
CULTURA E COSTUMES
RETRATO DA CULTURA EM COARACI
Um retrato da cultura de Coaraci revela que a maioria da população não vai ao cinema, nunca foram a um teatro e nem a museus. A principal razão? Falta de oportunidades.
As justificativas para a ausência de visitas a espaços culturais é o simples fato de que estes espaços não existem ou já existiram e foram desativados.
Existe uma relação entre interesse por cultura e nível educacional. Entre os que nunca freqüentaram estes espaços e equipamentos culturais, a maior parte é constituída pela classe menos favorecida. “Quanto maior a escolaridade e o poder aquisitivo, maior o hábito de consumo cultural”.
Profissionais que trabalham na área de gestão cultural acreditam que o desinteresse tem relação com a falta de conhecimento e intimidade com os equipamentos culturais. “Em primeiro lugar, a falta de interesse, em grande parte, revela falta de conhecimento, familiaridade e entendimento da própria linguagem”. Essa situação é resultado de um processo educativo que não forma consumidores de cultura. “A nossa educação não é estimulante para que as pessoas depois de adultas se tornem próximas do mundo da cultura no sentido geral e no sentido específico, da arte, da cultura enquanto manifestação do simbólico.”
“O mundo da comunicação trabalha mais na perspectiva do entretenimento e muito pouco na da educação e da cultura. É outro fator importante da falta de interesse. ” “A TV nem sempre tem de assumir o papel rígido escolar para seus telespectadores. O entretenimento pode ser educativo e prazeroso.”
Ao mesmo tempo que a população não freqüenta cinema, teatro e museu, muitos acham que a cidade onde moram deveria ter mais aparatos culturais. A posição da população não é contraditória. Pelo contrário, revela justamente que nem todos têm contato e acesso a equipamentos culturais. “E aqueles que dizem que não vão aos locais porque não gostam provavelmente nunca foram.”
As Secretarias de Cultura precisam atender a população extremamente pobre, levando cultura . Facilitar o acesso para aqueles que enfrentam a barreira econômica, com ações de subsídio ao consumo cultural.
Como exemplo de ações a implementar , citamos os Circuitos Culturais que promovem atrações, Viagens Literárias ,
Mostras Coreográficas etc.
O problema da oferta e acesso à cultura não é uma realidade só de Coaraci. Pesquisas apontam números alarmantes da exclusão cultural no País. “É um problema que temos de enfrentar em âmbito nacional essa questão dos poucos equipamentos culturais ou em situações precárias. A TV aberta é hoje o principal equipamento de consumo de cultura, o que é uma distorção.”
CULTURA CASEIRA
Estudos também revelam que, embora as pessoas não tenham o hábito de frequentar equipamentos culturais, as atividades de caráter doméstico têm muita força , ouvir música, assistir a filmes em DVD ou VHS, ler livros não didáticos e frequentar a festas populares e religiosas.
Em Coaraci a frequência em festas populares, religiosas, vaquejadas, micaretas e circos e parques de diversão são os eventos mais constantes.
As atividades culturais devem ser obrigatórias nas escolas. A cultura precisa estar atrelada à educação e aos avanços econômicos e sociais. A esfera econômica cresce apartada da cultural, surge uma sociedade mecanizada que se dedica a um tipo de cultura banalizada. Se para uma parcela da população o contato com equipamentos culturais é reduzido, para outros ele inexiste. Seja pela questão econômica, distância dos espaços de cultura ou falta de familiaridade e hábitos com atividades culturais.
Coaraci, apesar de estar localizada a 70 km de Ilhéus e 40 de Itabuna t em muitos excluídos do consumo de cultura. Muitos Coaracienses nunca foram ao cinema.
A população tem noção e acreditam que o bairro onde moram precisa de mais estrutura para o lazer.
E preciso oferecer os equipamentos culturais, mas isso depende de recursos . A saída encontrada, é levar atrações a espaços alternativos. A própria Escola pode sediar algumas dessas ações, e oferecer aulas de diversas modalidades artísticas. Precisamos criar hábitos.
Além do acesso, os moradores também querem melhores ofertas de atrações culturais. “Coaraci é uma cidade que, pelo número de habitantes que tem, deveria ter mais opções de lazer e cultura”.
Por.Paulo Sergio Novaes Santana
COARACI E A CULTURA DA SOLIDARIDADE
O sociólogo Rubem César Fernandes no seu artigo “Elos de Uma Cidadania Planetária” nos apresenta um quadro mundial sobre a participação do cidadão no que tange a busca de soluções para os mais variados problemas sociais, no contexto inerente ao que se convencionou denominar de sociedade civil. Para tanto lança mão dos relatórios da organização Cívicus (Aliança Mundial para a Participação dos Cidadãos), cujos estudos demonstram um crescimento geral das organizações de ajuda, tanto das tradicionais bem como as da modernidade e ate mesmo das ações individuais nesse sentido. O fato é que as populações têm procurando cada vez mais formas próprias, independente do estado e do mercado, objetivando o equacionamento das suas demandas, resultando consequentemente no aumento significativo da solidariedade enquanto um valor simbólico.
Em Coaraci numa ligeira investigação sobre este assunto detectamos quatro bons exemplos, que com certeza são ilustrativos de um quadro bem maior, de ações da nossa sociedade civil direcionadas à promoção do aumento do nosso bem estar social.
Começamos com o projeto “Centro Esportivo Nogueirão” sob a direção de Etelvaldo Barreto Nogueira o popular Tel proprietário da Telmac, que tendo o seu inicio em 2007 já realizou a construção de 21 casas destinadas à população mais carente do nosso município, onde o empresário arca com 60% a 70% do custo total da obra e o restante fica a encargo dos vários parceiros do projeto.
Outro projeto intitulado “Centro Dona Xepa Fim de Feira Alimente uma Família” cuja diretoria composta por: Alda Helena- presidente; Evanildes da Silva – vice- presidente; Maria das Graças Moreira -1ª secretaria; Fernando de Souza – tesoureiro e Viliana Lima- diretora administrativa, juntamente com os demais voluntários, realiza uma coleta de mantimentos na comunidade os quais são transformados em alimentos como: sopão, arroz doce mingau etc. para serem distribuídas três vezes na semana à população mais carente.
Temos também o empresário Francisco Galvão proprietário da loja Girafa que a quinze anos faz, durante o inverno, a distribuição de cerca de 150 cobertores para os mais carente.
Por ultimo, o administrador de empresas Danilo Galvão, mesmo morando e trabalhando em Angola, a dois anos consecutivos financia dez alunos do 3º ano da rede pública em cursinho de pré – vestibular além de efetuar o pagamento das suas matriculas no vestibular da UESC
São portanto, ações exemplares desta natureza que ajudam a construir uma coletividade cada vez mais solidaria no âmbito do nosso município.
Luiz Cunha, lcunha.ssa@gmail.com
O SÃO JOÃO EM COARACI
As festas Juninas são manifestações culturais e folclóricas muito importantes para o povo Coaraciense. Essa tradição tem sua origem mais remota nos países do hemisfério norte e indicava o início do verão e, consequentemente, das colheitas. Desde os tempos pagãos a data é comemorada com fogueira, dança, música e muita comida.
Somente no século VI o catolicismo passou a associar esta celebração ao dia de São João e no século XIII os portugueses incluíram São Pedro e Santo Antônio nas festividades. No Brasil a data é comemorada desde 1583.
Em Coaraci, durante o mês de junho, o clima festivo começa a ser sentido nas ruas e bairros da cidade, que são enfeitados com bandeirolas, palhas de coqueiro e fogueiras. Cada bairro se organiza e prepara seu arraiá que é composto por danças, muito forró, comida tradicional, licor de jenipapo, canjica, mungunzá, milho cozido, e fogueiras de todos os tamanhos. As barracas de fogos espalhadas pela cidade oferecem a criançada uma série de lindos e barulhentos fogos.
A iluminação festiva é instalada convidando a população às festas quase que diárias. As quadrilhas são compostas por pessoas de todas as idades, vestidas uniformemente para as apresentações com suas cantorias e comandadas por um mestre de cerimônia, estas quadrilhas são originadas de uma dança francesa chamada “quadrille”.
Resumindo, trata-se de uma das comemorações mais alegres do ano, portanto, se você estiver em Coaraci, não deixe de participar. Na página 12 deste Caderno Cultural, na Agenda Cultural você poderá encontrar a programação das festas juninas em Coaraci.
Por. Paulo SN Santana
UM JARDIM DE AKADEMUS EM COARACI
Diante de tantos depoimentos postados no grupo do Facebook “Amigos Coaracienses”, do surgimento do Caderno Cultural de Coaraci, das demonstrações de zelo pela história e cultura da nossa cidade, além do acervo do qual dispomos, veio-me a lembrança de um desejo acalantado durante anos por um dos mais ilustres coaracienses, homem de refinado gosto literário e de uma bagagem cultural admirável.
Refiro-me ao mestre José Almiro Gomes e o seu desejo de criar a Academia de Letras Coaraciense.
Portanto, aproveitando esse momento impar, de movimentação lítero cultural que vivemos, vejo o momento oportuno para amadurecermos a ideia dessa Casa de Cultura, pois Coaraci é um celeiro de artistas e intelectuais respeitados que necessitam de um espaço dessa natureza.
Sem querer traçar paralelos, todas, ou quase todas, as Academias surgiram, em primeiro lugar, pela necessidade de um local de encontro para os poetas, escritores e artistas de um modo geral.
Foi assim inclusive com a nossa famosa ABL, pois a razão do seu surgimento foi a de que os escritores que viviam no Rio de Janeiro no final do século XIX queriam um ponto de encontro para jogar conversa fora.
Muitas cidades têm. Que tal Coaraci começar a o pensar na sua casa de artistas e literatos?
Carlos Bastos Junior (China)
Setembro 2011