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O RIO ALMADA NÃO É QUINTAL, MAS A SALA DE COARACI.

 

É possível reconhecer em toda a história das atividades humanas que os rios têm uma importância grandiosa no desenvolvimento de regiões e de cidades. Na Mesopotâmia os rios serviam para transportes e para adubação, no Renascimento Leonardo da Vinci até já tentou utilizar rios como armas de guerra para inundar cidades-estados em guerra com Florença. No Brasil colonial foi criada uma rede de cidades históricas do litoral que se formou em torno de rios navegáveis e que facilitavam as importações e importações de especiarias. Hoje essas cidades desenvolveram o turismo e os rios passaram a ter outra importância, outro simbolismo, que tem valor imaterial, com repercussões econômicas. E as águas representam um dos principais elementos de atratividade para a economia de Ilhéus e de Itacaré, para ficar nas duas cidades exemplos da nossa região. E o rio Almada, no seu trecho que corta Coaraci, também tem uma grande importância para o desenvolvimento da nossa cidade, embora ele já tenha dado fortes sinais de degradação antes mesmo do ápice da crise do cacau, comandada pelos “coronéis” e depois pelos “fazendeiros”.

Mais recentemente, toda a região cacaueira parece acordar para a identificação de outros processos produtivos, associadas a outras preocupações com a capacitação das pessoas e a qualificação urbana para responder as novas exigências do processo de desenvolvimento. Embora isso ainda venha acontecendo como o despertar de quem consumiu meia dúzia de garrafas de Índia.

Precisamos reconhecer que já aconteceram várias tentativas de recuperação da Bacia do Almada e os resultados foram pífios. Mas podemos pensar em um projeto mais realista, de menor porte, voltado para a recuperação do trecho do rio Almada que tem repercussão em Coaraci. Isso poderá vir a ser uma referência para a região, tanto no que diz respeito a recuperação ambiental, com um tratamento de uma área urbana que pode ter uma repercussão importante para o município e para toda a região.

Coaraci poderá liderar a construção de um Consórcio Municipal com o intuito de envolver todos os municípios que estão situados entre Coaraci e a nascente do rio Almada, com vistas a conseguir recursos para investimentos em recuperação e tratamento da cobertura vegetal, saneamento da sede dos municípios e campanhas de conscientização ambiental da população dessa parte da bacia. Esse assunto ganha importância estratégica como medidas mitigadoras dos projetos da Ferrovia Oeste-Leste e o Porto Sul, em Ilhéus. Isso pode ser um viés político interessante para ser encarado pelas lideranças regionais. As ações mitigadoras não podem se restringir aos interesses da praia, mas dever abranger toda a Bacia do Rio Almada.

Concomitantemente a isso, Coaraci precisa montar um projeto de urbanização e de saneamento da sua orla, entre Pedro Procópio e a antiga Barragem, de maneira a fazer com que a cidade se volte para o rio. Por incrível que pareça, até os bares montados na orla próximo ao Pau de Peri estão de costas para o rio. O rio Almada, em seu trecho que corta a cidade de Coaraci, pode ser um marco simbólico para a comunidade, um espaço de convivência que integre as pessoas e que possam qualificar o espaço urbano e ajudar a atrair negócios. Um projeto que represente um cuidado com a saúde pública, seja para evitar a proliferação de doenças ou para o bem estar das pessoas. É possível pensar em voltar a represar o rio, no mesmo local onde havia a casa de força e criar inúmeras atividades até Pedro Procópio, conforme croqui ao lado. Mas é necessário que isso seja feito com um estudo de impacto ambiental, realizado de forma transparente e com a participação da sociedade.

O projeto pode ser desenvolvido sem necessidade de desapropriações, embora necessite de controle do uso e da ocupação do solo, porque existem vários espaços da orla, nos dois lados, ainda vazios e que podem ser urbanizados com equipamentos de lazer e recreação, caminhos panorâmicos, pistas para corridas, etc. Tudo trabalhado com vegetação adequada para criar uma ambiência atrativa para que o povo da terra possa recuperar parte da autoestima após tantas crises.Com as águas do rio controladas, é possível criar dois grandes parques urbanos: o primeiro no entorno do lago a ser criado na antiga Barragem, agregado à transformação do edifício da casa de força em Centro cultural; e o segundo, de maior porte, no entorno do lago criado em Pedro Procópio, ambos com equipamentos para a prática de esportes e contemplação. Além disso, ao longo da orla, nos dois lados do rio, é possível desenvolver tratamentos urbanos com redução de pistas, integrados a paisagismo que ofereçam a ideia de uma grande boulevard, onde o espelho d´água do rio Almada possa ser utilizado para passeios de pequenas embarcações de lazer e de recreação. Quem sabe os coaracienses possam dizer que o rio Almada é a avenida mais bonita da cidade, tal como pensava François Mitterand, quando se referia ao rio Sena em Paris.

Por. Edgard Porto

Arquiteto - Doutor em Desenvolvimento Regional e Planejamento Territorial e Diretor de Estudos da SEI Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia

E-mail: edgard@sei.ba.gov.br

 

O RIO ALMADA

 

PARA ENTENDER O RIO ALMADA E UMA PROPOSTA

DE ESTRATÉGIA DE CONSERVAÇÃO

 

Quando se pensa em mostrar as comunidades ribeirinhas que vivem direta ou indiretamente desse importante corpo hídrico da região do Território de Identidade Litoral Sul, deve-se compreender dentre a sua história, tradição e vocação agrícola e de preservação da Mata Atlântica que o mesmo exerce, sendo um componente estratégico da Bacia Hidrográfica do Leste. Então entendendo o contexto histórico, segundo documentos fornecidos pela Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC através do Professor Doutor Marcelo Mielke, oriundos da Mapoteca do Itamaraty no Rio de janeiro, no qual descrito em um mapa (Carta Geográfica) datado de 1631, o Rio Almada é apresentado como um dos componentes de grande influência junto com a Lagoa Encantada, o Rio Santana e o Rio das Contas como pontos de localização para a navegação exercida pelos portugueses e demais povos daquele tempo. Pelo olhar da tradição que o Almada exerce sobre seus povos e seus usos múltiplos, temos as grandes histórias descritas nos inúmeros fatos narrados por seus grandes escritores, quer sejam conhecidos ou anônimos, mas que inegavelmente contribuíram para a formação de um povo que vive em crise de identidade sendo forçado a sair da sua região de origem por falta de um desenvolvimento sustentável que atenda as demandas locais. Observando e respeitando a aptidão agrícola das suas terras que formam o leito dessa bacia, onde a lavoura cacaueira tem um predomínio em grande escala e foi responsável por inúmeros crimes ambientais contra o patrimônio genético da Biodiversidade local, o sistema de implantação das roças de cacau no raleamento da Mata Atlântica, denominado Cacau-Cabruca. Devido a esse contexto, essa lavoura conseguiu destacar famílias e agregar riquezas, onde o Almada teve fundamental contribuição para a preservação da floresta Atlântica tanto na parte das galerias (matas ciliares) como nas áreas de altitudes (Serra da Palha, dos Cabritos, da Mangueira, do Corcovado, do Chuchu, dos Macacos e etc), pois a lavoura se desenvolvia melhor com um sombreamento oriundo das essências florestais nativas da Mata Atlântica. Então citando todos esses valores econômico-ambientais desse recurso natural, que hoje, visto da Ponte da Avenida Rotary em Coaraci, agoniza por falta de uma política pública municipal direcionada para o rio que já está previsto no orçamento do governo do estado através do Plano de Manejo para a Região de Planejamento das Águas (RPGA) do Leste em poder do Instituto de Gestão das Águas e do Clima da Bahia (INGA). Como estratégia de conservação, foi realizado um Termo de Referência (TR) para a construção do Plano de Manejo que será contratado em 2011 pelo governo do estado para solucionar diversos problemas, tais como: Abastecimento humano; tratamento dos esgotos em 100% da área do rio que corta a zona urbana; Manutenção da carga hídrica e preservação através de um programa de proteção das áreas de mananciais e etc. Para que estes planos citados tenha o poder de transformar uma realidade de desrespeito a nossa fonte da vida que é o RIO ALMADA, faz-se necessário que um programa de EDUCAÇÃO AMBIENTAL MUNICIPAL, seja encampado pela sociedade civil organizada (Cooperativas, Associações, ONG’s, OSCIP’s e etc.) juntamente com o poder público (Prefeitura e Secretaria de Meio Ambiente de Coaraci) para a efetiva mudança nesse paradigma de maus tratos ao nosso bem maior canalizador de recursos NÃO-REEMBOLSÁVEIS (o velho a fundo perdido). Dentro desse município existe um membro do Comitê das Bacias Hidrográficas do Leste - CBHL que é a ONG Ambiental – Instituto Viver da Mata, que vem realizando ações pontuais na preservação do Rio e participou junto à elaboração do Termo de Referência para o Plano de Manejo da RPGA do Leste, que do qual conclama toda a população desse município através desse veículo importante de informação a unirmos nessa luta que é de todos nós.

Por Ércio Araújo – Coordenador Geral

ONG Ambiental – Instituto Viver da Mata

Membro do CBH Leste, da APA da Lagoa Encantada e Rio Almada, do Parque Estadual Serra do Conduru - PESC.

 

DRENAGEM PLUVIAL NO CENTRO DE COARACI

 

O sistema de drenagem do município de Coaraci, desde o início de sua projeção, tem mostrado grandes problemas pluviais, em alguns locais da cidade, que trazem consigo problemas que afligem toda a comunidade, sendo que qualquer dificuldade que traga desconforto para comunidade é um problema relacionado aos poderes públicos e jurídicos.

Por definição, Saneamento Básico é um serviço público que envolve os aparelhos de abastecimento d'água, de esgotos sanitários, de drenagem  de águas pluviais e de coleta de lixo. Estes são os benefícios essenciais que, se regularmente bem executados, enlevarão o nível de saúde da população beneficiada, determinando maior esperança de vida e, portanto, maior produção.

O sistema de drenagem de nosso município foi projetado de forma inadequada, devido ao mau planejamento urbano, porque décadas atrás o município não contava com um sistema de engenharia com suporte técnico e com equipe de profissionais especializada em drenagem pluvial.

Sendo assim, os aparelhos de drenagem urbana são fundamentalmente sistemas preventivos de enchentes, sobretudo nas áreas mais baixas das comunidades, sujeitas, a alagamentos ou marginais de cursos naturais de água. É evidente que no campo da drenagem os problemas agravam-se, devido à urbanização desordenada.

Em Coaraci, institucionalmente, a infraestrutura de micro drenagem é responsabilidade da administração municipal, que deve  ter a missão de definir ações neste campo, ampliando-se esta autoridade em direção ao governo estadual, na medida da necessidade de melhorias no sistema de drenagem pluvial.

Um dos grandes problemas de Coaraci é  a micro drenagem, pois algumas ruas da cidade não tem escoamento adequado para as águas das chuvas, pelos meios fios, poços de visita, sarjetas, bocas de lobo, galerias de águas pluviais e canais de pequenas dimensões. Um transtorno para comunidade localizada nas imediações da Rua JJ SEABRA, rua tradicional do município, já famosa pelos homéricos alagamentos, no período de ocorrência de muitas chuvas. Essas ocorrências  trazem consigo destruição,  perdas e danos para os moradores e comerciantes que, há muitos anos, vêm buscando melhorias junto ao poder público. Todavia, percebe-se que os benefícios não vêm sendo realizados, interferindo na qualidade de vida do local.

Outro aspecto negativo  é a falta de educação ambiental, que contribui para agravar os problemas relacionados à drenagem pluvial de nossa cidade. As pessoas não se dão conta que jogar lixo nas ruas ou encostas, ou em outros locais inadequados, faz com que, em dias de chuvas, todo este material seja arrastado para as bocas de lobos, galerias pluviais e pelo  meio fio.

 Fonte. PEAMSS COARACI

 

IRMÃOS EM ÁGUA

 

Este documento é uma reflexão sobre o desenvolvimento humano aliado a conservação ambiental. Nós somos  aproximadamente 350.000 usuários de uma bacia hidrográfica. Essas águas são com um espelho que reflete nossa história e identidade.

ABARA – AASOCIAÇÃO BRASILEIRA DE APOIO AOS RECURSOS AMBIENTAIS

  Conselho Gestor da APA Lagoa Encantada e Rio Almada

A água é um elemento precioso essencial estratégico o mais crítico e importante para a vida. Apesar de três quartos do planeta serem cobertos por  água, 3% é água doce e menos de 0,01% são águas  disponíveis para o consumo em rios e lagos. A demanda pela água doce é crescente, por isso salvar os rios é uma questão urgente de nossa sociedade.

Litoral Brasileiro,

Província Atlântica do Sul da Bahia.

“Aqui ao norte de Ilhéus, nós temos o Rio Almada, que desemboca dentro da Cidade e dá acesso à 'Lagoa Encantada.' ”. José Delmo. Até chegar à Lagoa Encantada segue-se uma trilha náutica no Rio Almada, que atraiu os estrangeiros desde o “Descobrimento”. Em 1570 o historiador lusitano Pero de Magalhães fez esse percurso e escreveu suas impressões em um dos nossos primeiros livros: “Tratados do Brasil”. Em 1587 o empresário Português Gabriel Soares de Souza também esteve aqui e escreveu sobre esse percurso em um livro clássico da nossa historia: “O Tratado Definitivo do Brasil”. Mais de quatro séculos depois, ainda sentimos o cheiro da “Mata”, temos muito que conservar por aqui. “Em 1993 foi o primeiro decreto da criação da APA da Lagoa Encantada. Esse decreto de criação foi feito pra proteger a área da Lagoa Encantada, o entorno de Mata Atlântica da Lagoa. Em 2003 essa área foi ampliada pra toda bacia do Rio Almada.” Marco Aurélio, primeiro administrador da APA.

“Uma das relíquias que ainda existe no Brasil. É a maior Lagoa natural da Bahia. Ela é fantástica. E por isso mesmo eu também fui contaminado e me encantei e amo a Lagoa. É uma das coisa que todos deveriam conhecer. Conservemos ela, como está”. Paulo Lago, Associação Produtores da Lagoa Encantada.

A APA da Lagoa Encantada do Rio Almada, abrange uma área de 157.745 hectares. Uma região de extrema importância para o desenvolvimento de comunidades tradicionais de homens do campo, produtores de alimentos, ribeirinhos. “Em 2002 foi instituído o Conselho Gestor da APA. Que é uma das formas de gestão de unidade de conservação mais democrática e mais participativa”. Marco Aurélio. O Conselho Gestor é um espaço permanente de corresponsabilidade entre o governo e a sociedade, para boas práticas de conservação e uso sustentável de recursos naturais.

Serras e morros, cobertos pela Mata Atlântica formam o berçário principal dessas águas. Em um percurso de 94 quilômetros o Almada é alimentado por uma rede de nascentes, pequenos riachos tributados no seu curso principal que integra de forma extraordinária um conjunto de ecossistemas que tem a água doce como elemento central. A Mata Atlântica como produtora de água, alimenta brejos e lagoas, florestas alagadas de águas escuras em transição para restingas, e os manguezais na enseada possuem rara beleza e elevada fragilidade, uma rica biodiversidade, conservando e sendo conservada pela água doce.

Almadina, Coaraci, Itajuípe, Barro Preto, Uruçuca, Itabuna e Ilhéus, os municípios que integram a área de proteção ambiental, da Lagoa Encantada do Rio Almada, exibem uma paisagem florestal rara, a maior parte desse verde são roças de cacau, cultura que domina as terras da APA conservando milhões de árvores em um  ecossistema  protetor da biodiversidade e das fontes de água doce.

O cacau é um produto da floresta vindo da Amazônia, que plantado a sombra das árvores da mata atlântica prosperou em uma grande lavoura e forneceu a matéria prima do chocolate para o mundo inteiro. A civilização do cacau era ecologicamente correta, mais socialmente injusta, as belas paisagens, revelam suas feridas sociais e injustiças históricas. Sem educação sem emprego, sem terra e sem teto, muitas famílias que moravam na época em um acampamento em Coaraci, tentaram recomeçar. ...”é preciso que se defina uma politica habitacional, é preciso que se defina uma politica de saúde, uma politica de educação, uma politica de lazer, ...um dos instrumentos mais importante é a questão da educação, daqueles que formam a riqueza (os trabalhadores), esses também precisam ser bem educados, como são educados os filhos dos proprietários.” Soares Neto.

“Você tem que traçar metas e olhar só pra frente. Se você olhar pro lado você desiste.” Isabel Conceição. Grupo de Capoeira e Professora de Educação Física.

“A forma ideal de ver a cultura é a integral, saber que produtor de cultura é o indivíduo humano, primeiramente. O que nos podemos fazer hoje pra remediar o que não vem sendo feito a muitos e muitos anos, ao longo da história dessa região é incentivar o teatro, incentivar a leitura, incentivar a música, incentivar a fotografia. A droga é uma coisa muito fácil de ser atirada no meio da juventude, mas no momento que você possibilita que o jovem trabalhe com um leque aberto de opções de esportes, de cultura, de lazer, de entretenimento, vendo cinema, teatro, são coisas de altíssima importância na sua formação. Ler e escrever são coisas fantásticas, que nem todo mundo tem nas mãos. Silmara Santos Oliveira, Coordenadora de Atividade Cultural da ABARÁ”.

Em 1818 uma expedição cientifica trouxe dois dos maiores cientistas de história:

O médico e Botânico Carl Fredrch Philipp Von Matins acompanhado pelo Zoólogo Johann Baptiste Von Spix eles realizaram coletas para um dos maiores acervos zoobotânicos do mundo, base da coleção do Museu da História Natural de Munique.

Mata Atlântica, Terra do Sol e da chuva, de rigoroso clima quente e úmido, terra das arvores, das arvores gigantes, refugio da vida milenar, quatrocentas e dezesseis espécies de árvores em um único hectare, é um exemplo para o mundo.

Fazendo o percurso inverso dos colonizadores, seguindo as águas do Almada desde a nascente na serra de Almadina, uma área sob os cuidados de uma pequena comunidade fazemos um alerta:

 - O desinteresse pela floresta e pela agricultura, transformou florestas em pastagens. Em Almadina tem aproximadamente oitenta e sete nascentes, tem saídas estratégicas, então fica difícil fiscalizar o desmatamento que esta sendo acelerado. O rio Almada não é um rio de grande porte e ele é alimentado por diversos, inúmeros afluentes, o cacau permitiu que estes riachos...

sobrevivessem, e se mantivessem até hoje, mas com os desmatamentos as nascentes estão morrendo. É preciso viabilizar dois eixos de proteção ambiental: A engenharia florestal que vai garantir a preservação e a conservação das nascentes e minadouros, que vão abastecer o Rio Almada no seu início, uma área de recarga do rio Almada e a outra  engenharia que se busca é a civil, que vai construir reservatórios para a armazenagem da água, em cada um dos municípios. Se assim não fizerem os munícipes de Almadina à Ilhéus estarão sujeitos à faltar água.

O desmatamento é o maior vilão da bacia do Almada, as fontes de água secam, os solos se degradam e com o regime hídrico cada vez mais instável, o rio alterna súbitas enchentes nas chuvas e escassez de água na seca. Reflorestar o Almada não é só uma questão de meio ambiente, mas é essencial para a vida humana, é do Almada que vem a água para Almadina, Coaraci, Itajuípe, Itabuna, Barro Preto e Ilhéus. É preciso conversar com os ambientalistas, é preciso conversar com o setor produtivo e conversar com todos os atores da sociedade, para ajudar a reflorestar, porque vivemos em um tempo em que o meio ambiente não pode ser mais considerado com um simples local de extração, para as nossas atividades humanas.

Sem volume de água o rio e a população adoecem juntos. A situação agrava-se com a falta de saneamento básico. A exclusão, pobreza, e degradação ambiental dão as mãos, e estampam os péssimos índices de desenvolvimento humano das comunidades da bacia do Almada. A água é de interesse da comunidade. Foi criado o Conselho da APA do Rio Almada, que se tornou forte, atuante e através dele as coisas acontecem de forma coerente e concisa. Mas é preciso que se faça muito mais, e ainda é preciso colocar em pratica o Plano de Manejo, não só na sua implantação, mas na sua execução. E com isso vai se construindo um mundo diferente.

Em 1820 foi a vez do naturalista e etnólogo, o Príncipe Alemão Maximilian zu Weid – Neuwied, navegar por essas águas e registrar suas impressões no livro Viagens ao Brasil.

Depois de receber as águas da Lagoa Encantada, o rio Almada segue para o seu destino final, passando pela Vila de São Miguel e alcançando a boca da Barra, onde mais uma vez sofre impactos causado pelo Porto Internacional do Malhado.

Nos dias de hoje com a presença da APA, é preciso que haja uma discussão sobre qualquer projeto que seja voltado para a bacia do Almada. A água é um elemento precioso, essencial, estratégico.

Os problemas da escassez de água nos afetam diretamente, afetam a vida, também afetam a sustentabilidade de todas as atividades do desenvolvimento.

Adonias Filho um dos maiores escritores brasileiros, escreveu:

- Uma ocasião com o Embaixador da Alemanha, ele me ofereceu algumas viagens à Alemanha Ocidental eu lhe disse que preferia um rio do qual ele nunca teria ouvido falar, que eu não trocaria meu rio Almada por nenhum outro rio do mundo. Só para um velho muito vivido como eu, existe a certeza que não existe paisagem igual a nossa, e que não há mesmo cenário igual ao nosso, por isso mesmo a distribuição psicológica do povo, não pode haver personagens de romances como os nossos.

 

Fonte: ABARÁ – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE APOIO AOS RECURSOS AMBIENTAIS – Conselho Gestor da APA, Lagoa Encantada e Rio – ECO-ESTUDIO.

 

Afluentes do Rio Almada

 

-Dos afluentes do Rio Almada, só alguns possuem nomes registrados nos mapas. O primeiro deles, pelo lado esquerdo, com seis quilômetros de extensão, é o Ribeirão do Seco, logo depois de Almadina, em cuja nascente encontra-se um dos marcos que definem o limite norte desse município. Dezoito quilômetros abaixo está o pequeno e histórico Ribeirão Duas Barras, que desemboca próximo a Coaraci, e com cerca de quatro quilômetros. Bem próximo desse afluente surge o Ribeirão da Carniça que nasce na Serra do Cafundó, com apenas três quilômetros. O pequeno Ribeirão dos Virotes com seus quatro e meio quilômetros, nasce na serra da Palmeirinha e reforça o Ribeirão da Lagoa, a nordeste de Coaraci, e desemboca no Rio Almada 18 quilômetros depois, e mil e quinhentos metros abaixo da sede do município. Na União Queimada, o rio Almada recebe as águas do Ribeirão Braço do Norte, reforçado pelo Folha Podre, que juntos percorrem cerca de vinte quilômetros, nascendo próximo ao Distrito de Inema. Logo depois o Almada recebe o Ribeirão de Juçara, com cerca de doze quilômetros de extensão. Quatro quilômetros abaixo de Itajuípe deságua o Ribeirão Vai-Quem-Quer, com apenas oito quilômetros de comprimento.

Nas imediações de Banco do Pedro, deságua o Rio Mocambo, de quatorze quilômetros, reforçado pelas águas dos Rios Água Preta e Paraiso.

Sete quilômetros abaixo do Distrito Castelo Novo é a vez de receber o rio Comprido, próximo à Lagoa Encanada, alimentada pelos Rios Inhaúpe e Pipite.

Pelo seu lado direito, logo depois de Almadina, o Rio Almada recebe o Ribeirão Pancadinha, e dez mil metros abaixo, o Ribeirão do Brejo com nove quilômetros, em cuja nascente encontra-se outro marco do município, é o Ribeirão Usura, este, logo depois do Distrito de São Roque. O importante Ribeirão dos Macacos, depois de percorrer cerca de dez quilômetros, despeja suas águas logo depois de Coaraci. Esse Ribeirão nasce nos contrafortes da Serra Pedra Lascada, nome registrado nos mapas mais recentes como Serra dos Mutuns. Um pouco antes do Distrito Bandeira do Almada, um pontilhão sobre o asfalto indica a passagem do pequeno afluente de mesmo nome, e que serve de fronteira entre os municípios de Coaraci e Itajuípe. Quatro e meio quilômetros abaixo de União Queimada, o Rio Almada recebe as águas do Ribeirão Pedra Redonda, que nasce na Serra dos Mutuns. A meio caminho entre Banco de Pedro e Castelo Novo, o Rio Almada recebe o Rio do Braço formado pelo Rio Areia, Rio Jindiba, Ribeirão Cinco Porcos, Rio Limoeiro e Ribeirão dos Mutuns. Pouco antes de Sambaituba, já próximo a Ilhéus, o Rio Almada recebe os Rios Timbaíba e Tiriri reforçado pelo Rio Sete Voltas. Já quase dentro do limite urbano dessa cidade, os rios Iguape e São José, formam o Rio Fundão, onde através de um pequeno canal, faz suas águas se comunicarem com as águas dos Rios Cachoeira e Santana, transformando Ilhéus, numa ilha.

Na região coaraciense conhecida como Brejo Mole, no centro do município, temos ainda as nascentes do Ribeirão do Terto, que despeja suas águas no Rio Pontal do Sul, que tem suas nascentes na Serra do mesmo nome, abastece o Rio Gongogi, importante afluente do Rio de Contas. Na parte mais ocidental dessa Serra, estão as nascentes do Rio do Ouro, outro importante afluente do Rio Gongogi. Em épocas passadas, o Rio do Ouro serviu de fronteira natural entre os municípios de Poções e Ilhéus. O Ribeirão dos Três Braços nasce próximo a Coaraci, mas, toma o sentido norte, em direção as águas do Rio de Contas, depois de passar a leste da cidade de Itapitanga.

 

“O PROBLEMA COM A ÁGUA POTÁVEL É ANTIGO”

Fonte Livro Coaraci Ultimo Sopro - Texto adaptado por PauloSNSantana

 

A Vila de Itacaré cresceu até o dia que passou a chamar-se Vila Guaraci, e já estava exigindo um abastecimento de água alternativo, já que a do rio, estava cada vez mais rala e prejudicada pelo elevado número de lavadeiras que dele se utilizavam para lavar roupas. Foi quando os irmãos Aristóteles e Benedito Barbosa, nascidos próximo ao Garganta, passaram a se dedicar à construção de cisternas. Ao longo dos muitos anos de trabalho, nunca tiveram a menor ideia de quantas construíram. Era um oficio extremamente perigoso, pesado, incomodo que exigia altas doses de coragem, e era executado em locais inóspitos onde a quantidade de oxigênio era insuficiente, justamente quando o esforço exigia em maior quantidade.

O trabalho tornava-se bem maior ao encontrar rocha dura, o granito, exigia a utilização de  pesados marrões de até oito quilos de peso. Era preciso subir e descer este marrão com uma força de três a quatro vezes superior ao seu peso, vinte vezes por minuto, durante quatro a cinco horas consecutivas, para conseguir um furo de oitenta a cem centímetros para encaixar a banana de dinamite. Algumas vezes aconteceram acidentes. Em uma delas, Aristóteles não conseguiu sair da cisterna a tempo e a explosão da dinamite o atingiu, repercutindo na sua audição e produzindo ferimentos leves.

Graças ao trabalho destes bravos e incansáveis irmãos, Coaraci sempre esteve livre de epidemias ao longo de sua história.

 

RIO ALMADA

 

Ele nasce em Almadina,
Menina.
Dizem que vem das almas,
Que nada!
Surgiu quando o homem
Sentia da floresta o rebentar
Da alvorada.
Quando penso nesse rio,
Rio…
Sorrio e falo
Agora é desafio
Sua água tá que nem fio,
Tá da cor de nada.
Ai que vontade de salvar o
rio Almada!

Que banhava a meninada
Em domingos de sol,
Em dias de cheia,
que nem a lua
Tomando a rua
Dias  que em memória
Vagueia.
Quantos corpos tu
Levaste…
Não por maldade,
Eles é que não
Sabiam a maneira
De como te navegar…
De pedra em pedra

Pulavam,
Tuas águas por pedras
Rolavam,
Debaixo das pontes
Qual espumas flutuantes
Em poesias
Já citadas.
Oh! rio Almada,
Falo agora
Da saudade
Que por ora nos
Invade o coração
E a alma. …

A professora e poetisa Claudia Pereira Santos Castro foi à ganhadora do Terceiro Concurso dos Bancários, promovido pelo Departamento de Cultura dos Sindicatos dos Bancários do Estado da Bahia, em Salvador. A poesia vencedora abordou a temática “Rio Almada” e foi selecionada dentre mais de 80 participantes. Claudia Pereira também foi laureada, com o mesmo trabalho, num Concurso de Poesias realizado no município de Coaraci.

histórias de Coaraci

População estimada 2014 (1)20.183

População 201020.964

Área da unidade territorial (km²)274,500

Densidade demográfica (hab/km²)74,17

Código do Município2908002

Gentílicocoaraciense

Prefeito

JOSEFINA MARIA CASTRO DOS SANTOS

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