
Álvaro Pinto de Oliveira, O Sr. Varú.
Texto de PauloSNSantana
Fonte: Entrevista com Sr. Raimundo Benevides
Jorge Lima, Antônio Lima, Álvaro Lima e Maria Alcina são filhos de Aldo Pinto de Oliveira conhecido como Varú e Senhora Orcina Clímaco. O Patriarca da família Lima trabalhava com caminhões morou e faleceu aqui. Era uma pessoa muito bem quista e trabalhador. Seus filhos Antônio Lima de Oliveira foi Prefeito, Jorge Lima é comerciante, Álvaro Lima é médico muito bem conceituado em Ilhéus, e Maria Alcina, Professora, todos moram em Ilhéus. O Sr. Varú era um homem bem relacionado, e muito direito em seus negócios, e que deixou um grande patrimônio para família. O Pai de Jorge Lima veio de Ilhéus onde morava e era muito amigo da família de Otávio Povoas, proprietário de fazendas na União Queimada, onde ele pegava fretes de cacau e no retorno trazia mercadorias para serem comercializadas na cidade de Coaraci. Casou-se e veio morar em Coaraci nos anos 40, quando nasceu Antônio Lima, na casa onde morou o Sr. Mafuz. O Sr. Varú, tinha dois caminhões, um ele dirigia, e o outro era guiado por um rapaz chamado José Cimas. Faleceu ainda novo, aos 51 anos de idade. Na ocasião, o jovem Antônio Lima assumiu os negócios deixados pelo pai, com algumas orientações do Sr. Raimundo Benevides a quem respeitava e seguia os conselhos. Antônio Lima comprou o Bomfim, e adquiriu uma fazenda no pontal, através do Sr. Raimundo Benevides que tinha uma procuração para proceder com a venda. Benevides propôs o negocio que foi fechado imediatamente com Antônio.
Jorge Lima é um comerciante bem sucedido, e presta bons serviços à população coaraciense há muitos anos. Antônio Lima foi convidado para candidatar-se a Prefeito de Coaraci. O Sr. Benevides aconselhou a não aceitar, e como exemplo justificou que o Sr. Varú nunca havia sido politico e que ele deveria continuar voltado aos negócios da família. Porém quando estava em Salvador, soube que o haviam convencido a aceitar a proposta. Sr. Raimundo disse que o aconselhou, mas que ele não quis aceitar, então, paciência! Disse na época que não iria fazer campanha pra ele e que votaria contra a sua candidatura. Mas mesmo assim Antonio Lima foi eleito. Quando das comemorações pela vitória, Sr. Raimundo viajou para Jequié onde um amigo seu tinha sido eleito também. Quando retornou e estava em casa tomando café, recebeu a visita de Antônio muito alegre e aproveitou pra dizer:
- Muito bem Antônio, hoje é festa, mas o amanhã poderá trazer muitas decepções!
Antônio Lima governou de 1976 a 1982. Mais tarde apoiou a candidatura Mafuz a Prefeito de Coaraci, um candidato espetacular, que perdeu para o Sr. Joaquim Torquato. Depois apoiou e elegeu Gima.
As decepções na politica vieram, como previu Benevides, além do que, Antônio Lima deixou de fazer bons negócios, e de ampliar o seu patrimônio.
Mais tarde passou a comercializar Cacau, embora tenha sido advertido por Raimundo Benevides que era um negócio, muito perigoso. A compra e venda de cacau, não lhe fizeram bem. Houveram muitos prejuízos.
Na opinião de Raimundo Benevides, Antônio Lima foi um dos melhores Prefeitos que Coaraci já teve. Era um cara bom, que não sabia dizer não pra ninguém.
O Ex-Prefeito Antônio Lima faleceu anos depois com insuficiência cardíaca.
MESTRE ETELVINO, O ARTÍFICE DO COURO.
Carlos Bastos Junior (China)
Há muito venho pensando em escrever algo sobre o Senhor Etelvino Sapateiro. Cheguei a comentar com alguns amigos da vontade que tinha de rabiscar, numa convidativa folha de papel em branco, a minha impressão sobre esse grande artífice do couro que tive a satisfação de conhecer. Então, quando li uma nota de Miguel Magalhães no Caderno Cultural de Coaraci, onde o autor fora muito feliz ao nos fazer lembrar desse personagem urbano, então vi a oportunidade de começar agora o antes pretendido.
Um homem simples, silente, mas com a irriquietude dos grandes inventores, assim é o mestre Etelvino Sapateiro. A sua oficina era também um misto de laboratório onde as asas da sua imaginação ganhavam corpo e como demiurgo ele materializava as suas ideias dando a elas as formas mais variadas.
Reservado, seo Etelvino é uma pessoa coberta por um aparente manto de sisudez, porém, torna–se num bom papo na medida em que vai permitindo que o outro entre no seu universo de ideias criativas. Uma pessoa de conversa agradável e interessante.
O seu atelier era como o do mestre entalhador italiano, o velho e bom Gepetto, aquele que deu vida a um boneco de madeira e o chamou de Pinóquio. Etelvino dá vida às suas invenções e já naquele tempo o fazia de forma sustentável, quando sequer o termo sustentabilidade havia ganhado força no modismo do vocabulário da atualidade.
Dos seus inventos, lembro-me de dois cata-ventos que ficavam ao fundo da sua oficina. Sobre uma haste prolongada, tinham a forma de dois bonecos e giravam em sentido contrario, seguravam espadas nas mãos e quando o vento batia forte, os bonecos, como dois guerreiros medievais orientais, se digladiavam numa luta infinda como dois samurais, até o cessar do vento para recomeçar a luta na próxima ventania.
A porta de entrada da oficina não tinha trinco ou fechadura, era apenas uma tramela, e um “segredo” fazia abrir aquele pequeno espaço de trabalho e criação. Uma luz acendia e apagava sem haver a necessidade de um interruptor, era como se já tivesse um sensor magnético de presença naquela pequena tenda. O balcão de madeira com uma portinhola era o que separava o artífice dos seus clientes, dois tamboretes de madeira, talvez três, compunham o mobiliário local. Couro, sola e fôrmas para confecção de calçados faziam parte do ambiente. Todas as manhãs, o mestre artesão chegava à oficina pedalando a sua bicicleta enfeitada. As rodas, com fitas entrelaçadas aos aros quando em movimento formavam um belo mosaico como se fosse um caleidoscópio. Ao cair da tarde, findo o expediente, o bom sapateiro tornava a tomar o seu meio de transporte e pedalava rumo à sua casa para mais um dia de descanso.
JOSÉ REIS
Texto adaptado por PauloSNSantana
Fonte REVISTA CIPB-IBAP
Iniciou sua vida profissional ainda criança, ajudando seu pai de criação e tio no setor rural até os vinte e um anos de idade. Mudou-se para São Paulo, onde trabalhou por um ano como metalúrgico. Retornando a Coaraci, passou a ser vendedor ambulante de utensílios de cozinha. Aprendeu a profissão de sapateiro e alfaiate, trabalhou no ramo de alfaiataria por doze anos. A partir de 1972, por procuração do seu pai de criação, e tio, foi cuidar dos negócios da família. Em 1986, trabalhou como locutor do som da cidade. Sua mãe de criação e tia foi a senhora Maria Felicidade e seu pai de criação e tio o senhor Pedro Procópio do Nascimento.
José Reis nasceu em Ibicaraí, em 06 de Janeiro de 1942, sendo seus pais verdadeiros, o senhor José Conrado do Nascimento e a senhora Josefa Calixto de Souza.
Era casado com Maria José Silva e tinham três filhos, Sostinélio, Sostenes e Sostivam. Participou de várias campanhas politicas, candidatando-se duas vezes a primeira em 1972 quando obteve 72 votos. Na Segunda eleição durante campanha de Janjão, obteve 177 votos, disputando pelo PMDB. Foi Presidente da Comissão Técnica de Justiça e redação da Câmara Municipal. Participou do primeiro seminário de Vereadores em Itabuna, realizado na Sede da CEPLAC no ano de 1989.
Foi proprietário da fazenda São Pedro e cedeu um terreno para construção do Centro de Abastecimento de Coaraci, com um valor simbólico para área, que em homenagem ao seu pai e tio de criação leva o nome de Pedro Procópio Nascimento, que é ainda hoje um belo cartão de visitas. Desenvolveu um grande trabalho social dentro do município, e dentro de suas possibilidades auxiliou a população mais carente com doações de remédios, alimentos, documentos e outras necessidades das pessoas na época.
Na área de educação, achava de vital importância que houvesse alguns incentivos tais como: melhores salários para os docentes, construção de novas escolas, e creches. Defendeu a construção de um abrigo para os idosos e também para o menor carente ou abandonado. Acreditava que a implantação de hortas comunitárias seria muito bom para a população. Defendeu todos os projetos de relevância para os coaracienses na época.
Gostava de futebol, foi jogador da seleção do município de Itajuípe e de Itapitanga. Foi campeão pelo Coaraci Esporte Clube no ano de 1958. Atuou também como técnico do Grêmio Estudantil em Coaraci. Foi membro da associação de combate a tuberculose em Coaraci. Foi membro do Centro Espirita Bezerra de Meneses. Já exerceu o cargo de Presidente do Centro Cívico do C.E.C.
Recebeu várias medalhas e troféus como jogador de futebol de campo e de salão em equipe e atuou com árbitro de futebol de campo na liga de Coaraci e no CSU. Viajou bastante, conheceu Espirito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, e outros Estados.
Seu passa tempo preferido era tocar violão e cantar com os amigos. Em seus momentos de folga assistia na televisão aos noticiários, conforme dizia para estar mais bem informado.
José dos Reis Souza Francisco, faleceu, deixando muitas saudades aos amigos, correligionários, e familiares.
SR. IZÍDIO, UM CABOCLO DE COARACI
Nasceu em Cafundó, veio para Coaraci, trazido pelos pais, sempre foi batalhador, hoje com 82 anos conforme ele mesmo diz, ainda tem muita disposição. Pensou um pouco e continuou dizendo que atualmente diminuiu o trabalho por causa de um reumatismo. Izídio e Dona Lúcia Xavier tiveram cinco filhos, três homens e duas mulheres já falecidas, dois filhos homens moram em São Paulo e um em Salvador; Izídio tem muitos amigos, gosta de conversar, beber aperitivos, e estar na companhia de sua querida esposa.
PAULO ROBSON
Texto Adaptado por PauloSNSantana
Natural de Coaraci nasceu em 02 de abril de 1960, sendo filho do senhor Aderbal D'Anunciação e da senhora Anastácia Nascimento. Seu avô, o senhor Simpliciano José dos Santos, era um homem tradicional na politica do Município, onde exerceu o cargo de vereador e de Vice-prefeito. Paulo foi vereador pelo PMDB sendo o quarto mais votado do partido. Formou-se em Técnico em Administração de Empresas, e em Educação Física, trabalhou na roça, em consultório dentário, tipografia, foi vendedor de sapatos, corretor, motorista, fiscal de condomínio e professor de educação física em Itabuna em Coaraci e em Pau Brasil. Como vereador lutou pela educação, saúde, mais empregos para a população, e criação de pequenas empresas.
Paulo Robson deu entrada em vários projetos na Câmara Municipal, entre eles a criação de um posto médico e dentário no distrito da Ruinha dos Três Braços, a ampliação do Colégio Municipal de Coaraci, conclusão do calçamento municipal, saneamento básico, e ampliação do campo de futebol do distrito Marcos Ribeiro Sacramento e a criação de mais salas de aulas na região da Mangueira e no Ribeirão de Dentro. Trabalhou para que a cidade possuísse mais um carro de lixo e um carro pipa, além da criação de uma biblioteca pública, creches, novas salas de aulas, uma igreja no bairro Maria Gabriela, e o calçamento da rua Santa Catarina, bairro doado por seu avô, às pessoas carentes. Paulo Robson foi um vereador do povão, e lutou bastante pelo desenvolvimento do município, orientado pelo seu avô, sendo o segundo da família a entrar para a politica.
Paulo é um desportista, sendo várias vezes campeão é detentor de mais de quarenta e cinco troféus. Foi dono do Galo Esporte Clube, Futebol Society e Salão de Coaraci. Foi Vice-Presidente da Portuguesa Esporte Clube, time tradicional no futebol de campo. Foi representante da Comissão de Educação e saúde na Câmara de vereadores. Atualmente encontra-se de licença médica, para tratamento de saúde, é lotado na Secretaria de Educação, professor do Colégio Municipal de Coaraci, onde fez um bom trabalho, e por isso sempre foi muito querido pelos seus alunos. Bom caráter, é bem humorado e mesmo diante das situações difíceis é um guerreiro, e nunca se abate, por tudo isso Paulo Robson merece essa homenagem do Caderno Cultural de Coaraci.
SIMÃO
Simão, nasceu em Itabuna, criou-se na região dos Macacos no lugar chamado de Pedra Lascada. Na Fazenda Royal. Vem de uma família de nove irmãos e cinco irmãs.
Eu conheci Simão lidando com esportes, nos campos do CSU e Estádio Barbosão, onde inscrevia equipes para disputar torneios e campeonatos. Muito tranquilo querido e respeitado, pelos seus pupilos, gosta do futebol desde criança, quando ainda jogada com uma bola de meia. Mais tarde com bola couraça costurada a mão, descalço, pois no seu tempo de criança e adolescente ainda não havia chuteiras disponíveis na região. Em Barro Preto disputou campeonatos e foi aí que calçou a primeiro chuteira. Simão jogou até quando pode. Depois para não afastar-se completamente do seu querido futebol, passou a ser dirigente, dedicado a criação de equipes para disputar campeonatos na zona rural, nos distritos e municípios circunvizinhos. Entre os atletas que compunham a suas equipes encontrava-se um filho ou neto, amigos e parentes.
O orgulho de Simão é ter um sobrinho nascido na roça, profissional do futebol, jogando na forte equipe do Internacional de Porto Alegre.
Em Dezembro seu neto Allison veio visitar a família, e foi recepcionado com um churrasco na AABB.
Simão se lembra que jogou em um campo de futebol aqui em Coaraci, cortado ao meio por uma estrada, onde transitavam animais e carroças, e não havia proteção, nem tão pouco arquibancadas! Jogou em mais de trinta times.
Em Coaraci comanda o Flamengo equipe registrada na Federação Baiana de Futebol. Seu Flamengo já disputou campeonatos no CSU, Campeonatos de Bairros, Campeonatos de amadores e de veteranos na AABB, e torneios na região.
DOLE, ANTÔNIO TRÊS MORROS E BRAGA.
MÚSICOS AUTO-DIDATAS DE COARACI.
Texto adaptado por PauloSNSantana - Fonte Livro de Enock Dias Cerqueira*
O Sr. Antônio Dias, o Dole, ao chegar às Duas Barras, vindo do Rio do Braço, 1914, com pouco mais de dez anos, trazia também em sua bagagem uma pequena harmônica, como gostava de chamar. À medida que o tempo ia passando, foi também substituindo uma por outra até quando, por volta de 1947, 48, Zezinho, seu filho mais velho, transmitiu-lhe durante três ou quatro semanas alguns conhecimentos básicos de música adquiridos com o maestro João Evangelista Melo, regente da Filarmônica, e de quem era aluno. Três meses depois, Zezinho, ao retornar de Jaguaquara, onde estudava, ao avaliar a aprendizagem de seu Dole, assustou-se com os conhecimentos adquiridos, muito além dos ensinados, e já utilizados em sua possante 120 baixos. Seu Dole, unindo seus conhecimentos musicais aos seus quarenta anos de instrumento, tornou-se também um virtuoso de raríssimas qualidades. Não foi preciso muito tempo para encontrar em suas gavetas rabiscos e composições de sua autoria, todas elas enriquecidas com passagens de difícil execução, que era sua característica. Vez por outra realizava transcrições, de tons fáceis, para difíceis, cheios de sustenidos, bemóis e semicolcheias encravados na pauta, para dificultar o desempenho dos que pretendiam acompanhá-lo ao violão.
Dole, durante grande parte de seus cinquenta anos como instrumentista, realizou grandes desafios, especialmente com Antônio Três Morros, sanfoneiro que conhecera em suas andanças pelo sertão de Jequié, quando tocavam por horas a fio, cada um empunhando sua sanfona. Seu Dole empolgou-se ao conhecer o dobrado ''Gentil Amorim'', do acervo da Filarmônica, a ponto de efetuar algumas adaptações para os recursos do acordeom, onde executava com profunda maestria, especialmente no trabalho da mão esquerda. Por volta de 1945, aos 65 anos, abandonou definitivamente o instrumento para tristeza daqueles poucos que tiveram o privilégio de ouvi-lo tocar.
De 1944 até 1955, Coaraci constituiu-se num palco de grandes músicos, influência trazida pelos moradores de Santo Antônio de Jesus e de Nazaré das Farinhas, quando aqui chegaram. Atraído por essa paixão, o meio musical da cidade foi enriquecido com a presença de um cidadão conhecido apenas por Braga. Não era fácil encontrá-lo sem os efeitos do álcool, mas era rotina vê-lo dormindo sob marquises de algumas casas comerciais da rua Rui Barbosa, às vezes, à luz do dia. Em seus momentos de lucidez, Braga tinha a competência de poucos, quando o assunto era música. Partituras para ele era como as leis para o jurista Rui Barbosa. Apesar de tocar outros instrumentos, o saxofone e a clarineta não tinham o menor segredo para ele. Na alfaiataria de Antônio Silveira, um de seus lugares preferidos, deu um espetáculo especial ao executar uma música numa clarineta, enquanto ia desmontando-a, a ponto de restar apenas à boquilha.
Quando alguém lhe pedia para tocar Espinha de Bacalhau, respondia com despreza! - Ahhh! música de principiante. Para os que bem a conhecem, Espinha de Bacalhau é música de difícil execução, reservada àqueles que possuem farinha no saco. Em vez d'eu executar Espinha de Bacalhau, vou executar Bacalhau sem espinha, composição certamente de sua autoria, já que ninguém dela nunca ouvira falar.
Hoje os tempos mudaram já não se houve clássicos da musica popular brasileira facilmente, os instrumentos eletrônicos, guitarras, teclados e sintetizadores, facilitam a execução de tocadores de autodidatas, que muitas vezes não sabem ler uma partitura musical. Onde estão os professores de piano e violão?
ESTÁDIO BARBOSÃO
Grandes equipes como o Bahia de Itajuípe, o Brasil de Buerarema, o Comercial de Ubaitaba, o Arsenal de Uruçuca, além de equipes de Jequié, Ipiaú, Gandu, algumas criadas desde a condição de distrito, essas equipes em muito honraram e dignificaram este gramado com grandes exibições, demonstrando também seus grandes mestres.
Antônio era um goleiro que sempre defendeu a Associação Atlética. Não tinha físico privilegiado, nem altura suficiente para a posição que exercia, mas, compensava pela agilidade e rapidez com que se deslocava de um lado para o outro da trave por baixo ou por cima, e logo ficou conhecido em toda a região com Antônio Circuito. Suas atuações a todos empolgavam pela beleza e arrojo de suas defesas que pareciam prever a trajetória da bola, antes mesmo de seu lançamento. Tinha como adversário maior as atuações e os chutes violentíssimos de Filhinho, outro jogador de qualidade extrema, e centroavante do arqui-inimigo Tupinambá.
FILHINHO
O encontro entre Antônio Circuito e Filhinho, garantia a presença de grande público, que não queria perder as defesas de um e os arremates do outro. Por várias ocasiões, Ilhéus ou Itabuna, quando desejavam melhorar a eficiência de seus ataques, ou suas próprias seleções, recorriam a Filhinho, para solucioná-los. Alguns goleiros adversários gritavam desesperadamente a todo instante para seus zagueiros terem cuidado com Filhinho! Pra não deixar ele chutar!
Filhinho era um centro avante nato, possuía a velocidade de um puro sangue quarto de milha, e a astúcia de uma raposa. Deslocava-se e cabeceava como poucos, e a potência de seus chutes, com qualquer dos pés, poderia por em risco a integridade física de qualquer goleiro. Mesmo assim, Antônio Circuito com eles nunca se intimidou, qualquer que fosse sua força e sua direção. O espetáculo emocionava quando Filhinho e Circuito eram convocados e atuavam juntos pela Seleção de Coaraci. Joaquim Barreto, o Joaquinzinho, assíduo frequentador do palco sagrado, a eles se referia com as palavras mais elogiosas do vocabulário, e arrematava dizendo- nunca vi ninguém melhor!. Certa vez perguntaram a Filhinho se ele tinha alguma raiva de goleiro, ele respondia sorridente:
-Ah! Ah! Ah! Eu só chutava pra matar!
Tanto em jogos oficiais, como em treinos, alguns torcedores posicionavam-se atrás rede para poder observar de perto e com maiores detalhes as sucessivas finalizações de Filhinho, mas sempre se deslocando de um lado para o outro, evitando assim serem atingidos pelos seus sucessivos chutes. A bola oficial usada na época era número 5, e possuía 18, 24,36 gomos, era maior e bem mais pesada que as atuais, especialmente se estivesse molhada.
JOSA
José Almeida, o ’’Josa’’, um pequeno grande jogador, e marcador implacável de Filhinho foi sem dúvida nosso maior atleta. Além de atuar com grande destaque no futebol de campo, manteve a mesma eficiência no futebol de salão, e no voleibol transformou-se no mais importante levantador de Coaraci. Aqueles que o conheceram fora de campo, e das quadras, não tiveram nenhuma noção no gigante que se transformava na disputa por cada lance do jogo, ou por cada centímetro do campo. Infeliz daquele adversário que tivesse Josa em seus calcanhares. Como funcionário da Cia. Sul Baiana cumpriu de cabeça erguida todos os seus longos anos de trabalho, e que fizeram dele um dos mais queridos cidadãos desta cidade. Ganhou o apelido de ’’Amigo da Onça’’, por se assemelhar com a criação de Péricles, caricaturista da revista O Cruzeiro, principalmente, se estivesse vestido de paletó e gravata.
OTONIEL CALDAS DA SILVA. ’’SR. EMÍDIO’’.
Era outro prodígio que a arte do futebol produziu em Coaraci, filho de Santo Antônio de Jesus ou Nazaré das Farinhas era ponta esquerda avançado, arisco, veloz e muito forte. Sua característica principal era o drible e a velocidade no corredor lateral até a linha de fundo, cruzava a bola com maestria.
Era exímio cabeceador e certeiro nas finalizações. Inteligente mantinha cabeça erguida e olhos abertos ao cabecear. Jogou pela equipe da Associação Atlética. Emídio era barbeiro era encontrado na barbearia na rua J.J. SEABRA, onde atendia à sociedade coaraciense.
HILTON FORTUNATO
O cérebro da equipe, meio campista, dentro das quatro linhas era elegante e tranquilo, como agia normalmente no seu dia a dia.
BIDÔGA, ELOY E JOÃO
’’Os Três Mosqueteiros do Barbosão’’
Texto de PauloSNSantana
Colaboração Miguel Magalhães
Fui Preparador Físico da Seleção de Futebol de Coaraci e trabalhei no Estádio Barbosão nos anos oitenta e noventa. Onze anos aproximadamente, e tive a oportunidade de conhecer Eloy, Bidôga e João, ''Os Três Mosqueteiros do Campo de Futebol do Barbosão'', que naquela época era um tapete verde, nivelado aos melhores campos da Bahia. Havia regras, para o uso e cronograma para atividades físicas e técnicas. Babas eram raríssimos.
Bidôga era ''o comandante'', nada acontecia no campo sem sua autorização, os senhores João e Eloy seguiam suas regras, mas os três juntos eram uma barreira aos comedores de grama.
Hoje os três aposentaram-se, Israel e Fanta estão cuidando do gramado que não está passando bons momentos, talvez necessite de novo sistema de irrigação, uma nova drenagem ou um replantio.
Grama nova, vida nova!
VALDIVINO HENRIQUE DOS SANTOS
UM CENTENÁRIO DE COARACI
Fonte: Entrevista com o próprio Senhor Nelson Sande
Texto de PauloSNSantana
O Senhor Valdivino Henrique dos Santos completou 100 anos, em 15 de fevereiro, ele nasceu em 1914, ao meio dia, quando chovia bastante no Brasil, que estava em guerra com o Paraguai. O seu sobrinho Nelson Sande, nos contou que Valdivino veio para Coaraci, para trabalhar com seu irmão, depois passou a ser comerciante. Casou-se, com a senhora Elita e tiveram um filho que é bastante conhecido na comunidade educacional e no meio politico municipal, o professor e ex-prefeito Elivaldo Henrique. O senhor Nelson trabalhou com Valdivino durante dezoito anos, demitiu-se para gerenciar seu próprio negócio. Valdivino continuou trabalhando em família, e seu filho Elivaldo passou a gerenciar o comércio. Ele morou um bom tempo em frente à Prefeitura, enquanto construía a casa onde residi até os dias atuais. O seu maior objetivo era ver o filho Elivaldo, formado. Valdivino encerrou sua carreira de comerciante com a idade avançada e hoje com cem anos divide seu tempo entre sua casa e o Centro Espirita. É um homem muito religioso, espirita convicto, e tem exercido seus atributos espirituais em prol da comunidade, fazendo o bem, promovendo a paz, levando conforto, distribuindo simpatia, e caridade.
JOSÉ GATO
Texto de PauloSNSantana
O apelido!
O Sr. José Fortunato Ribeiro e Dona Antônia Batista de Souza tiveram sete filhos: Waldir, Adilson, Dilma, Janete, Maria Margarete, Reginaldo, e Antônio Batista Ribeiro.
Quem colocou esse apelido em José foi seu próprio pai, que era um criador de gatos da casa. A casa de José era cheia de gatos, gatas e filhotes que se amontoavam pelos cantos.
José e os irmãos passavam algum tempo das horas de lazer praticando toda espécie de malvadeza com os bichanos, até amarravam palha de milho com gás no rabo da gata e tocavam fogo, a bichinha saia correndo doida, pela casa e pelo terreno desesperada de dor, enquanto a meninada achava engraçado a desgraça da bichana.
Seu Basílio vendo aquilo, disse que iria fazer o casamento da pobre gata velha e queimada com José, que não gostou da brincadeira ficando constrangido e aborrecido, isso bastou para o apelido pegar definitivamente.
A CHEGADA DE JOSÉ GATO EM ITACARÉ DO ALMADA
Entrevista com José Gato
Texto adaptado por PauloSNSantana
O Sr. José Gato nasceu na região do Ribeirão dos Covas, hoje esta com oitenta anos, é um senhor muito forte, lucido e comunicativo. Herdou o Jiquitaia do Pai, uma roça de cacau, e com a força do trabalho e a colheita do produto, criou os dez filhos. Tem orgulho de dizer que a sua família foi toda formada com recursos daquela roça, que começou com muito sacrifício. Edificou um patrimônio solido, com casa residencial na zona urbana, onde reside a sua primeira esposa, dona Antônia. O Senhor José Gato, é um homem que se considera saudável, cheio de vida e realizado, e tudo isso faz questão de dizer que agradece a DEUS! Ele acha que tudo o que tem é porque sempre foi um bom filho, respeitando o seu pai e sua mãe, embora naquele tempo não soubesse tanto amar os pais como sabe hoje. Pra ele Mãe é a maior riqueza que um filho (a) pode adquirir nesta terra. Naquele tempo o senhor José, não tinha certos conhecimentos que tem hoje, não se formou nos bancos das escolas, mas com o passar do tempo foi aprendendo muita coisa. Hoje tem muitos amigos, e só faz uma exigência, eles têm que ser bons filhos também. Aquele que é mau filho não serve para ser seu amigo, porque um mau filho com certeza é mal amigo, e quando casar será mal esposo e por aí vai. Isso porque é desobediente a Deus.
José Gato começou a frequentar Itacaré do Almada quando tinha aproximadamente oito anos. Naquele tempo o povoado era governado por Juvêncio Peri Lima, o “Intendente”. O povoado não tinha quase nada, Macacos foi o primeiro nome porque iniciou-se nas imediações do Ribeirão dos Macacos, em uma avenida de palha perto de Joaquim Moreira. Depois colocaram o nome de Itacaré, ele acha que foi por causa de naufrágio do navio Itacaré nas praias de Ilhéus. No povoado não havia muita coisa, onde hoje está edificada a farmácia de Soarinho, era um barranco enorme, onde está localizada a loja de Nélson Sande, era outro barranco enorme, em cima havia um cinema bem frequentado , para ter acesso à sala de projeções, subia-se alguns degraus construídos no barranco, e em tempos de chuva ficava intransitável. O cinema era uma casa construída com tábuas pintadas na cor azul, pelo seu proprietário, o Sr. Alípio Guerra. O povo que ia ao cinema, gente de todas as classes, tinham que subir aqueles degraus para assistir aos filmes.
No local onde existe hoje a Cesta do Povo, havia mais um barranco, e na mesma rua residia a família do Sr. José Augusto, homem rico e poderoso e por isso o povo tinha receio de cavar a rua utilizando picaretas. Mas Juvêncio Peri Lima foi cavando na frente e a comunidade atrás.
Quando decidiram mudar o nome de Itacaré do Almada, escolheram Guaraci,(na mitologia tupi-guarani é a representação ou deidade do Sol). Quando mudaram para Coaraci,(pois o nome Guaraci já era conhecido em outro município baiano),para acostumar o povo a chamar pelo nome corretamente, Juvêncio teve a seguinte ideia:
Durante a Guerra de 1945, para comprar gás em Guaraci, havia muita dificuldade, comprava-se uma garrafa de gás por família, pois vinha através da Prefeitura Municipal. Juvêncio então pensou:
-Vão ter que comprar o gás e receber o cupom na prefeitura, quando vierem eu vou perguntar como é que se deve chamar a cidade, Guaraci ou Coaraci? Quem responder Coaraci, vai ter um cupom de graça, caso contrário terão que pagar!
Quando respondiam erradamente ele corrigia, bem alto, o nome é COARACI!,COARACI!!,COARACI!!!, e pedia pra pessoa repetir o nome certo, depois entregava o cupom. Tudo estava indo bem, até quando chegou um fazendeiro do Bandeira, conhecido por Tomé Grande, um homem que tinha história, era engraçado e gostava de viajar descalço pra não gastar a sola do sapato. Mais uma vez ele veio descalço, pois achava que poderia arrancar o solado do sapato numa pedra qualquer no caminho, para isso não acontecer tirou os sapatos e carregou o par nos ombros, só queria usá-los quando chegasse em Guaraci.
PROFESSORA MARIA PERPÉTUA LIMA
Entrevista
Texto de PauloSNSantana
A Professora Perpétua Lima nasceu e criou-se em Coaraci, filha da Professora Rita Lima, uma das primeiras professoras do Povoado. Perpétua estudou, fez uma série de cursos e começou a ensinar no dia 06 de Agosto de 1956.
A sua primeira escola ficava localizada na rua do Cemitério, e a sala de aulas recebia quarenta alunos, pois naquela época não era permitido um numero menor de alunos em sala de aulas. Os alunos da Professora Perpetua começavam com a cartilha, e permaneciam até o segundo ano. A partir do terceiro ano seguiam para as escolas do Estado. Alguns alunos que passaram pela Professora Perpetua formaram-se em Medicina, ou seguiram a carreira na Policia Militar, ou do Direito. Juízes Direito e Advogados. Algumas das suas alunas, hoje são Diretoras ou Coordenadoras Pedagógicas na Cidade de Ilhéus, e em Coaraci, outras são professoras das redes Municipal, Estadual ou Particular. A Professora Perpétua era uma profissional linha dura, muito dedicada, que ensinava aos seus alunos desde etiqueta até a matemática. Gostava de sabatinar seus alunos uma vez por semana, e sempre que era necessário usava uma régua para castigar os mais desligados. Lecionou trinta e quatro anos em Coaraci, iniciando a sua carreira no Governo de Aristides de Oliveira e aposentando-se no dia 11 de Março de 1991 no governo do então Prefeito Aldemir Cunha.
A Professora Perpetua orgulha-se de ter sido uma profissional linha dura, que colocou a maioria dos seus alunos e alunas nas trilhas certas, e sensibiliza-se quando os seus alunos a procuram para cumprimentar, abraçar e agradecer por ter feito tanto por eles. Pra ela a Educação daquele tempo não se compara com a dos tempos atuais, pois havia disciplina, respeito aos professores, os pais eram mais envolvidos, a procuravam e entregavam seus filhos convictos que ela iria dar duro e ser rigorosa.
Que alguns matriculavam filhos difíceis pra ela aplicar a disciplina, que eram forçados a mudar de comportamento, passavam a ser educados, responsáveis e aprendiam como fazer higiene, preservar o vestuário, sentar-se à mesa, pegar nos talheres, escutar os pais, que aprendiam a não reclamar da comida, e a portar-se com respeito e dignidade em relação aos mais velhos.
Lembra-se de um acontecimento interessante que a marcou:
Um de seus alunos conhecido por Paulo, que hoje é um oficial da Policia Militar da Bahia, passou a levar seu cachorrinho, conhecido como “Horizonte” para escola, coincidentemente nos dias da sabatina e que ela ficou intrigada com aquilo.
O animalzinho parecia treinado, porque quando ela perguntava a Paulo quanto era três mais cinco, e ele respondia errado, e ela levantava a régua para aplicar um bolo, o cachorro avançava e pegava a régua da sua mão, fugindo para debaixo da mesa, causando um rebuliço danado, um corre aqui, pega o cachorro ali, interrompendo a sabatina.
Oito dias depois, nova sabatina, e lá vem ele com o cachorro novamente! Aquilo não tava certo, foi até a casa de Paulo, conversou com a Dona Nair sua mãe e contou a historia surpreendendo-a, e que mesma perplexa, assegurou que o cãozinho não o acompanharia mais.
Paulo voltou a levar bolos durante as sabatinas, até aprender que três e cinco era igual a oito!
Maria Perpétua Lima foi professora de Mytermaia Galvão,(cientista), Josenaldo Barros,(Comerciante), Walter,(Médico),e de Bernardo, filho de dona Amanda, (Juiz de Direito).
Ela conta que Mytermaia é um ex-aluno muito atencioso que faz questão de cumprimentá-la toda vez que a encontra. Disse que estava em uma reunião no Clube Social de Coaraci, quando ele disse ter aprendido boas maneiras com ela.
Que ele disse que nos dias atuais as escolas passam as mãos pela cabeça dos alunos, que não respeitam as regras, muito menos os seus professores.
A Professora Maria Perpétua Lima finalizou dizendo que ainda possui todos os certificados dos cursos que participou ao longo da sua vida profissional, e que faz questão de mostrar as suas antigas colegas do magistério, para acrescentar que foi exigente estudiosa e competente.