
PEROLAS DE ITAMOTINGA
Fonte Net e Saul Brito.
Texto adaptado por PauloSNSantana
Outro dia vi na internet que existem em Itamotinga algumas figuras carimbadas, que chamam atenção pela peculiaridade, é o caso do “Bonitão de Itamotinga”, ele é um anão, bastante popular entre os Itamotinguenses. Outro caso interessante é a relação estreita de João Vitor com o seu Jegue. João faz tudo pra agradar ao animal que não é bobo. Quando João tenta montar o Jegue muda de humor, e sem complacência arremessa o seu ’’jegueleiro’’ ao chão, causando espanto e muitas risadas na gente local. Mas ainda existe por lá ’’LOURO’’ a voz de ouro de Itamotinga um cover de Agnaldo Timóteo, ele canta como “ninguém cantaria” a canção “Mamãe”. É um espetáculo comovente e o ouvinte mais paciente, jamais esperou até o final da sua apresentação.
Itamotinga esta situada a dezoito quilômetros de Coaraci, a estrada ainda é cascalhada, o que de certa forma a mantém agradável, aprazível e com uma vida comunitária harmoniosa e solidária. Os Itamotinguenses são pessoas acolhedoras, que sabem como ninguém receber os visitantes. Alguns Itamotinguenses residem na capital Paulista, alguns em Salvador, Coaraci e na Região cacaueira. O nome Itamotinga é indígena e significa “pedra branca” ou “pedra brilhante”. Itamotinga surgiu por volta de 1889, com chegada do cacau na região. Trabalhadores que vinham em busca de emprego nas fazendas, construíam seus casebres a beira de um ribeirão que mais tarde receberia o nome de Ribeirão do Terto. Itamotinga tem cento e vinte e cinco anos de existência. As primeiras casas foram de taipa cobertas de palha, pois havia dificuldades na aquisição de material de construção pelo fato das estradas serem intransitáveis. As mercadorias chegavam em lombos de animais. O povoado recebeu o nome de “Ribeirão do Terto”, porque na fazenda do Sr. Odilon, à beira do ribeirão, morava um homem conhecido por Terto que costumava dar informações as pessoas que chegavam a procura de abrigo e trabalho. O povoado passou a se chamar de Itamotinga. A produção do cacau aumentava a cada dia, e isso deixou os agricultores envaidecidos. Algumas fazendas produziam até sete mil arrobas de cacau por ano. Os nativos e empregados das fazendas, pessoas simples da região tinham o costume de chamar seus patrões, ’’os fazendeiros’’ de “doutor”, ou ’’coronel’’. Os fazendeiros vestiam-se com muita elegância: ternos de linho fino, engomados pelas mulheres dos trabalhadores que também cuidavam dos afazeres domésticos das patroas. Os filhos dos fazendeiros logo cedo iam estudar em Ilhéus ou Salvador, o objetivo era a formar-se em medicina ou em direito. Enquanto os filhos trabalhadores não estudavam, por falta de recursos. Sr. Levi e dona Filomena fundaram a primeira escola do povoado. A professora era Alice a filha do casal. Os pais desejavam ver seus filhos estudando e não mais trabalhando nas fazendas, queriam que tivessem um futuro melhor.
Assim, muitos Itamotinguenses se formaram em teologia, direito, pedagogia, engenharia, enfermagem, letras, matemática etc.
Em 1972, foi construída a Escola João Mendes da Costa os professores eram de Itamotinga, aqueles que conseguiram concluir as séries iniciais. Alguns alunos continuavam os estudos em Coaraci, os mais carentes, paravam de estudar. Em I988, foi criado o anexo do Centro Educacional de Coaraci - CEC, para o ensino Fundamental de 5ª a 8ª séries, e até hoje os professores de Coaraci, dão aulas todos os dias nos três turnos no distrito. Em 13 de março de 2000, deixa de existir o anexo do CEC e começa a funcionar o Centro Educacional Jaime Pereira da Silva, cujo nome é uma homenagem a um vereador do distrito muito estimado pela comunidade.
Em 06 de julho de 1999, o povoado de Itamotinga passou a categoria de distrito, através da Lei Municipal nº. 763. Com relação a religiosidade, Itamotinga Igreja Católica, Igreja Batista, Assembleia de Deus Madureira, Congregação da Assembleia de Deus Missão, e a Congregação Cristã no Brasil.
Os festas do distrito de Itamotinga são animadas, as ruas ficavam apinhadas de crianças, jovens e adultos.
Com relação à pratica dos esportes, Itamotinga é destaque na região, já revelou grandes atletas, que atuaram em equipes profissionais na Bahia e em outros estados. Possui uma forte equipe feminina de futsal, bons jogadores mirins de futsal, tem aulas de educação física uma quadra esportiva polivalente, dois de seus filhos, o Jocimar e Miraldina trabalham na Secretaria de Educação Municipal. No interbairros de futebol, a equipe de Itamotinga demonstra boa estrutura técnica e tática.
Tenho alguns amigos de Itamotinga, entre eles o ex-vereador Nivaldino, todos são hospitaleiros, gente que sabe acolher os visitantes. Todos os finais de ano, aqueles que foram morar em outros Estados, voltam pra casa, para rever familiares e amigos, uma grande festa de confraternização.
QUANDO SÓ O DINHEIRO NÃO BASTA
Esta estória me foi contada por algumas pessoas mais velhas, que presenciaram ou ouviram falar sobre os desmandos que os “coronéis”, do cacau faziam na região, para poder adquirir ou ampliar suas fazendas. Para ser um coronel, ou seja, adquirir a patente, o cacauicultor comprava o título, que era caríssimo, ou quando sua propriedade produzia 5.000 arrobas ou mais, ele já se intitulava como coronel. Rodeado de jagunços, que não mediam esforços para cumprirem a determinação do patrão, eles obedecendo as suas ordens, matavam os burareiros ou o expulsavam de suas terras agindo com extrema violência. Ou então realizavam o “caxixe” que era um método usado através de um advogado ou não, forjando as escrituras dando a aparência que a compra de novas terras teria sido feita de forma legal. Normalmente seu maior interesse era por propriedades vizinhas, que sem pagar um centavo, simulava um negócio aparentemente normal. Agindo assim, ninguém teria como questionar a suposta aquisição do seu novo patrimônio. Pois estava amparado legitimamente pela lei. Com a colaboração de um tabelião desonesto para registrar este tipo perverso de negociata.
Muitas pessoas vinham de outros estados, movidos pela esperança de dias melhores. Pois ouviram falar que no sul da Bahia possuía uma cultura, como diziam de forma figurada, que cacau era igual a ouro. Coitados, não demoravam a se decepcionarem, pois normalmente eram explorados, e muitos quando vinham até o coronel, para acertarem o tempo de serviço, recebiam como pagamento, uma bala, ceifando assim a sua vida, quando não, toda a sua família, era dada como “desaparecida”. Diziam que eles viajaram, voltando para sua cidade de origem.
Pois é, assim me foi passado esta estória, que retrata o início dessa lavoura, que beneficiou a poucos. E custou o suor e a morte de muitos.
Nos meados dos anos oitenta, eu conheci um homem, que se encaixava perfeitamente no perfil, citado anteriormente. Seu nome era Juvêncio Barros da Silva. De produtor abastado, um homem rico, veio a perder tudo o que havia conquistado, devido a sua índole má. O apego às coisas materiais, ou seja, o dinheiro, fez com que com que ele perdesse sua verdadeira essência, vindo a se tornar um homem sem sentimentos, sem amor e sem afeto pela sua família. Sua esposa morrera ainda jovem, por não suportar esse tipo de convivência. Os dois filhos, um havia saído de casa há algum tempo, devido a não suportar os métodos do pai, de obter dinheiro, poder e respeito. E o que ficou em casa, volta e meia pedia ao pai uma quantia para poder comprar uma roupa nova, ir à cidade, fazer uma farra com amigos. Mas falou em dinheiro, a resposta do seu pai era apenas uma já bastante conhecida: “Eu não tenho”! Então revoltado, esse jovem, começou a roubar o cacau do pai, e vendê-lo na cidade vizinha. Ao tomar ciência do fato, o pai em uma discussão com o filho, veio a tirar-lhe a vida. Então ele começou a pensar ”eu estou só”. Ele jamais iria imaginar que iria ter uma grande dor na consciência. Então começou a deixar de mão o seu patrimônio. Não se importava em observar a plantação e o trabalho dos funcionários. Então esse homem perdeu tudo o que tinha conquistado. Pagou um alto preço, pelo momento de loucura que havia cometido.
Um dia, eu fui visitá-lo e comecei a fazer amizade com ele. Pois era bastante amigo do meu pai. E ele nesta época morava próximo a minha casa. Então quase que diariamente eu ia visitá-lo, ou seja, trocar um dedinho de prosa. Qual foi o meu espanto, após ter permanecido em meu quarto orando, cerca de uma hora, pela vida desse homem. Então eu decidi ir lá, e convidá-lo para fazer uma visita à Igreja que eu frequento. Ao pisar na soleira da porta, ele com o olhar carregado, olhou para mim, com os olhos cheio de ódio, me disse, antes que eu abrisse a minha boca: “Por que você está aqui? Eu me arrepiei da cabeça aos pés. E ele continuou o que veio fazer aqui? Seu Juvêncio, eu vim aqui para conversarmos normalmente. Ele disse: “Não”! “Eu sei por que você está aqui, só quero lhe falar, eu não o expulso da minha casa por consideração ao seu pai, mas eu lhe peço, por favor, vá embora”! “Você veio aqui para falar de Jesus, só que Ele serve para você, mas para mim, não tem mais jeito”. Por favor, queira se retirar. Então boquiaberto, voltei para casa, e me perguntei, como esse homem sabia o que eu iria falar, sem nem abrir a minha boca. Eu pensei, coisa boa não é. Esse homem carrega em seu coração um grande sentimento de culpa, por tudo que ele fez de ruim, e infelizmente, acha que pra ele não existe segunda chance, não existe um recomeço. Todo homem pode mudar, basta entregar a vida passada a Deus e Ele vai fazer de você uma nova pessoa, basta acreditar. Pena que aquele homem não perdoava a si mesmo. Assim fica difícil fazer alguma coisa. Pois para qualquer coisa que você quer, basta acreditar, fazer o bem, e acreditar que a cada dia você pode se tornar uma pessoa melhor. E dizer com convicção: ”Eu sou um vencedor”!
Por Francisco Carlos Rocha Almeida
VIVI
(Visdalberto Rodrigues)
Um homem perigoso que
não tinha medo da lei!
Texto de PauloSNSantana
Fontes: Solon Planeta e José Sales
Soubemos que ele nasceu em Itamotinga, filho do senhor João Rodrigues e neto de João Vidal. Fazia parte de uma família numerosa composta por quatro irmãos e uma irmã. Tinha irmão padre, médico, corretor. Um deles foi candidato a prefeito na cidade de Jequié.
Vivi era valente e frio e perigoso, ele não enjeitava uma missão por mais difícil que fosse. Dizem que ele teve um inimigo mortal, a quem matou e de quem comeu parte do fígado ainda quente, e que ele comentava essa história com seus amigos. Vivi tinha o corpo fechado, pois em uma ocasião tentaram matá-lo na cidade de Itajuípe, deram vários tiros, e ainda passaram um carro por cima dele várias vezes e mesmo assim não conseguiram tirar-lhe a vida.
Dizem que ele atropelou acidentalmente a própria mãe, não demonstrando nenhuma dor ou sentimento. Vivi bebia, e uma garrafa de cachaça para ele era fichinha!
Uma vez no Centro Social Urbano de Coaraci, nos anos oitenta, numa daquelas tardes ensolaradas e cheia de atividades físicas, com centenas de alunos do CEC e do CSU, e o campo de futebol assim como a quadra lotados, uma bola caiu no telhado da casa dele, alguns meninos subiram no telhado para pegar, mas não sabiam que estava dormindo, acordando-o. Foi o bastante para irrita-lo, com o barulho em cima da casa, saiu armado com um rifle, os meninos correram, mesmo assim ele atirou na direção da área de esportes, para a sorte de todos a bala ricocheteou em um poste de iluminação, desviou-se das pessoas.
Fui até ele e disse que ali era uma área pertencente ao Governo Estadual, e que haviam crianças naquela hora, que a ação intempestiva dele poderia ter tirado a vida de uma delas, e que as consequências seriam terríveis para ele e para os pais se por acaso tivesse atingido alguma delas.
Me comprometi a repor as telhas quebradas pelos meninos.
Acredite se quiser!
OS JAGUNÇOS NOS TEMPOS DOS CORONEIS.
Do livro CARINHANHA DE ONTEM E DE HOJE
De Honorato Ribeiro dos Santos.
Quincas de Mariana, assim conhecido por todos, era um sujeito forte, de cor morena, sangue frio, cabelos lisos, medindo 1.68m de altura, de fala fina e plácida, dando as características de pessoa pacata e não violenta. Mas, que, na realidade, era perigosíssimo e de mau caráter ao extremo. Foi um dos tantos jagunços sanguinários, nos tempos do “Barulho do coronel João Duque”, aqui em Carinhanha, cidade ribeirinha do rio São Francisco, divisa de Minas com Bahia, pelo rio Carinhanha. Esse jagunço cometeu vários crimes. Uma das vítimas dele foi o Sr. Rodrigues que ele assassinou friamente e ficou impune. Depois de ter assassinado Rodrigues ele assassinou a própria esposa. Quando soube desse crime absurdo o coronel João Duque mandou prendê-lo. Mas o Quincas achava que ainda tinha prestígio com o coronel, e se enganou evidentemente pois foi preso e condenado. Antes de assassinar a sua esposa, Quincas já havia assassinado a Pedro de Tila, covardemente, e fugido para a cidade de Manga, em Minas Gerais. Deixou a viúva do morto carregada de filhos, ainda menores de idade. Esse crime ficou impune. Tempos depois, ele se integrou ao grupo de jagunços no barulho de 1919. Tempos em que os filhos de Carinhanha viveram uma história negra e penosa. Aqueles que apoiavam o coronel João Duque eram intocáveis; os contra fugiram com medo e os que ficaram foram assassinados. Era a política de ódio, ambição pelo poder político dos coronéis de patente comprada da “GUARDA NACIONAL”. Houve muitos espancamentos, prisões injustas, tudo era resolvido à bala. Quem não quisesse morrer teria de correr com a única roupa do corpo. Muitos dos filhos dessa terra não voltaram mais.
Havia outro jagunço por nome de Zé Baiano, que assistiu Quincas assassinar a esposa. Zé Baiano contou para a esposa do coronel João Duque e ela vestiu-se disfarçada de vaqueiro e montou no cavalo e saiu depressa para contar a seu marido, o que havia acontecido. Ao saber do assassinato, o coronel, imediatamente, mandou prender Quincas. Quando o Quincas chegou preso, pensou que o coronel iria lhe dar apoio e o soltaria imediatamente, mas se enganou pois foi preso e enviado para Salvador. Aborrecido com prisão o bandido ameaçou :
-Pode esperar coronel, que volto lhe matar. Mas nunca voltou a Carinhanha.
Outro Jagunço violento foi Chico Meira que chegou a Carinhanha, vindo de Itacarambi-Mg aliando-se ao coronel João Duque, o Chico Meira era conhecido pela alcunha de Coaçu. Esse foi um jagunço muito perigoso. Com o apoio do coronel João Duque, ele fez Álvaro Oliveira, homem íntegro da cidade, coletor federal, sair corrido. Foi até a casa do coletor e disse-lhe: Álvaro, você tem 24h para sumir daqui. Se não for embora, será um homem morto. Álvaro, que já o conhecia muito bem, arrumou as malas e foi para Bom Jesus da Lapa.
Em outra ocasião um tenente vindo de Salvador foi dar ordem de prisão ao Chico Meira, mas ele reagiu, sacando a arma e atirando para matar, por sorte do tenente a bala pegou na fivela do cinturão. Chico Meira correu e entrou na casa do coronel. O cabo Lalau, da esquina da igreja matriz, abriu fogo contra Chico Meira e ele respondeu tirando casquinha na parede da esquina, onde o cabo estava entrincheirado. Todo mundo tinha medo de Chico Meira, mas Gabriel Cardoso, telegrafista, partiu para Salvador e deu queixa contra o bandido. Então enviaram dois agentes policiais que o prenderam, levando-o algemado para Salvador. Depois de ter cumprido a pena na cadeia da capital baiana, ele voltou a aprontar. Dessa vez assassinou o comandante do vapor Barão de Cotegipe, Felipe de Barros. O crime ficou impune. Tempos depois, dois adolescentes vingaram a morte do comandante Felipe Barroso, matando-o em Pirapora-MG.
Outro perigoso jagunço foi Isidório do Fumo. Ele tinha uma tia por nome de Teodora. Pobre mulher, muito trabalhadora, que vivia tirando lenha para o sustento da vida. Um dia, a velha chegou em casa com um feixe de lenha, muito cansada, ouviu os gritos do sobrinho, que invadiu a sua casa dizendo-lhe:- Ó velha Teodora, fuxiquenta da peste. Saia para fora pra apanhar de chicote de cavalo para deixar de ser fuxiquenta, sua arengueira. A velha muito assustada falou:
- Meu filho, eu nunca falei mal de você pra ninguém! Eu ando trabalhando e cuidando dos meus afazeres. Não cuido de vida de ninguém! Ele muito bravo ameaçava:
- Mentirosa safada. Você vai apanhar de chicote até morrer pra respeitar homem de bem. O malvado deu de chicote na velha até a morte. Matou a própria tia e esse crime ficou impune.
Esse mesmo bandido lutou ao lado do coronel João Duque e fez muitas vítimas. Depois que veio a paz, ele mudou-se para Manga-MG.
Tempos mais tarde Isidoro do Fumo foi punido pela justiça Divina com um câncer na cabeça vindo a falecer. Os jagunços mais perigosos do coronel João Correia Duque foram:
Umbuzada, João Jacaré, Isidório do Fumo, Simplício e Mateuzinho, os dois últimos assassinaram o segundo prefeito de Carinhanha, conhecido por seu Andrade. Os outros jagunços conhecidos na época foram:
Pabula, Barba Dura, Barba Grande, este dizia que tinha o corpo fechado, nem bala e nem faca tiraria a sua vida, mas morreu assassinado nas rixas políticas dos coronéis de Carinhanha e Santa Maria da Vitória.
Uma vez o jagunço Umbuzada estava limpando o seu fuzil, quando sua tia, Joana Pataca, ia passando e ele disse para os colegas: “Vou ver se este fuzil é bom de fogo.” Apontou para a tia, mirou e puxou o gatilho disparando o tiro certeiro contra a própria tia, que caiu morta no chão. Como sabia que nada iria acontecer contra ele, ficou tranquilo. Quem se apiedou da velha fez o funeral lamentando o ocorrido injusto.
Assim viveu por muitos anos o povo de Carinhanha. Hoje a cidade é de um povo diferente e, muitos sabem dessa negra história lendo os livros editados por mim e o padre Souza, que viveu muitos anos aqui como padre da Congregação Vicentina. Já faleceu, mas deixou-nos muitos livros de histórias pesquisadas e editadas por ele.
Honorato Ribeiro dos Santos, Rua Francisco Muniz nº 46 –Centro – Carinhanha-Ba. Tel. (77) 3485-2694. E-mail hagaribeiro@yahoo.com.br.
SEQUEIRO GRANDE
Fontes: Terra dos Sem Fim, Livro de Jorge Amado e Wikipédia.
“Sequeiro Grande, era um trecho da mata ainda intacto, e passou a ser o alvo da cobiça dos coronéis, que lutaram entre si com todas as armas de que dispõem para conquistá-lo. Advogados eram muito bem-vindos à região. Os coronéis os contratavam para que redigissem documentos falsos (“ caxixe”) que atestava a posse de determinado pedaço de terra até então pertencente a algum pequeno lavrador. Quando impunha alguma resistência à expulsão, o camponês em geral era perseguido e morto por jagunços tocaiados nas estradas solitárias.”
No começo do século XX, no sul da Bahia, por ocasião do desbravamento das matas para plantio de cacau nas regiões próximas ao povoado de Tabocas, então município de Ilhéus a região estava sob o domínio político do fazendeiro-coronel Sinhô Badaró que, visando apropriar-se das terras devolutas do Sequeiro Grande, mandou o jagunço Damião assassinar o pequeno fazendeiro Firmo, proprietário de um sítio que ficava de permeio. O atentado fracassou, e foi deflagrada a luta pela posse daquelas terras, igualmente disputadas por outro rico latifundiário, o vizinho e oposicionista coronel Horácio da Silveira, que também promoveu demanda judicial através do advogado Virgílio Cabral, enquanto se sucedem os atos de violência de parte a parte, com tropelias, plantações destruídas, incêndios e mortes. Com a reviravolta política ocorrida no estado, a situação local passou a ser comandada por Horácio, que aliciou os pequenos fazendeiros circunvizinhos para as suas hostes. Sinhô Badaró, foi ferido nos combates, e substituído pela filha, Don'ana Badaró.
Paralelamente, desenvolve-se às ocultas um caso de o amor entre Virgílio Cabral e a esposa de Horácio. As cartas reveladoras do adultério caem nas mãos do viúvo, que não vacila em mandar matar Virgílio.
Acredite se quiser!
O GOLPE DO ESTILETE!
Autor PauloSNSantana
No final dos anos setenta, eu trabalhava em uma Multinacional Francesa, da área de Equipamentos Radiológicos, Hospitalar. Fui admitido nesta Empresa no inicio de 1978, como Auxiliar de Escritório, em aproximadamente dez meses já exercia o cargo de Assessor de Gerência. As minhas atribuições eram: Visitar hospitais e clinicas para receber e entregar faturas, controlar o caixa da empresa, visitar bancos para pagar faturas, efetuar saques, fazer depósitos, etc. Até possuía uma procuração para realizar as operações bancárias. A minha ascensão foi meteórica. Nessa época adquiri o primeiro carro, um Fiat Uno 147,branco com bancos reclináveis, rodas de magnésio e som. Era uma ferramenta importante no desempenho de minhas atribuições.
Um dia fui ao Banco Bradesco, Agencia Brotas, às nove e quarenta e cinco horas, ao chegar à porta da Agencia Bancária, estacionei e saltei do carro carregando uma pasta do tipo 007, da empresa. Tudo estava absolutamente tranquilo. Eu como sempre estava bem e não passava por minha cabeça pensamentos negativos. Me sentia bem, por representar uma grande empresa, conhecer Gerentes de Banco, abrir contas administrar finanças, etc. Eu teria que trocar uns cheques para funcionários da empresa, uns 2.000 reais em moeda atual. Dentro da pasta haviam cheques nominais e documentos pessoais. No banco quase não havia filas, não notei nada suspeito, nem ninguém que estivesse me observando. Troquei os cheques, conferi a importância e coloquei dentro da pasta, saí da agencia em fui para o carro. Segui pra Avenida Vasco da Gama, e quando já estava fazendo o retornando num trevo da avenida, alguém gritou de dentro de um carro ’’o pneu esta furado!’’, imediatamente estacionei o carro alguns metros a frente. Escondi a pasta em baixo do banco. Abri a mala do veiculo, peguei o pneu socorro, a chave de roda e o macaco, e fiz a troca do pneu depois fechei a mala e retornei para o interior do carro. Quando procurei pela pasta, que estava em baixo do banco do motorista, não a encontrei mais. Eu tinha sido roubado. Mas como! Perto do carro não havia viva alma. Eu estava em maus lençóis, como explicar o acontecido na empresa? Meus colegas de trabalho iriam acreditar na minha história? Seria demitido? E os cheques vultosos da Empresa, poderiam ser descontados? Rumei para uma delegacia de policia no bairro do Rio Vermelho. O policial de plantão ouviu a minha história e registrou cada palavra, depois disse que eu havia caiu no ’’golpe do estilete’’. Que uma quadrilha estava atuando naquela área há alguns meses. Engoli a seco e retornei a empresa. Relatei os fatos ao Gerente e o mesmo foi solidário, tranquilizou-me, mas pediu uma cópia da queixa para arquivar, depois conversei com os meus colegas, aqueles que me confiaram seus cheques e ouvi deles conforto e compreensão, prometi pagar pelo prejuízo, mas nenhum deles aceitou. Três dias depois recebemos um telefonema de um cidadão que identificou-se como proprietário de uma lanchonete no Campo da Pólvora em frente ao Fórum Rui Barbosa, e que haviam esquecido uma pasta 007, com cheques e documentos e número de telefones da empresa no seu interior. Segui para o local e constatei que era ’’a nossa pasta’’ intacta, e com todos cheques e documentos no seu interior. Eles só levaram o dinheiro! Conclusão. Os caras eram gentleman thief.
Acredite se quiser!
HISTÓRIAS CONTADAS POR SALES E DE PLANETA
Setembro de 2014
Texto de PauloSNSantana
Naquele tempo só entrava na mata Coronel bravo, pra passar toda espécie de necessidade e dificuldade, qualquer um não entrava . Era uma aventurava muito difícil. Os pioneiros enriqueceram porque tinham coragem, e eram trabalhadores. Incursionavam nas matas andavam dois três dias montados em burros bravos, atolando, atravessando rio cheio, em cima de jangada. Tem até uma fazenda em Una, estão vendendo agora, a Franconia, com trinta e três barcaças e três secadores. Duas mil e tanto equitares. Dizem que tem mil só de cacau. Tem uma fazenda, na estrada Coaraci, Itajuípe, “A fazenda Ruanda”, que antigamente era pouso de jagunços e coronéis do cacau. La existia um grande comércio, que vendia de tudo, só coisa boa da Alemanha: Armas, maquinas de costura, tecidos, alumínio, fogões, cofres, pólvora, café, munição, instrumentos musicais, até piano etc. Era também um pouso onde os coronéis se reunião para fazer negócios e contratar os serviços de pistoleiros e jagunços. Dizem que os pistoleiros ou coronéis compravam armas lá, e que o vendedor perguntava se queria experimentar, ai mandava um negro ou caboclo subir em uma arvore, para o comprador atirar para testar a qualidade da arma. Acredite se quiser!
Era um ponto estratégico para planejar assassinatos e tiroteios, e o proprietário da fazenda acoitava jagunços. Na fazenda se encontrava com frequência; tropeiros, jagunços e coronéis do cacau. Entre eles os Badaró, Basílio e os Nicks. Era um entroncamento de compra e venda de cacau e grandes empresas como a Cacau Fortaleza e Massaranduba mantinha postos avançados. A região era riquíssima e a produção de cacau invejável.
Outro fazendeiro rico da época era Naji Marom, em Barro Preto. Uma vez ele comprou pra revender na região trezentas maquinas de costura, que vieram em um navio da Alemanha. Os comerciantes de Itabuna, Itajuípe e da região se abasteciam com ele. Uma vez Solon precisou de zinco e roda de barcaça e só foi encontrar lá. Naquele tempo existia telefone nas fazendas dos ricos. A fazenda também possuía telegrafo. O comercio no interior da propriedade de Marom era avançado e possuía uma avenida com algumas casas comerciais, alfaiataria, lojas de tecidos e até um cinema. Marom exigia que os empregados fizessem a barba e usassem roupas limpas, que estivessem asseados, para receber os clientes, a fazenda parecia uma cidade, tal o movimento de carros e de clientes. Vendia-se de tudo. Era difícil chegar na fazenda, mas quando se estava lá dentro, a coisa mudava de figura, havia energia a gerador, as ruas eram calçadas, dava gosto de ver.
No escritório de Marom em cima da sua mesa de trabalho sempre era visível um rifle papo amarelo carregado. Ele era respeitado, e nenhum cliente ousou lhe passar a perna. Na época da segunda guerra mundial, suspeitaram da relação dele com os alemães, pois era grande importador, e possuía um daqueles rádios de comunicação VHS, com o qual comunicava-se com empresas alemãs, gerando suspeitas do serviço secreto. Foi investigado, e nada foi comprovado. Era um homem solteiro. O irmão dele morava no Líbano e também era rico, um banqueiro, quando soube que iam prendê-lo, enviou uma fortuna em dinheiro para contratar bons advogados.
Quando Marom morreu, deixou tudo o que tinha pro seu irmão Zeca Marom. Dizem que Alex Marom irmão de Zeca morreu com doença mental.
João o mais antigo tratorista de Coaraci, ainda vivo, trabalhou nas fazendas de Marom por uns vinte e tantos anos e o conheceu bem.
Dizem que a fazenda era bem desenvolvida, que produzia muito cacau e era vista como uma pequena cidade, uma bela propriedade, muito organizada possuindo no seu interior um comercio poderoso, uma avenida de casas comerciais, toda calçada, e que encontrava-se para comprar moveis, material de construção, que havia uma barbearia, um bar e café, e um armazém bem sortido...
Esses relatos são de homens que vivenciaram à época dos coronéis do cacau. Descrevemos aqui, alguns casos, mas com certeza ainda existem muitas histórias a serem contadas no Caderno Cultural. A região cacaueira é rica em cultura, e as histórias dos desbravadores poderiam compor mais um livro, um best seller, dos velhos costumes, das vitória e derrotas, que resultaram no desenvolvimento da região do cacaueira..
Acredite se quiser!