consultório médico de Dr. Gilson Silva. Na última esquina do quarteirão funcionava a Agência e armazém do Instituto de Cacau da Bahia.
A atual Av. Juracy Magalhães era bloqueada por um sobrado. No primeiro andar funcionava a loja do gringo João Atala, cuja residência era na parte mais alta da própria rua; o segundo andar era reservado para os ensaios da Banda de Música, sempre acompanhados por uma pequena e silenciosa plateia.
Continua na próxima edição.
Texto de Enock Dias de Cerqueira.